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Maratonista olímpica morre queimada por namorado

Dickson Ndiema Marangach jogou gasolina no corpo de Rebecca Cheptegei e ateou fogo na frente das filhas dela de 9 e 11 anos, segundo o jornal The Standard
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A maratonista Rebecca Cheptegei morreu, aos 33 anos, em Eldoret, no Quênia, nesta quinta-feira (5/9), depois de ter 75% do corpo queimado, no último domingo (1/9). A investigação da polícia aponta que o namorado da atleta, Dickson Ndiema Marangach, foi o responsável pela agressão.

“Estamos profundamente tristes em anunciar o falecimento de nossa atleta, Rebecca Cheptegei, no início desta manhã, que tragicamente foi vítima de violência doméstica. Como federação, condenamos tais atos e pedimos justiça. Que sua alma descanse em paz”, informou a Federação Ugandense de Atletismo.

O delegado Jeremiah Ole Kosiom explicou ao jornal The Star como ocorreu o ato de violência contra a atleta que participou dos Jogos Olímpicos de Paris.

“O casal foi ouvido discutindo do lado de fora de sua casa. Durante a briga, o namorado foi visto derramando um líquido na mulher antes de queimá-la. O suspeito também foi pego pelo fogo e sofreu queimaduras graves”, disse Kosiom.

80% do corpo queimado

Kimani Mbugua, médico que dirige a UTI do Moi Teaching and Referral Hospital (MTRH) na cidade de Eldoret, comentou o caso de Rebecca Cheptegei. 

“Os ferimentos cobriam a maior parte de seu corpo. Isso levou à falência de múltiplos órgãos. Fizemos o nosso melhor, mas não tivemos sucesso”, disse.

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“Considerando a idade e as queimaduras em mais de 80% do corpo que ela sofreu, a esperança de recuperação era pequena”, acrescentou

Segundo um boletim policial consultado pela AFP, Dickson Ndiema Marangach invadiu no domingo (1) a propriedade de Rebecca Cheptegei, quando ela estava na igreja com as filhas. 

A atleta vivia com sua irmã e duas filhas em uma casa construída na localidade de Endebess, a 25 quilômetros da fronteira com Uganda, informou seu pai, Joseph Cheptegei. 

Quando retornaram da igreja, o suspeito jogou gasolina no corpo da atleta e ateou fogo na frente das filhas dela de 9 e 11 anos, segundo o jornal The Standard.

O boletim policial apresenta Rebecca Cheptegei e Dickson Ndiema Marangach como “um casal que constantemente tinha discussões familiares”.

Os dirigentes do atletismo e ativistas dos direitos das mulheres condenaram o assassinato.

O presidente do Comitê Olímpico de Uganda, Donald Rukare, denunciou em uma mensagem na rede X “um ato covarde e sem sentido que provocou a perda de uma grande atleta”. “Condenamos de modo veemente a violência contra as mulheres”, afirmou.

A confederação de atletismo do Quênia, a ‘Athletics Kenya’, afirmou que “a morte prematura e trágica é uma perda profunda” e exigiu “o fim da violência de gênero”.

Casos similares nos últimos anos

Njeri Migwi, cofundadora da associação Usikimye (“Não fique calado” em suaíli), um refúgio para vítimas de violência sexual e de gênero, pediu o “fim dos feminicídios”.

A atleta romena de origem queniana Joan Chelimo disse estar “profundamente abalada e indignada” com a morte de Rebecca. “Esta violência sem sentido deve parar”, afirmou no Instagram

Segundo o pai de Rebecca Cheptegei, o ataque contra a filha começou por uma disputa sobre um terreno que havia comprado.

“Foi o terreno que comprou que causou os problemas”, disse Joseph Cheptegei, antes de pedir ao governo que “cuide da sua propriedade e de seus filhos”.

Nos últimos anos, o atletismo no Quênia foi marcado por casos semelhantes.

Em abril de 2022, a atleta nascida no Quênia Damaris Mutua foi encontrada morta em Iten, um polo mundialmente conhecido no mundo do atletismo que fica no Vale do Rift. Suspeita-se que seu companheiro a tenha matado.

Em outubro de 2021, a atleta queniana Agnes Tirop, de 25 anos, medalhista de bronze nos 10.000 metros nos Mundiais de 2017 e 2019 e quarta colocada nos 5.000 metros nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020, morreu depois de ter sido esfaqueada em sua casa em Iten. 

Seu marido Emmanuel Ibrahim Rotich está sendo processado pelo assassinato, mas nega as acusações. 

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