Caio Bonfim viveu um dos grandes momentos da carreira em 20 de setembro de 2025. Eufórico, segurava a sonhada medalha no Mundial de Atletismo, em Tóquio, capital do Japão. A emoção pela conquista, contudo, não era completa. Afinal, na mesma mão esquerda que carregava o ouro, faltava uma outra joia: a aliança do relacionamento com a nutricionista Juliana Bonfim, com quem se casou em 2016. O susto passou, e o anel retornou aos dedos do campeão da marcha atlética no dia seguinte. Do Brasil, a esposa do atleta conta como lidou com toda a situação.
“Bom, vocês estão perguntando se eu perdoo ou não perdoo o Caio por ele ter perdido a aliança. Mas antes de dar o meu veredito, eu vou contar duas histórias sobre as nossas alianças para vocês”, iniciou Juliana, em vídeo enviado ao Olimpicast, videocast do No Ataque. “A primeira história é que essa aliança é mais pesada do que todo mundo imagina”, continuou.
A nutricionista, então, revelou que o anel foi feito a partir de alianças dos pais – e treinadores – de Caio, João Sena e Gianetti Bonfim. “Eles tinham como tradição de trocar as alianças a cada dez anos de casamento. Aí, eles deram três pares para a gente derreter e fazer as nossas. Então, essa aliança que ele perdeu carrega uma história de 30 anos do casamento dos pais dele e de quase dez do nosso”, revela.
O perdão de Juliana
Caio e Juliana se casaram em 2016, pouco após o atleta terminar os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro na quarta posição – a uma da medalha de bronze. Ao ler os votos na cerimônia, o marchador fez menção ao “quase” na capital fluminense, mas de uma forma positiva.
“A segunda história é que, durante o nosso casamento, ele fez um brinde muito bonito e fez um discurso. Nesse discurso, ele disse que o ouro naquele ano não tinha vindo, mas veio em formato de aliança”, contou, aos risos, a nutricionista. Ela, então, deu o veredito: perdoa o esposo por ter perdido o anel.
“E o engraçado é que este ano de 2025, o ouro da aliança ele perdeu, mas ele conquistou em formato de medalha. Então, meu amor, você está perdoado. Está mais do que perdoado. Eu estou muito feliz pela sua vitória, pela sua conquista. As suas vitórias são as nossas vitórias, a vitória da nossa família, e eu fico muito feliz por você. Então, você tá mais do que perdoado. Mas, ó, vigia para não perder de novo, hein? Hum.”
Juliana Bonfim, esposa de Caio Bonfim, ao No Ataque
Caio Bonfim reage ao vídeo da esposa
Em entrevista ao Olimpicast, novo podcast de entrevistas do No Ataque, Caio Bonfim assistiu ao vídeo gravado pela esposa. Aos risos – e com um semblante aliviado -, o campeão mundial detalhou como foi a saga para achar o anel perdido. O atleta marchava na prova dos 20km em Tóquio, no Japão, quando notou que a aliança havia deslizado dos dedos.
“Eu não sei o que aconteceu, se emagreci dos 35km (prova disputada dias antes) até os 20km. Foi depois de uma esponja, não sei se eu peguei uma esponja ali que estava como mais oleosa. Quando eu vi, escapou. Fiquei ali procurando a outra volta, eu passei, olhei, vi ela no chão, encontrei, mas eu não podia parar. Tentei avisar alguém da organização e aí depois eu passei por uma volta lá, ela não estava mais”, disse Caio, ao Olimpicast.
“Aí eu falei: ‘Cara, alguém pegou, deve ser a organização’. Porque o a população não tem acesso àquele lugar da prova. Só que na verdade não, eu acho que algum atleta passou, chutou e tal, uma pessoa achou, turista. Ele não mora em Tóquio, mas a gente não sabe se é japonês, se é estrangeiro. E aí ele pegou a aliança, achou a aliança… E foi engraçado, porque o povo japonês fez um mutirão quando ficaram sabendo, foi incrível”, contou.
Aliança reaparece a 500km de Tóquio
Depois de muita procura, enfim a aliança retornou às mãos de Caio. Uma pessoa encontrou o anel e levou consigo até Osaka, cidade que fica a 500km de Tóquio. Lá, devolveu o item às autoridades, que conseguiram localizar o atleta brasileiro.
“Teve gente que ficou procurando até à noite a aliança. Nas redes sociais, estava uma loucura lá no Japão. Tive que fazer matéria para os canais japoneses, então a galera estava muito afim de me ajudar. E nada de aparecer. Eu ia toda hora nos achados e perdidos. Tem tanto um no estádio, quanto um no hotel que a gente fica. E aí no hotel, eles falaram: ‘Caio, achamos, está em Osaka’. Osaka fica a 500 quilômetros de Tóquio. Como assim está em Osaka?”, surpreendeu-se Caio.
“Como é que eu vou explicar que minha aliança foi parar em Osaka, cara? E aí eles pegaram uma transportadora, levaram para Tóquio. Eu ia embora às oito horas da noite, aí às seis da tarde chegou, eles me entregaram. Depois, a galera foi atrás para entender o que que foi e descobriu que ele tinha um evento de tecnologia em Osaka, o trem bala saía meio-dia, a prova acabou ali 11 e pouco, 11h20, 11h30, então ele foi correndo para lá”, seguiu.
“Chegando em Osaka, ele entregou para a polícia, e a polícia que entrou em contato com a organização. Então, essa é a história da aliança, e mais a parte que a Ju explicou. Graças a Deus, estou com ela aqui (risos). Agora está colada! Brincadeira (risos). E aí foi essa história curiosa que vem com a medalha de ouro. É engraçado, porque na hora que cai eu falo mesmo assim: ‘Caramba, eu tenho que ganhar uma medalha aqui para Ju me perdoar’. Brincando, né? Quando chegou na transmissão ali no final, eu falei: ‘Só se eu ganhasse o ouro, né?’. E deu certo. Então, essa narrativa foi muito engraçada, porque terminou em final feliz tanto na prova, quanto ao achar a aliança”, completou.
Caio vai continuar competindo com aliança
Mesmo após o susto, Caio disse que vai continuar competindo com o anel. Ou melhor, os anéis. Além da aliança de casamento, no anelar esquerdo, o campeão do mundo usa um na mão direita para homenagear os filhos Miguel, Theo e Manoel.
“Vou, vou (continuar usando os anéis nas competições). Eu uso uma aliança na direita, que é com o nome dos meus filhos, tem as letras deles, e da esquerda, da minha esposa”, disse.
“A Olimpíada de Tóquio, uma curiosidade, eu não competi de aliança porque ela estava escorregando muito, porque a gente varia muito de peso. ‘Ah, por que você não aperta?’. Porque se eu apertar, ela não cabe mais em mim o ano inteiro. Perto dessas grandes competições, eu chegou com 4% de gordura”, relembrou.
“Então, eu vou botar um esparadrapo, alguma coisa assim, para essas grandes competições, mas eu quero usar. Tenho que ter lá comigo”, finalizou.