COLUNA TIRO LIVRE

A explosão de sentidos nos Jogos Olímpicos de Paris

Ter suntuosas construções de cenário já garante a Paris palcos cênicos poucas vezes vistos em outras sedes

Oficialmente, os Jogos Olímpicos de Paris começam nesta sexta-feira (26/7). Mas como já é sabido, a largada sempre é “queimada”, com competições se iniciando antes da abertura oficial para ser possível caber tudo no calendário. Ninguém reclama, afinal, só de quatro em quatro anos que a gente tem a chance de vivenciar toda aquela globalização de sentimentos.

E é justamente essa explosão dos cinco sentidos que a capital francesa vai oferecer na segunda temporada olímpica. Há 120 anos, também foi pelas napoleônicas vias que houve a segunda edição da Olimpíada da era moderna.

De volta a Paris, os Jogos vão encontrar uma cidade multiétnica e cosmopolita, que expandiu consideravelmente seus limites, multiplicou exponencialmente o número de seus habitantes (e, na esteira, naturalmente, dos problemas), mas manteve o charme renascentista.

Ter suntuosas construções de cenário já garante a Paris palcos cênicos poucas vezes vistos em outras sedes. Imagina o luxo que vão ser as provas de hipismo no Palácio de Versalhes. Ou assistir a uma partida de vôlei de praia no Campo de Marte tendo ao fundo a Torre Eiffel.

Ainda: toda a exuberância do Grand Palais abrigando as disputas de esgrima e taekwondo. Sem contar as competições aquáticas passando sob a icônica Ponte Alexandre III, no Rio Sena. Por isso, de saída, já é possível garantir que a Olimpíada francesa será um deleite para os olhos.

É impossível falar de Paris sem pensar também na culinária francesa. Aqui entram em campo (quadra, tatame, piscina…) magret de pato, fondues, crepes, escargot, croissants, macarons, éclair, crème brulée, queijos, vinhos e companhia.

A audição, que normalmente poderia ser evocada de “La vie en rose” a “Joe Le Taxi”, vai embarcar nas manifestações sonoras dos torcedores. E aí, pode se preparar para tudo: dos cânticos para festejar vitórias a vaias de protesto – como algumas já vistas em competições envolvendo a Argentina, em reação à música de teor racista entoada por jogadores da seleção de futebol na comemoração pelo título da Copa América, citando inclusive Mbappé, há pouco mais de 10 dias.

O tato vem na forma do congraçamento entre atletas, treinadores, torcedores, voluntários, jornalistas, enfim, todos que testemunham a história esportiva sendo escrita. A emoção do abraço ao chegar em primeiro, segundo, terceiro, quarto… Às vezes até em 20º, mas ser essa a maior marca da vida. O consolo pelo triunfo que escapa nas últimas braçadas ou metros.

Mesmo acompanhando de longe, não dá para passar imune. Pode estar certo que algum personagem vai lhe pegar de jeito, tocar em seu sentimento. Uma pessoa que, às vezes, você jamais viu, ou de quem nunca ouviu falar. Anônimos que ganham minutos de fama que, para eles, são uma eternidade na glória simplesmente por estar ali.

É muito bacana assistir aos grandes nomes em ação, como será com o tenista espanhol Rafael Nadal, a camisa 10 do Brasil Marta e o craque estadunidense das cestas LeBron James, que estão, certamente, no ato final olímpico. Mas tão satisfatório quanto é compartilhar lágrimas com o competidor que chegou ali sem nenhum holofote, porém com muitos sonhos e dedicação. E sai deixando imortalizadas tocantes cenas na nossa memória.

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