Por todo lado, só se fala nele. Estevão William, de 17 anos, vice-artilheiro do Campeonato Brasileiro e já vendido ao Chelsea, da Inglaterra, por valores que podem superar a casa dos 60 milhões de euros (R$ 370 milhões) – a depender de metas alcançadas. Convocado por Dorival Júnior, ele pode estrear com a camisa da Seleção Brasileira principal nesta sexta-feira (6/9), às 22h, em Curitiba, na partida contra o Equador, pelas Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo.
Estevão é considerado a maior promessa do país nos últimos tempos. Tanto que sua ascensão meteórica ofuscou outro jogador que desembarcou, há pouco, na Europa sob a perspectiva de ser a maior joia brasileira desde Neymar. Pois Endrick mal deixou o Palmeiras e todo mundo já virou o foco para Estevão. Ele não só ocupou a lacuna deixada como superou todas as expectativas.
O potencial do garoto não é percebido agora. Já era visível quando ele tinha apenas 10 anos e se tornou o mais jovem do Brasil a assinar contrato com a Nike. Nessa época, aquele que é apontado hoje como a maior promessa do futebol do Brasil estava na escolinha do Cruzeiro. E levava um apelido que já dizia muito: Messinho.
O meia enchia os olhos de quem o via, mirradinho, desfilar tanto talento. Nascido em Franca, no interior de São Paulo, era considerado uma mina de ouro. Mas o Cruzeiro pouco desfrutou do futuro craque.
A trajetória de Estevão na Toca da Raposa se encerrou em 2019, quando ele estava com 14 anos e teve, então, o nome envolvido nas primeiras denúncias contra a gestão do então presidente Wagner Pires de Sá, em 2019.
Estevão e o Cruzeiro
A partir dali, o Cruzeiro caiu em desgraça. Viveu em um longo purgatório, que custou não só o talento de Estevão, mas também o de Vitor Roque, que em 2022 deixou o clube celeste rumo ao Athetico-PR e, de lá, para o Barcelona – na semana passada, foi emprestado ao Betis.
O impacto negativo dessa fase tenebrosa foi financeiro, com a queda de receitas; técnico, incluindo a saída de jogadores de grande qualidade. Isso afetou diretamente a imagem do clube nacional e internacionalmente, com três temporadas seguidas na Série B do Brasileiro. Tudo entrelaçado.
Estevão era, assim, símbolo de um Cruzeiro promissor e a saída dele, pela porta dos fundos (como a de Vitor Roque), foi sintomática, bem representativa para o período vivido pela Raposa.
No passado, ficaram os sonhos de vê-lo brilhar com a camisa azul e também o apelido. Estevão enterrou Messinho e as lembranças. Anos mais tarde, em entrevista, revelou que não gostava do apelido. Foi firme ao dizer que preferia ser chamado pelo nome, embora admitisse se inspirar no argentino e ter estilo de jogo parecido ao dele.
Estevão é daqueles jogadores que conhecem os atalhos do campo e o percorrem quase que instintivamente. Com domínio de bola, a visão de jogo e técnica. Por isso, a noite desta sexta-feira pode ser o primeiro capítulo de uma história gloriosa pela Seleção Brasileira.
Não será surpresa ver, em campo, a desenvoltura que ele mostra desde as primeiras atuações elo profissional do Palmeiras. Nunca pareceu intimidado no clube paulista. Tem a personalidade dos grandes, e deve mostrar isso mais uma vez.