COLUNA TIRO LIVRE

Ednaldo Rodrigues e a ‘amaldiçoada’ cadeira da CBF

Parece haver um legado macabro na CBF desde a gestão de Ricardo Teixeira, com seguidos escândalos

Compartilhe
google-news-logo

Se tem um cargo que não parece lá muito bento é o de presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Difícil haver um nome que tenha passado limpo por aquela cadeira nos últimos anos. Pelo menos cinco ocupantes deixaram a presidência da entidade envolvidos em escândalos e acusações das mais diversas naturezas. O caso de Ednaldo Rodrigues, afastado nesta quinta-feira (15/5) pela Justiça do Rio de Janeiro, é só mais um da lista.

Parece haver um legado macabro na CBF desde a gestão de Ricardo Teixeira. Foi a partir dele (ao que se sabe) que as ações passaram a ter consequências. Em mais de 20 anos no comando da CBF (de 1989 a 2012), Teixeira viu a Seleção Brasileira comemorar dois títulos mundiais – das Copas de 1994 e 2002 –, porém, proporcional às conquistas foram as denúncias.

O ex-dirigente também integrou o Comitê Executivo da Fifa e, pela atuação na entidade internacional entre 2006 e 2012, foi condenado por suborno. Investigações apontaram que Teixeira embolsou quase US$ 8 milhões em propinas por contratos de competições. Ele tratava das negociações de direitos de mídia e marketing relacionados a torneios organizados não só pela CBF, mas também pela Confederação das Associações de Futebol da América do Norte, Central e Caribe (Concacaf) e pela Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol).

Após a saída de Teixeira da CBF, em 2012, quem assumiu foi José Maria Marin, que ficou pouco mais de dois anos no cargo e também foi investigado por corrupção. Ele chegou a ser preso pelo FBI em um hotel em Zurique, na Suíça, em 2015. Na Justiça dos Estados Unidos, Marin foi condenado, em 2018, por organização criminosa, fraude bancária e lavagem de dinheiro – referentes a negociação de contratos comerciais da Copa Libertadores e da Copa América.

De 2015 a 2017, quem esteve à frente da CBF foi Marco Polo del Nero. E ele também deixou a entidade pela porta dos fundos, tendo o nome ligado a caso de corrupção na Fifa, na mesma investigação nos EUA que resultou na prisão de Marin. No caso de Del Nero, investigações apontaram subornos que alcançam a cifra de US$ 6,5 milhões. É outro que foi banido do futebol.

Del Nero foi substituído pelo Coronel Nunes, que ficou no comando até 2019, com a eleição de Rogério Caboclo. Nesse caso, as denúncias que custaram o cargo foram de assédio sexual e moral. Duas ex-funcionárias da CBF apresentaram áudios demonstrando a conduta de Caboclo, que foi inicialmente suspenso, em 2021, e no início de 2022 afastado de forma definitiva da presidência.

Em 2021, entrou em cena, então, Ednaldo Rodrigues. É a segunda vez que a Justiça determina o afastamento dele. A primeira foi em 7 de dezembro de 2023, no primeiro mandato à frente da entidade. Na ocasião, o cartola foi reconduzido graças a liminar concedida pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Desta vez, as acusações seriam mais graves, incluindo possível fraude de documentos.

Segundo o site Ge.com, o corpo jurídico da CBF acredita que mais uma vez Ednaldo vai se safar em instâncias jurídicas superiores. Inclusive, foi ciente dessas circunstâncias que o dirigente teria se apressado para fechar o acordo com o técnico italiano Carlo Ancelotti, que assumirá a Seleção Brasileira no próximo dia 26. É esse cenário vergonhoso que aguarda o badalado treinador europeu.

Compartilhe
google-news-logo