JOGOS OLÍMPICOS

Brasileiro se revolta após 10º lugar em Paris 2024: ‘Uma porcaria. Ninguém lembra do 4º em diante’

Miguel Hidalgo conquistou melhor resultado do Brasil na história do triatlo, mas lamentou: 'Não mudou nada na minha vida'
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Danilo Queiroz (Correio Braziliense) – A disputa do triatlo nos Jogos Olímpicos de Paris 2024 foi cercada de polêmicas. O centro dos problemas foram os problemas de poluição do Rio Sena, responsáveis por atrasar o cronograma da prova masculina em um dia. Nesta quarta-feira (31/7), com a situação controlada, os homens entraram em ação nas provas de natação, ciclismo e corrida, e o brasileiro Miguel Hidalgo conquistou o primeiro Top 10 do país na modalidade, com o tempo de 1h44m27s.

A maior parte da prova do triatleta nacional foi consistente. O início na bicicleta não o colocou entre os líderes. A natação no contestado Rio Sena trouxe evolução. Nela, Hidalgo brigou pelas primeiras posições. Na etapa de corrida, chegou a ficar a três segundos da medalha de bronze, mas o fôlego cessou nos quilômetros finais. Favorito após a prata em Tóquio 2012, o britânico Alex Yee ganhou o ouro.

‘Uma porcaria’

Mesmo protagonizando o melhor desempenho do Brasil no triatlo em Jogos Olímpicos, Miguel demonstrou descontentamento e lamentou, de forma dura, quando questionado sobre a sensação da posição. “É… uma porcaria. Fiz um resultado histórico do Brasil, eu nunca peguei um pódio mundial, mas eu fiz uma preparação para tentar ganhar a prova. Eu podia ter sido mais conservadora e, talvez, ficar em uma colocação um pouco melhor. Tentei o que eu pude para pegar a medalha e, infelizmente, não aconteceu”, desabafou.

Mesmo triste com a situação final da longa disputa em Paris 2024, o brasileiro destacou ter dado o melhor de si. A sensação também deu a ele uma certeza: um dia, terá totais condições de terminar com uma medalha na competição. “Estou orgulhoso porque eu fiz absolutamente tudo que eu pude na minha preparação e na prova. Tenho muito para amadurecer como atleta e, em Los Angeles 2028, quero fechar esse gap. Tenho certeza que eu vou ganhar ainda”, prospectou, seguindo com as observações sobre o 10º lugar.

‘Ninguém lembra do quarto em diante’

Miguel destacou a “cultura brasileira” de não se lembrar dos atletas que não alcançam pódios olímpicos. “Ninguém lembra do quarto em diante. Eu sei que (o décimo lugar] não mudou nada na minha vida, mudaria alguma coisa na minha vida se tivesse sido medalhista, a cultura do brasileiro é essa. O brasileiro gosta de ver o atleta ganhando e eu que lide com isso. E eu também penso desse jeito. Realmente estou bem insatisfeito com o resultado, orgulhoso da minha performance, mas insatisfeito. E dou razão para os brasileiros. Um país que teve nomes como Ayrton Senna, Guga, Pelé, está acostumado a ganhar e é isso. Não vou ser eu quem vai mudar essa história”, pontuou.

O brasileiro minimizou, ainda, a influência do adiamento da prova na performance final. Para Miguel, se a prova fosse disputada no dia inicialmente marcada, não teria influência em um hipotético lugar mais alto na chegada. “É óbvio que a motivação caiu um pouco quando foi cancelado, mas eu recuperei isso de novo e estava preparado nos dois dias. Sobre a qualidade da água, eu não senti nenhuma dificuldade. No evento teste, tinha até um cheiro meio estranho. Acho que realmente estava mais limpa”, analisou.

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