Coluna do Jaeci

Coluna do Jaeci: A maldição inglesa e a coroação de Alexia

Mais importante do que a taça para a Espanha, a Copa do Mundo mostrou a força do futebol feminino e um maior interesse do público no planeta

Acordei cedo ontem para prestigiar a final da Copa do Mundo Feminina, entre Espanha e Inglaterra. Confesso que eu tinha sentimentos distintos. Queria a Espanha campeã, pela genialidade da melhor do mundo, Alexia Putellas, que quase não jogou nesta competição por causa de uma contusão. Mas queria também ver as inglesas no topo, pois foram os inventores do futebol e não ganham nada há tempos.

O futebol inglês parece carregar uma maldição. Os homens foram campeões do mundo em 1966, quando o Reino Unido promoveu a Copa, e, de lá para cá, não ganharam mais nada. E vale lembrar que aquele título é contestado até hoje, pois a bola chutada por Hurst não teria entrado. Como não havia VAR naquela oportunidade, fica a dúvida até hoje.

De qualquer forma, a Inglaterra venceu a Alemanha por 4 a 2, na prorrogação. Daquele dia em diante, só fracassos, mesmo com fortes seleções. Os inventores do esporte bretão jamais ganharam a Eurocopa. Fizeram a final, em Wembley, lotado, em 2020, mas perderam para a Itália nas penalidades.

Não sei o que acontece com o futebol daquele país. Gareth Southgate formou uma forte seleção para a Copa do Catar, ano passado, mas sucumbiu diante da França, em jogo que o craque do time, Harry Kane, chutou uma penalidade por cima do gol de Lloris, que era seu companheiro no Tottenham. Kane agora defende o Bayern de Munique e carrega a mesma maldição do futebol de seus país. Ele nunca levantou uma taça, mas, com certeza, deverá ser campeão alemão com o time bávaro.

Eu tinha a esperança de que as meninas seriam as campeãs do mundo, mas a Espanha foi superior o tempo todo. Inclusive, perdeu uma penalidade. O placar de 1 a 0 foi pouco diante da maior técnica das espanholas. E olha que Alexia só entrou para dar a volta olímpica e receber sua medalha, pois, como citei acima, estava contundida.

O técnico havia brigado com 15 jogadoras, ano passado, e a gente percebeu que elas não fizeram muita festa para ele. Quando o jogo acabou, formaram uma “pirâmide”, uma se jogando em cima da outra, comemorando o título inédito. Estados Unidos tem quatro taças, Alemanha, duas, Japão e Noruega, uma cada, e agora a Espanha entra para o seleto grupo das campeãs do mundo.
Mais importante do que a taça para a Espanha, a Copa do Mundo mostrou a força do futebol feminino e um maior interesse do público no planeta. Jogos com lotação máxima nos estádios, alto nível técnico, pouca reclamação e futebol de primeira.

Na final, por exemplo, o pênalti cometido pela inglesa foi na cara da árbitra, mas ela fingiu que não viu a inglesa tocar a mão na bola, propositalmente. O VAR a chamou e ela confirmou o gol. Não vimos aquela cena ridícula de jogadoras pressionando a árbitra e a cercando, como fazem os jogadores brasileiros. Apenas uma jogadora da Inglaterra foi reclamar, mesmo assim, moderadamente.
As mulheres dão exemplo até nisso. São mais comedidas e educadas. E quem diz que o futebol feminino é lento e sem intensidade, está enganado. Foi uma disputa em alto nível, correria e passes precisos. Só que a Espanha dominou do começo ao fim. Levou uma bola no travessão, quando estava 0 a 0, mas foi só o que a Inglaterra conseguiu.

A Premier League, no masculino, é considerada a melhor e mais forte Liga do mundo, justamente por ter muitos estrangeiros, a exemplo do que era o Calcio (Campeonato Italiano) na década de 1990. Entretanto, os ingleses não conseguem formar uma seleção em condições de ganhar a Copa.

Vou fazer uma previsão aqui, como fiz nas Copas de 2014 e 2022, quando acertei os finalistas.
Argentina x Alemanha e Argentina x França, respectivamente. Vou apostar que Inglaterra e França farão a final da Copa de 2026, e vou torcer para os ingleses conseguirem o seu segundo mundial.
Quanto às meninas, que elas possam evoluir cada vez mais e que tenhamos mais competições do nível da Copa do Mundo, muito bem sediada por Austrália e Nova Zelândia. O Brasil saiu na primeira fase, justamente pela falta de apoio nos últimos anos. Que a chave vire e que nossas meninas evoluam e tenham mais apoio.

O trabalho de Pia Sundhage, que pediu para ficar após a eliminação, foi pífio e eu não a manteria. Parabéns a todas as meninas que participaram do Mundial. A Espanha levou o troféu, mas todas são campeãs por terem vencido o preconceito de gente ignorante, de haters (odiosos) e a discriminação.
Eu adoro o futebol feminino e foi uma delícia acordar bem cedo, alguns dias, para prestigiar a mulherada. O mundo é delas, são mais ponderadas, mais inteligentes e fazem tudo com excelência. A Copa do Mundo vai deixar saudades, mas ano que vem tem Olimpíada de Paris e, com certeza, teremos grandes jogos. Quem sabe o Brasil não belisca uma medalha?

Falta de atenção e maturidade

O Cruzeiro vencia o Corinthians por 1 a 0 até o último minuto do jogo, quando Gustavo Mosquito subiu mais que o zagueiro e empatou. Uma falta de atenção tremenda, que fez o time azul perder dois preciosos pontos. Quando a fase não é boa e você vence pelo placar magro, é preciso segurar a bola lá na frente, perto da bandeira de escanteio. Gilberto vacilou e o Timão empatou.

Foi assim também contra o Palmeiras, quando o Cruzeiro perdeu por 1 a 0, com gol no último lance. É preciso mais maturidade e atenção. Enquanto o árbitro não der o apito final, não se pode descuidar. Os mais de 30 mil torcedores que foram ao Mineirão, nos “embalos de sábado à noite”, saíram decepcionados. Ronaldo estava nas cadeiras e ficou frustrado com o resultado.

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