COLUNA TIRO LIVRE

A simbólica volta de Marcelo Moreno ao Cruzeiro

Moreno volta ao Cruzeiro num momento em que a torcida carece de um ídolo. Há atletas com potencial, mas que ainda não alcançaram tal status

A volta do boliviano Marcelo Moreno ao Cruzeiro movimentou a torcida celeste nos últimos dias. Foram incontáveis os elogios à contratação desde que o anúncio foi feito. Toda essa alegria tem mais a ver com a identificação que o atacante tem com os torcedores do que com a promessa de retorno técnico em si. Os cruzeirenses sabem que, aos 36 anos, Moreno não vem exatamente para ser goleador. Ele vem para cumprir seu melhor papel: o de ídolo.

É sintomático e simbólico. Marcelo Moreno chega num momento em que a torcida carece de um jogador que corresponda, na essência, à palavra ídolo. No grupo atual, há atletas com potencial para isso, mas que ainda não alcançaram tal status.

Lucas Romero, que retornou também recentemente à Toca da Raposa, está quase lá. É muito querido pelos torcedores e ainda pode ser alçado à condição de ídolo. Lucas Silva é outro tem forte identificação com a China Azul, mas carece de algo mais para cravar que está na mesma prateleira de grandes nomes. Marlon apresenta qualidades dentro e fora de campo. Líder nato, para muitos torcedores, tem a cara do Cruzeiro. Contudo, há quem diga que ainda não está marcado definitivamente na história.

Matheus Pereira é diferenciado no trato com a bola, se diz cruzeirense e é mais um candidato. Os argentinos Dinenno e Villalba igualmente já mostraram ingredientes importantes que os credenciam a entrar nessa galeria. A esta altura, porém, são indícios, que precisam ser confirmados.

Claro que esse é um viés bem abstrato, que está longe de ser unanimidade. Nada além do que uma percepção pessoal. Pode ser que alguém já os defina, dentro de critérios particulares, que sejam ídolos. O parâmetro utilizado na coluna é equiparar a nomes como Joãozinho, Dirceu Lopes, Tostão, Nonato, Dida, Ronaldo, Alex e Fábio – indiscutíveis em tal lista.

Desde a saída do goleiro para o Fluminense, ficou um vácuo na Toca. Um espaço a ser preenchido, que agora é ocupado, ainda que de forma meteórica, por Marcelo Moreno. Os detalhes do contrato não foram divulgados, mas, por questão legal, o Cruzeiro teve de assinar por três meses com o jogador – prazo mínimo para um vínculo profissional.

A volta de Moreno ao Cruzeiro

A ideia, inicialmente, é prepará-lo uma partida de despedida. E a ideia deve ser aplaudida. Ídolos precisam ser mesmo reverenciados. Não deixa, contudo, de ser curioso que a qualquer momento o boliviano reapareça em campo. E, quiçá, fazendo o que sabe bem: balançar as redes adversárias.

Estrangeiro com mais gols pelo Cruzeiro, Moreno é apontado como um dos principais ídolos recentes da equipe celeste. Marcou 54 gols em 147 jogos nas três passagens anteriores: de 2007 a 2008, em 2014 e entre 2020 a 2021. Foi campeão mineiro em 2008 e 2014 e fez parte do time que ergueu a taça do Brasileiro em 2014.

Além da dedicação em campo, já estendeu a mão ao clube em um momento difícil: emprestou mais de R$ 30 milhões ao Cruzeiro, de 2020 a 2021.

É daquele tipo de jogador que bate no peito e assume a responsabilidade. Que tem a mesma vibração de torcedor. Para quem está na arquibancada, isso conta, e muito.

A volta, ainda que seja para só um jogo, é reconhecimento à história que o Flecheiro Azul tem com a camisa celeste – que ele veste (e pinta) com orgulho.

Compartilhe