JOGOS OLÍMPICOS

Caio Bonfim se emociona após prata e aponta preconceito: ‘Não estamos brincando de rebolar’

Atleta fez história nesta quinta-feira (1º/8) ao se tornar primeiro brasileiro a subir ao pódio olímpico na marcha atlética
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Com lágrimas no rosto, Caio Bonfim festejava a histórica prata na marcha atlética nos Jogos de Paris 2024, nesta quinta-feira (1º/8), no Trocadéro. Ao mesmo tempo, o atleta de 33 anos apontava preconceito e cobrava mais investimentos na modalidade, que pela primeira vez faz um medalhista olímpico no Brasil.

Ao longo de toda a zona mista após a conquista, Caio Bonfim repetiu o sentimento de gratidão aos apoiadores – em especial, os pais, que lhe acompanham e lhe treinam há anos – e desabafou sobre o status da marcha atlética no país.

“Eu brinco que o Brasil tem dois esportes: o futebol e o outro é o que está ganhando. Então, se você quer aparecer, tem que estar no outro que está ganhando. Agora, somos medalhistas olímpicos. Tomara que essa medalha possa abrir portas e ter investimento”, pontuou o medalhista de prata, ao SporTV.

“Todo mundo um dia viu a marcha atlética e falou: ‘O que é isso, cara!? Que estranho’. Eu não, porque era a profissão da minha mãe. Cresci com aquilo. ‘É normal, por que as pessoas estão xingando e fazendo brincadeira!?’. Essa prova aí, nós não estamos brincando de rebolar. Nós somos uma potência. Nós somos medalhistas olímpicos!”, comemorou.

Preconceito contra o Brasil?

Depois, Caio deu detalhes do que passou pela própria cabeça durante a prova. O brasileiro estava no pelotão da frente, na luta por medalha, mas precisou lidar com o fato de estar “pendurado”. Ele tinha recebido duas punições e, se levasse a terceira, precisaria parar de marchar por dois minutos – o que lhe tiraria a chance do pódio.

Ao mesmo tempo, Caio viu seus principais adversários sem punição. Para ele, há preconceito dos árbitros contra o Brasil – ou, mais especificamente, atletas de países não europeus, visto que a prova historicamente é dominada por competidores do Velho Continente.

“Alívio! Porque é uma prova de muitos quilômetros, muito técnica. Duas faltas no quadro, vocês sabem, brasileiro… Os europeus, os outros, nada (de faltas)!”, apontou Caio, antes de dar detalhes sobre a estratégia que usou.

“Quando vi essa prova se desenrolar… Eu larguei bem. Este ano, fiz 1h17, 1h18, 1h19. Isso é um pace (ritmo) abaixo de quatro (minutos) por quilômetro. Eu fiz a primeira volta em 3m59s e ninguém veio junto. Aí, a arbitragem já fica doida, porque ela não tem relógio. Ali, já tomei advertências”, continuou.

“Faltando três voltas, ser quarto (colocado) e não ser penalizado… Hoje é o dia! Eu chamei o espanhol. Medalha no Brasil não tem cor na marcha atlética. Eu chamei o espanhol por causa disso. Quando olhei para o quadro, faltando 100m, eu falei: ‘Agora vou ser prata!'”, completou o brasileiro.

O ouro ficou com Brian Pintado, do Equador, enquanto a prata foi de Álvaro Martín, da Espanha.

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