COLUNA TIRO LIVRE

Mastriani, Mauricio Lemos e João Pedro: experts em oportunidades

Primeira rodada do Campeonato Mineiro mostrou que América, Atlético e Cruzeiro têm especialistas em oportunidades

Às vezes tudo o que a pessoa precisa é de uma oportunidade. E geralmente não é a gente que escolhe o momento em que ela aparece. Simplesmente surge, e você precisa estar preparado para mostrar serviço. Na rodada de estreia do Campeonato Mineiro, um jogador do América, um do Atlético e outro do Cruzeiro escreveram roteiro assim, em forma de gols. Literalmente, não desperdiçaram a chance.

No caso do Coelho, caiu no colo de um especialista: Mastriani. Ele já tinha mostrado faro de artilheiro na temporada passada, quando, em 42 jogos, balançou as redes 21 vezes (11 no Campeonato Brasileiro, nove na Copa Sul-Americana e um na Copa do Brasil), se tornando um dos principais nomes do time americano.

Não por acaso, o uruguaio entrou na mira de clubes como o Athletico-PR (se dispôs até a desembolsar US$ 2 milhões para contratá-lo) e o Cruzeiro. A multa rescisória, que gira em torno de R$ 60 milhões para o mercado nacional, deu segurança ao América – com quem Mastriani tem vínculo até dezembro de 2025.

Pois, logo no primeiro jogo do Coelho no Estadual, o centroavante justificou a cobiça alheia em seu futebol. Foram dois gols nos sete minutos iniciais. O terceiro saiu aos 17. E, antes do fim do primeiro tempo, ainda anotou o quarto.

Aos 20 da etapa final, saiu o quinto gol dele. Mão cheia. Tudo isso bem ao estilo Mastriani, com precisão e oportunismo. Um expert em aproveitar, justamente, chances.

Missão cumprida, o uruguaio até foi substituído pelo tecnico Cauan de Almeida.

Mauricio Lemos, do Atlético

Quem também não deixou o cavalo arreado passar batido foi o zagueiro atleticano Mauricio Lemos. Além de evitar gols, marcou. E não foi qualquer gol. Aqui cabe uma retrospectiva, para contextualizar o cenário.

Quem acompanha com mais atenção os jogos do Galo deve ter percebido que, em toda cobrança de falta, Hulk já pegava a bola, com a autoridade que cabe a ele, e a posicionava no gramado. Ajeitava o corpo e se preparava para o chute. Ao lado, como coadjuvante, estava Mauricio Lemos.

Ele ficava ali, fazendo jogo de cena, como se houvesse possibilidade de Hulk abrir mão da cobrança. Não havia. O que era muito compreensível, já que alguns dos gols que fizeram do camisa 7 artilheiro alvinegro foram, exatamente, em faltas. São oito dessa forma, com a camisa do Galo, no currículo de Hulk. Inclusive, o Atlético é o clube em que ele mais balançou as redes nesse tipo de lance.

Eis que, nesta semana, chegou o momento de Lemos. Hulk ficou fora da partida contra o Patrocinense, pela rodada inicial do Mineiro, por causa de infecção estomacal. Falta marcada. O defensor se apresentou. E a bola morreu no fundo da rede.

Foi o primeiro gol dele, pelo Galo, dessa maneira – o segundo pelo time atleticano. Mas Lemos já contabiliza seis de falta na carreira. Em entrevista, admitiu que aguardava só uma brecha. “A visão (para cobrar falta) sempre tem, o problema é ter a oportunidade de chutar. Graças a Deus aconteceu. O Hulk não estava. Ainda bem que a bola entrou e o que fizer para melhorar e ajudar a equipe sempre será bem-vindo”, disse o uruguaio, em entrevista ao Premiere, no intervalo.

Lemos ganhou moral, porém, a concorrência no entorno da área agora está maior. Além de Hulk, o Atlético tem Gustavo Scarpa, outra autoridade no assunto. Ótimo para o time, coletivamente; ruim para o defensor, individualmente. É voltar para o fim da fila e aguardar a próxima janela.

João Pedro, do Cruzeiro

A vitória do Cruzeiro sobre o Villa Nova “apresentou” um personagem ao torcedor celeste. João Pedro, de 20 anos, autor do gol que assegurou o triunfo, aos 48min do segundo tempo. Ele chegou à Toca da Raposa, em julho do ano passado, para integrar o Sub-20.

Diante do Leão do Bonfim, aproveitou uma oportunidade, valorizando uma importante chance que recebeu, não de algum treinador e, sim, da vida: João Pedro escapou, por pouco, do trágico incêndio no alojamento da base do Flamengo, no Ninho do Urubu – que resultou na morte de 10 pessoas.

Por uma coincidência (se é que elas existem), João Pedro não estava no local. Como o treino havia sido cancelado, foi dormir na casa de um amigo, na Barra de Tijuca, Zona Oeste do Rio.

Depois que deixou o rubro-negro, João Pedro passou pelo Real Valladolid, da Espanha (também gerido por Ronaldo, sócio majoritário da SAF do Cruzeiro), até chegar à Toca. Bem cedo, ele aprendeu que não se pode perder oportunidades. E o gol contra o Villa foi mais uma prova disso.

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