Uma história de quase 100 anos. Uma lenda viva que volta a Belo Horizonte neste domingo (26/10). Equipe de basquete mais famosa do mundo, o Harlem Globetrotters se exibe no Mineirinho, a partir das 18h, em um espetáculo que une esporte, malabarismo e humor.
A história começou nos anos 1920, quando estudantes/jogadores da Wendell Phillips High School, de Chicago, montaram um time de exibição do basquete, o Savoy Big Five. O negócio não era jogar basquete, mas sim se exibir.
Em 1926, Abe Saperstein resolveu tocar o basquete como um negócio. Pegou três jogadores da formação original e adicionou ao nome, Harlem, em homenagem ao centro da cultura afro-americana em Nova York.
A estreia ocorreu em 1927 e foi um sucesso. Em 1940, o time conquistou o primeiro e único troféu, do World Professional Basketball Tournament, um Torneio Mundial de basquete profissional, patrocinado pelo jornal Chicago American, com equipes convidadas.
A fama era tanta que houve turnês, seguidas, ano a ano, pelos EUA. Em 1950, a primeira exibição internacional. O Brasil foi contemplado em 1951. Aliás, com um dos jogos em Belo Horizonte.
No campo do América
No início, os jogos eram contra equipes das cidades e países que eram visitados pelo Globetrotters. Atualmente, existe um time sparring, que viaja junto com o grupo.
O primeiro adversário de Minas Gerais a enfrentar o Globetrotters foi o Ginástico. Aliás, foi o próprio clube mineiro – com auxílio dos jogadores – que se esforçaram para conseguir a apresentação dos americanos. Foram atrás de patrocinadores, hotel e alimentação para receber os visitantes.
O primeiro problema era definir onde seria o jogo. Belo Horizonte tinha apenas dois ginásios, o do Minas, no Bairro Santo Antônio, e do Paissandu, na Lagoinha. Ambos foram considerados pequenos, tamanho o interesse de público em ver os fenômenos do basquete.
A opção foi fazer o jogo num estádio de futebol. A escolha recaiu sobre o Estádio Otacílio Negrão de Lima, do América, também chamado de Alameda. Para isso, era necessário montar um telhado, cobrir o gramado com a quadra e montar cestas.
Para isso, foi contratada a empresa Fábrica Nacional de Aviões. Os operários chegaram a Belo Horizonte num domingo, 6 de maio, e terminaram o serviço no dia 9, véspera da partida.
Tudo pronto, tudo certo. Os ingressos custavam 20 cruzeiros a geral e 100 cruzeiros a cadeira de pista. Um sucesso: 22 mil espectadores, um recorde do basquete mineiro.
Jogadores e árbitros ficaram hospedados no extinto Hotel Financial, na Avenida Afonso Pena, bem na Praça Sete.
A Alameda viveu uma noite de festa. No primeiro jogo do evento, o América enfrentou o All Star, que era um time que serviria de sparring para o Globetrotters caso na cidade não houvesse um time à altura dos reis do basquete. O América, que formou com Joãozinho, Dute, Baldonado, Flecha e Silvinho, perdeu por 40 a 36.
No jogo de fundo, o desafiante era o Ginástico, sensação do basquete local na época. O time mineiro contava com Tuca, Dinho, Helvécio, Zé Luiz e Ladeira como titulares e Vavá, Barbi, Zé Flávio, Guguta e Modestino no banco. O resultado? Vitória dos americanos por 49 a 30.
“Um jogo duro, pois demos muito trabalho pra eles. Perdemos de pouco, o que mostrou a nossa qualidade”, relembrou Humberto Ladeira.
Em 1954, o Globetrotters voltou a BH e venceu um combinado mineiro, novamente com Ladeira em quadra. Em 1962, o formato foi diferente, já que o time norte-americano já enfrentara o próprio sparring e não mais desafiantes locais. Nesse ano, venceu o American Giants, por 67 a 52. Retornou a BH em 1970 e 1971, para exibições no ginásio do Minas.
Depois, só voltou à capital mineira em 1987 para a primeira vez no Mineirinho, mesmo local da partida de 1995.
A última vez que o Globetrotters esteve em Belo Horizonte foi em 2017, quando se exibiu no ginásio do Colégio Dom Silvério. Lá, foi feita uma homenagem a Ladeira, que foi levado ao centro da quadra e rodeado pelos jogadores do time norte-americano. Foi aplaudido pelos presentes nas arquibancadas.
Destaques
Entre os destaques da atual turnê estão Thunder Law e Sunshine West. Thunder, integrante desde 2013, detém 14 recordes do Guinness, incluindo o arremesso às cegas mais longo do mundo.
Já Sunshine, que entrou para o time em 2024, inspira meninas ao redor do planeta com sua trajetória no basquete universitário norte-americano.
Mudanças
Ao longo dos anos, o Globetrotters passou por transformações. Em 1966, com a morte de Abe Saperstein, a equipe foi vendida. Em 1968, transferiu-se de Chicago para Nova York.
Em 2013, o Harlem Globetrotters passou a ser de propriedade da empresa Herschend Family Entertainment, com escritório administrativo da “Harlem Globetrotters International Inc.” que tem sede em Atlanta.
