COLUNA TIRO LIVRE

A força do nome de Jorge Jesus para a Seleção Brasileira

Foi justamente nas Arábias que Jesus teria encontrado um “opositor” em seu desejo de assumir a Seleção: o atacante Neymar

Enquanto a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) não der fim à espera e bater o martelo, vai ser assim. As especulações sobre o novo comandante da Seleção Brasileira vão pipocar por toda parte. Entre torcedores, comentaristas e até ex-jogadores o nome de Jorge Jesus desponta como preferido. Há quem diga que o acerto seja questão de horas.

Um dos que cravam o português como próximo técnico do selecionado nacional é o narrador Galvão Bueno, que há anos acompanha de perto gestões da CBF e disse ter informações de que o anúncio está próximo. Outro jornalista ligado ao Flamengo – único clube que Jorge Jesus comandou no futebol brasileiro –, Mauro Cezar Pereira conversou com o treinador e informou que ele quer assumir a Seleção.

Até torcedores entraram na onda pró-Jesus. Pesquisa do instituto Real Time Big Data encomendada pela TV Record apontou que mais de 50% dos entrevistados preferem um estrangeiro no comando da Seleção – mais precisamente, 53% das 1 mil pessoas que foram ouvidas, entre os dias 1º e 2 de abril. A margem de erro não foi informada.

Entre os gringos, a liderança é justamente dele, Jorge Jesus, com 35% da preferência, seguido por Guardiola (31%). Abel Ferreira (24%) e Carlo Ancelotti (10%).

Em relação aos brasileiros, o nome mais citado, curiosamente, foi daquele que tem menos experiência no cargo entre os treinadores dos grandes clubes da Série A. Curiosamente, também relacionado ao Flamengo: Filipe Luís, escolhido por 38% dos entrevistados. Depois dele apareceram, nessa pesquisa, Renato Gaúcho (25%), Rogério Ceni (15%), Tite (15%), Cuca (6%) e Roger Machado (1%).

Em sua passagem pelo Brasil, Jorge Jesus completou pouco mais de um ano no rubro-negro carioca: desembarcou no Rio de Janeiro em 17 de junho de 2019 e foi embora em 17 de julho de 2020. Com ascensão meteórica na Gávea, foi campeão da Copa Libertadores e do Campeonato Brasileiro de cara. Em 2020, ainda ganhou a Supercopa do Brasil, a Recopa Sul-Americana e o Campeonato Carioca.

Fez o caminho de volta para Lisboa, retornando ao Benfica, mas saiu de lá em dezembro de 2021 sem erguer taças. Na temporada de 2022/2023, treinou o Fenerbahçe, com o qual conquistou a Copa da Turquia. Desde julho de 2023, está à frente do Al-Hilal, onde já foi campeão saudita, da Copa do Rei e da Supercopa da Arábia Saudita (2023 e 2024).

Foi justamente nas Arábias que Jesus teria encontrado um “opositor” em seu desejo de assumir a Seleção: o atacante Neymar. O camisa 10 ainda está atravessado com o fato de o português ter dito que ele não tinha condição de jogar, após ficar mais de um ano sem atuar por causa de lesão.

Os defensores de Jesus acreditam que é exatamente essa a maior qualidade do técnico: não se render aos caprichos de jogadores como Neymar. E que seria isso que a Seleção Brasileira mais precisa neste momento.

Esse argumento encontra eco naquela cena constrangedora de Dorival Júnior fora da rodinha de jogadores e humildemente levantando o dedo para falar (sem ser notado), antes da disputa de pênaltis contra o Uruguai, pela Copa América dos Estados Unidos. No duelo, em julho do ano passado, o Brasil saiu derrotado, nos pênaltis, e caiu nas quartas de final.

Em quase 110 anos de Seleção Brasileira (a primeira partida de um selecionado nacional foi em julho de 1914), foram apenas três estrangeiros no comando, de uma lista de 36 técnicos – além de 19 interinos.

O uruguaio Ramón Platero (dirigiu o time por 19 dias, em 1925); o português Jorge Gomes de Lima, o Joreca, na década de 1940; e o argentino Filpo Nuñez – comandante do Palmeiras em 1965, quando a equipe paulista representou o Brasil em amistoso contra o Uruguai, na inauguração do Mineirão.

De lá para cá, apenas opções caseiras. Não por falta de tentativas, inclusive recentes, como as sondagens a Pep Guardiola e Carlo Ancelotti. Porém, as conversas nunca evoluíram para um acordo. Se Jorge Jesus se confirmar, mudaria uma escrita. Talvez as portas do Brasil nunca estiveram tão abertas para um gringo assumir a Seleção como agora.

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