O primeiro clássico mineiro de 2025, entre Cruzeiro e Atlético, neste sábado (18/1), nos Estados Unidos, pode surpreender muita gente. Juntando um indício aqui, uma impressão ali, está com cara de ser aquele jogo em que a realidade supera a expectativa. Do tipo que não promete nada e entrega muito – ou, pelo menos, mais do que o esperado.
Por ser início de temporada, ninguém deveria imaginar um duelo dos mais emocionantes, com belas jogadas, trocas de passes à la Guardiola e muitos gols Pelo contrário. Seria mais do que natural os rivais protagonizarem, em solo estadunidense, um confronto morno, pelo desentrosamento e pouco tempo de treino com bola. Jogadores buscando seu espaço em campo, ainda se sintonizando com os movimentos dos companheiros. Um desencontro natural de quem está se conhecendo.
Contudo, a partida entre Cruzeiro e São Paulo, na quarta-feira, despertou a ideia de que o clássico pode não ser tão blasé assim. Mesmo que os principais reforços celestes tenham tido estreia discreta, e tecnicamente o jogo não tenha sido lá essas coisas, a disputa pela bola foi mais intensa do que o esperado em alguns lances – com entradas mais duras que o necessário. Inclusive reclamações insistentes com a arbitragem.
Se, contra o tricolor paulista, no primeiro jogo do ano e com a única meta de deixar uma boa primeira impressão para os torcedores, o clima foi assim, imagina tendo do outro lado do campo o arquirrival. É exatamente aí que entra a possibilidade de alguma emoção extra.
Cruzeiro e Atlético no Mineiro
Importante frisar para os mais ansiosos e sedentos por veredictos antecipados que o placar pouco vai importar para análises mais profundas sobre o que Atlético e Cruzeiro farão na temporada. Aliás, diante do cenário atual, há muito pouco a se prever.
Até o Campeonato Mineiro de 2025 vai se iniciar, neste fim de semana, sob o signo da imprevisibilidade. Não há nenhuma pista para se apostar, com alguma segurança, no enredo até o desfecho. Talvez seja, nos últimos anos, o Estadual mais difícil de se antecipar algo a respeito de potencial campeão.
Atlético e Cruzeiro são, invariavelmente, os principais candidatos, mas cravar o favorito entre eles exige certo exercício de futurologia. Diferentemente de anos anteriores, em que um iniciou a temporada muito à frente do outro, ou o equilíbrio de forças era regido pela equivalência dos grupos, desta vez prevalece a incerteza sobre o que eles vão produzir.
Em tese, a Raposa larga em vantagem por ter buscado reforços mais renomados. Também carrega consigo um ambiente mais positivo, pela empolgação da torcida com as contratações feitas. Gabigol, Dudu, Fabrício Bruno e Fagner, sobretudo, são atletas que chegaram para assumir, sem escalas, a camisa de titular. Daí a perspectiva de que os resultados virão. Mas será que virão já no Mineiro? Essa é uma boa pergunta.
Na contramão está o Galo, cobrando pelo torcedor por, justamente, ter puxado o freio de mão na ida ao mercado. As ações tímidas da diretoria na busca por jogadores diante das baixas importantes de Paulinho, Zaracho e Battaglia acenderam um sinal de alerta. Incomoda também o silêncio dos donos do clube, que soa quase como um desprezo para com a torcida. As mensagens chegam, no máximo, via post de rede social. Um distanciamento preocupante para quem está em um negócio movido à paixão.
As consequências de todos esses atos só serão conhecidas quando a bola começar a rolar valendo título. Há um caminho a se percorrer até lá. O jogo deste sábado será apenas um passo inicial.
Por isso, qualquer avaliação técnica deve acabar em segundo plano. Por mais paradoxal que pareça, reside aí a grande chance de um bom duelo. Pelo menos, alguma emoção está garantida para este sábado à tarde.
