COLUNA TIRO LIVRE

Quanto vale a permanência de Rodrigo Caetano no Atlético

Rodrigo Caetano e Alexandre Mattos são os preferidos quando algum clube sai em busca de diretor de futebol no Brasil

Dezembro e janeiro são meses em que muita gente acredita que o futebol para, sai de férias. Mentira. Quem sai de férias são os jogadores. Para os demais que trabalham com o esporte (incluindo a imprensa), o período é de muita labuta. Então, enquanto alguns aproveitam o descanso, dirigentes, empresários e jornalistas emendam dias e noites de muito trabalho. Não há sossego.

Entre rumores de saídas e chegadas de jogadores, ou de especulações sobre clubes interessados em treinadores, há um mercado paralelo, inflacionado pelo fato de a demanda ser maior que a oferta: a dos diretores de futebol.

Essa função ganhou prestígio nos últimos anos, e valorizou financeiramente seus personagens, desde a implementação (ou tentativa) de um caráter mais profissional no futebol. A época de negociações garantidas no “fio do bigode” ficou no passado.

O dono do cargo é uma espécie de faz-tudo – que, nos clubes da elite, ganha bem para isso. Serve de conexão entre o presidente e os jogadores, além dos demais times, das federações e entidades esportivas e da imprensa. Alguém para abafar as polêmicas, receber as pancadas, resolver os perrengues. Quase um escudo, para preservar o cabeça, ou os cabeças, em tempos de Sociedade Anônima do Futebol (SAF).

Houve um tempo em que o mais cobiçado dessa turma era o mineiro Eduardo Maluf. Natural de João Monlevade, ele começou a carreira como dirigente no Valério, de Itabira, mas ganhou destaque no cenário nacional quando passou a trabalhar no Cruzeiro, onde ficou por mais de uma década. Era o diretor de futebol da Raposa na ocasião da Tríplice Coroa (2003).

Em 2010, assumiu o posto no Atlético e viveu a fase de renascimento do Galo, com os títulos da Copa Libertadores (2013), da Recopa Sul-Americana (2014) e da Copa do Brasil (2014).

Era muito respeitado porque, principalmente, tratava todos com muito respeito. Do mais simples jogador à mais importante autoridade. Difícil achar alguém da imprensa que tenha algum senão a comentar de Maluf. Ele sabia como lidar com tudo, aparava arestas quando era preciso, conduzia toda e qualquer situação. Morreu em 2017, aos 61 anos, vítima de um câncer no estômago, e deixou uma grande lacuna.

Alexandre Mattos e Rodrigo Caetano

No fim dos anos 2000 um outro nome, também mineiro, conquistou espaço no futebol nacional: Alexandre Mattos. Começou a carreira no América; montou as equipes bicampeãs brasileiras de Cruzeiro (2013 e 2014) e Palmeiras (2016 e 2018); iniciou, em 2020, a formação do Atlético que se sagraria campeão brasileiro do ano seguinte e, mais recentemente, conseguiu uma cartada de mestre ao levar Vitor Roque do Cruzeiro para o Athletico, em 2022 – jogada que encherá os cofres do Furacão, com a venda do talentoso atacante para o Barcelona.

Mattos, hoje, rivaliza com Rodrigo Caetano, do Atlético. Eles são os preferidos quando algum clube sai em busca de diretor de futebol, embora haja outros nomes nesse mercado, como Paulo Angioni (Fluminense) e Anderson Barros (Palmeiras).

Por isso, quando o Corinthians anunciou que já estava apalavrado com Rodrigo Caetano, o passe dele duplicou de valor. Foram dias de incerteza nos bastidores atleticanos. O alívio só veio quando o próprio Caetano decidiu que continuaria em BH, encerrando as negociações com o alvinegro paulista.

A apreensão até se justifica. Perdê-lo soaria quase como ficar sem o principal atacante do time. Especialmente porque a reposição seria complicada e em momento mais complicado ainda, de montagem de grupo para a próxima temporada. Assim, foi dentro de casa que o Galo fechou seu primeiro grande reforço para 2024.

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