Formado em fisioterapia, o mineiro Rafael Pereira se distanciou do atletismo para dar mais atenção à profissão. Entretanto, a pandemia de COVID-19 e o adiamento dos Jogos Olímpicos de Tóquio mudaram tudo. Ele decidiu retomar o foco no esporte e realizou o sonho de representar o Brasil em uma Olimpíada. Agora, em 2024, embarca para Paris com o objetivo de conquistar resultado ainda melhor.
Natural de Contagem, na Grande BH, Rafael começou no atletismo com 14 anos, quando, por meio de um professor, conheceu o Clã Delfos – tradicional equipe da capital mineira. “Ele era alto, descoordenado, mas foi muito bem nos primeiros testes de salto. Dava para ver que tinha um potencial muscular muito bom”, contou Mauro Roberto, primeiro treinador do atleta, ao site No Ataque.
Mauro Roberto relata que, desde o início, o garoto se mostrava dedicado, chegando cedo aos treinos e com grande disposição, diferencial para que tivesse ampla evolução. Desde 2015, Rafael passou a se especializar nos 110 metros com barreiras, modalidade em que mais se destacava. Em 2017, ainda com 20 anos, foi campeão brasileiro Sub-23.
Ele acumulou uma série de bons resultados, até que, em 2019, passou a se afastar do esporte. Com a graduação em fisioterapia concluída, começaram a surgir oportunidades de trabalho que consumiam seu tempo.
Além disso, uma lesão tornou ainda mais difícil seguir no atletismo. “Estava fazendo um estágio e sofri uma queda, que causou uma contusão na perna. Tive de tratar. Fiquei quase um ano longe das pistas”, contou Rafael ao Estado de Minas, em 2022.
Reviravolta na pandemia
Entretanto, a pandemia de COVID-19 trouxe uma reviravolta na história do atleta. O adiamento da Olimpíada de Tóquio para 2021 deu o tempo que Rafael precisava para retomar o alto nível e conseguir se classificar para os Jogos.
Com centros de treinamento parados e pouca infraestrutura, ele treinou na rua, em pista de terra, campo de futebol e até estacionamento.
Mauro Roberto lembra ter construído barreiras improvisadas de cano PVC para que o atleta pudesse praticar os saltos. “Ele superou tudo isso, por isso falo que é muito determinado. O Rafael teve essa dificuldade toda para treinar. Imagina, um cara de alto nível, que vai disputar Olimpíada, treinando na rua?”, diz o treinador.
Com treinos improvisados e muita dedicação, acumulou bons desempenhos e se classificou para Tóquio por ranking. Em 2021, ganhou o Troféu Brasil pela primeira vez e conquistou o ouro no Sul-Americano, com a marca de 13s35. No ano seguinte, no Rio de Janeiro, fez seu melhor tempo, 13s17, batendo o recorde sul-americano.
Estreante, o brasileiro ficou na 18ª colocação na Olimpíada de Tóquio, parando na semifinal do 110m com barreiras masculino. Em Paris, agora mais experiente, tentará superar a performance.
Rafael deixou o Clã Delfos em 2022, quando passou a treinar na AABLU/Blumenau (SC). Em 2023, se mudou para os Estados Unidos, onde treina em melhores condições e compete com alguns dos melhores atletas do mundo. Contudo, ainda não bateu o recorde sul-americano que estabeleceu em 2022.
A classificação para Paris 2024 veio ainda no ano passado, quando Rafael conseguiu o tempo de 13s26 no Meeting de Lucerna, na Suíça. Sobre a expectativa para os Jogos Olímpicos, seu ex-treinador, Mauro Roberto, está otimista: “Sem dúvida ele consegue ter um desempenho melhor do que em Tóquio. Agora, tem condições melhores, toda uma estrutura. Tenho certeza que vai se sair muito bem nesta Olimpíada.”
Quem é Rafael Pereira?
- Nome: Rafael Henrique Campos Pereira
- Modalidade: 110m com barreiras
- Naturalidade: Contagem (MG)
- Data de nascimento: 8 de abril de 1997 (27 anos)
- Altura: 1,84m
- Chance de medalha: baixa
- Olimpíadas anteriores: Tóquio (2021)
- Principais conquistas: Ouro no Sul-Americano (2021), Bronze nos Jogos Pan-Americanos de Santiago (2023), Recordista Sul-Americano
Programação dos 110m com barreiras masculino em Paris 2024
- 1ª rodada: 4 de agosto, 6h50
- Repescagem: 6 de agosto, 5h50
- Semifinal: 7 de agosto, 14h05
- Final: 8 de agosto, 16h45
*horários de Brasília
