A atual temporada do futebol brasileiro ainda não chegou ao fim, mas o calendário da próxima já está ativo para os clubes. Especialmente para os que dependem do desfecho deste ano para saber o que vislumbrar no seguinte. Para o Atlético, este sábado, 30 de novembro, pode ser, inclusive, chamado de 1º de janeiro de 2025.
Com pouquíssimas chances de se garantir na Copa Libertadores do ano que vem via Campeonato Brasileiro – há menos de 1% de probabilidade de isso ocorrer, segundo os cálculos do Departamento de Matemática da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) –, o alvinegro aposta todas as fichas na conquista do torneio continental.
A final contra o Botafogo, em Buenos Aires, vai atuar como uma demarcação temporal. Para o torcedor, será tão somente alegria ou tristeza, afinal, não costuma haver espaço para meio-termo nessa relação. Consequências imediatas alicerçadas apenas na emoção.
Mas, para o clube enquanto instituição (sobretudo agora, como SAF), o resultado na Argentina será responsável por desencadear todo um projeto de cunho até mesmo comercial. E isso certamente vai respingar no técnico Gabriel Milito e em alguns jogadores.
A taça (e com ela a classificação direta para a próxima Libertadores) vai pressupor mais receitas para 2025 e, a reboque, inspirar planejamento sustentado na ambição de novamente brigar pelo topo. No embalo de uma conquista expressiva, Milito ganhará pontos com a torcida e crédito para suas escolhas, além, claro, da continuação do trabalho. O fato de deixar o time numa parte intermediária da classificação do Nacional será mero detalhe.
O vice da Libertadores, por sua vez, reservará ao Atlético e seus personagens o limbo destinado a segundos colocados de forma geral no esporte. Após esse tipo de derrota, poucos são os que veem o mérito da caminhada até ali.
As adversidades superadas pelo Galo ao longo da competição serão esquecidas. Para a maioria, não restarão sequer resquícios, por exemplo, das imagens do êxtase pela classificação sobre o River Plate, no mesmo Monumental, poucas semanas atrás.
É o cruel efeito do revés como último ato, que apaga as mais belas histórias contadas em detrimento de um capítulo final distante da ilusão criada.
Premiação da Libertadores
Nesse cenário, o vice-campeonato terá, como efeito colateral, uma pressão imediata sobre Milito e os jogadores. O fato de deixar o time alvinegro numa parte intermediária da classificação do Brasileiro não mais será encarado como mero detalhe. E, nesses casos, sobra logo para o treinador.
Sem o aval de um título sonhado e especialmente lucrativo – o time campeão embolsa US$ 23 milhões, na cotação atual, quase R$ 138 milhões –, tudo tenderá a ficar um pouco mais sombrio. Será possível prever um 2025 de pé no freio, com ambições mais contidas.
No horizonte mais viável estaria, então, a vaga na Copa Sul-Americana. Nas contas da UFMG, o Atlético tem 75,6% de chance de se garantir nela. Mas não dá para negar que seria, menos do que um prêmio de consolação, uma espécie de penitência para um dos clubes brasileiros com mais participações em Libertadores nos últimos anos.
Desde o primeiro título, em 2013, o Galo só ficou de fora de duas edições (2018 e 2020) do principal torneio de clubes das Américas. Chegou ao mata-mata em 10 das 14 vezes em que o disputou, ao longo da história, sendo nove delas nos últimos 12 anos.
Por essas e outras, não é exagero dizer que Gabriel Milito e seus comandados estão a poucas horas do jogo mais importante de 2024 e de 2025. Quando o árbitro apitar o final de Atlético x Botafogo, neste sábado, um dos alvinegros vai comemorar um presente vitorioso e um futuro com perspectivas otimistas. Ao outro, restará lamentar.