COLUNA DO JAECI

Por que não apoiar os técnicos brasileiros da nova geração?

Fosse Sampaoli um técnico brasileiro, já teria sido mandado embora há tempos. A paciência com os estrangeiros é algo estranho e inexplicável

O Campeonato Brasileiro está chegando ao returno e temos 12 técnicos estrangeiros comandando 12 equipes, entre os 20 disputantes. É a nova ordem do futebol nacional, onde os estrangeiros são considerados as “sumidades” e os treinadores brasileiros não “valem mais nada”. É assim que têm sido tratados por dirigentes e torcedores, que esquecem até o passado dos mais experientes e não permitem a ascensão dos jovens.

Temos treinadores jovens, capacitados, que só precisam de uma chance e de paciência, principalmente de nossa parte, imprensa. A gente queima treinadores e jogadores, sem dar a eles o tempo necessário para mostrar o trabalho.

Temos Jair Ventura, Fernando Diniz, Renato Gaúcho e tantos outros treinadores em condições de fazer trabalhos decentes. Renato a Diniz são de uma geração intermediária e já têm espaço garantido. Jair Ventura, a quem reputo o melhor da nova geração, teve poucas oportunidades. Foi queimado no Corinthians e no Santos, e ele nunca mais foi chamado para novos trabalhos. A moda é ter um estrangeiro no comando, mesmo que ele não seja o que se imagina.

Vejam o caso do fracassado Jorge Sampaoli. Desde que chegou ao Brasil, sempre o questionei. Não vai aqui nenhuma xenofobia por ser argentino, mas é estranho um cara que se diz treinador e nunca dirigiu os maiores times da Argentina, Boca e River. Foi um fracasso na Seleção Argentina, no Sevilla, no Olympique de Marselha, enfim, por onde passou. É uma pessoa de mal com a vida e com os outros. 

No Atlético, não deixava Éder Aleixo, membro da comissão técnica permanente, participar dos treinamentos, vestiário ou viagens. Brigou com todo mundo.

No Santos não foi diferente. Agora, no Flamengo, tem sido um desastre do ponto de vista técnico e pessoal. Tenho informações de que ele maltrata os funcionários mais humildes e, com o grupo de jogadores, está rachado.

Ganha uma fortuna por mês e faz o que bem entende. Ele se fecha em seu casulo e, nem mesmo no episódio em que seu auxiliar deu um soco na cara do atacante Pedro, tomou partido a favor do jogador. Não, talvez a mão que socou Pedro tenha sido a do próprio Sampaoli.
O preparador físico fez aquilo que ele gostaria de fazer.

Mas a incompetente diretoria rubro-negra, leia-se Landim, Braz e Spindel, que se acha dona do clube, passa pano para ele e lhe dá carta branca para fazer o que quer. 

Fosse Sampaoli um técnico brasileiro, já teria sido mandado embora há tempos. A paciência com os estrangeiros é algo estranho e inexplicável.

Temos Abel Ferreira, extremamente competente, mas contestador ao extremo. Quer pautar a imprensa e é irônico quando perde. Esquece que está no país amparado por um visto de trabalho, já que não é cidadão brasileiro. Deveria respeitar nossas tradições e costumes e agradecer por ter emprego e um grande salário. Não era ninguém até o Palmeiras dar a ele projeção e oportunidade. Deveria ser grato ao clube, aos torcedores e ao país.

É preciso olharmos com carinho para a nova geração de técnicos. Há os enganadores, mas há muita gente boa, excluída por um preconceito desumano. Admito que há uma falha no curso da CBF, pois não consegue formar gente de nível, mas há aqueles que buscam um lugar ao sol, com tempo de trabalho e paciência, que nós não temos. 

Se aceitamos estrangeiros e os tratamos como grandes “professores”, por que não dar aos jovens um voto de confiança? Cito como exemplo Jair Ventura pois é um cara altamente preparado, que fez belíssimo trabalho no Botafogo, há alguns anos, e vive na Europa, buscando informações e experiência. É o melhor da nova geração, que precisa que alguém acredite nele, dando-lhe espaço num time em condições de ganhar taças. 

Essa onda de treinadores estrangeiros vai passar, e aí, quando olharmos, não teremos uma geração capaz de assumir um trabalho, pois os jovens vão se perdendo com o tempo, por falta de oportunidade.

É bem verdade que os dirigentes brasileiros não são como os de antigamente. Hoje é um bando mal preparado, que de bola nada entende, mas que posa de cartola, pois isso dá ibope e os torna conhecidos. A vaidade do ser humano é algo “inexplicável” até para Freud, o pai da psicanálise. A vaidade é apenas uma fragilidade do ser humano – Freud explicou isso muito bem. 

Vemos dirigentes se apossando dos clubes de futebol como se fossem donos. O que temos visto, porém, é que são reféns das facções que dominam os clubes, de norte a sul do Brasil. Fazem o que os chefes dessas facções determinam e ponto. Alguns usam o clube em benefício próprio, e os exemplos estão aí.

Por isso, sou a favor da SAF, onde o clube tem um dono, um CEO para ser cobrado e responsabilidade fiscal. 

Chega dessa farra do boi, onde há negociações nebulosas e dirigentes que eram pobres e ficaram ricos. Há vários casos comprovados. Jogadores denunciam diretores de futebol que fazem conchavos com empresários e levam dinheiro nas negociações. Já houve divulgação disso, mas ninguém investigou.

Esse é o retrato do triste e falido futebol brasileiro. Os estádios lotados são explicados pela falta de lazer do povo e pelo descaso das autoridades.

Ainda é o “pão e o circo” que controla a massa. O Brasil está virando um país sem identidade, e o futebol, que sempre nos representou nas alturas e sempre valorizou nossos treinadores, se deixou levar por essa onda, abrigando estrangeiros sem competência e sem escrúpulos.

Vale lembrar que sempre fomos campeões do mundo com técnicos brasileiros. Mesmo nos clubes campeões em Mundiais, não me lembro de um técnico estrangeiro levantando o caneco. Que tal, então, voltarmos a valorizar a nossa gente?

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