
O cenário não é exatamente aquele imaginado pelo Atlético para o Campeonato Mineiro. Aliás, muito diferente do que até o mais pessimista dos prognósticos poderia apontar. Uma das principais forças do futebol de Minas, hoje o Galo é um dos times de pior campanha do Estadual. Caminha para a quinta rodada da competição sem uma vitória sequer. Lanterna do seu grupo.
Além do Atlético, apenas Democrata, Itabirito e Pouso Alegre não ganharam ainda entre os 12 times que disputam o Mineiro. Em que pese o fato de o Galo ter iniciado a disputa com uma base formada por atletas do Sub-20, o aproveitamento é muito ruim, levando-se em conta o formato do campeonato.
Só os lideres de cada chave, além do melhor segundo colocado geral avançam para a semifinal. A fórmula, a princípio, parecia estar na medida para favorecer os grandes da capital. Até pela diferença de investimento deles para os times do interior.
Para o Atlético, no entanto, não é esse o roteiro. São quatro pontos de distância para o líder do Grupo A, o Betim (8), três para o Tombense (7) e dois para o Uberlândia (6). Na ponta do lápis, esses são os concorrentes do Galo. Mas, na real, o principal adversário do alvinegro é ele mesmo.
Nas contas do técnico Cuca, está uma projeção só: vencer os quatro próximos duelos, contra Villa Nova (neste sábado), Athletic, Cruzeiro e Itabirito, para não depender de ninguém. Com essa sequência, o alvinegro chegaria a 16 pontos – segundo o Departamento de Matemática da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), esse patamar assegura 98% de chance de classificação para o mata-mata.
O problema é unir a expectativa de Cuca à realidade atleticana. Como a montagem do grupo de 2025 foi (está sendo) feito em ritmo lento, com jogadores chegando a conta-gotas, é natural que o ajuste leve mais tempo. Até lá, a equipe vai depender de desempenhos individuais. Contar com um chute potente de Hulk, uma bola bem colocada por Scarpa, uma infiltração de Arana, uma jogada voluntariosa de Deyverson e por aí vai.
Só que, individualmente, o Atlético ainda não funcionou também, inclusive nas partidas pela FC Series, nos Estados Unidos, que foram as que tiveram os jogadores da equipe principal.
As contas do Atlético
Hoje, a realidade do Galo é entrar em campo para derrotar o Villa Nova, no Alçapão do Bonfim, em Nova Lima, e torcer para que o Tombense perca para o Athletic e o Betim interrompa sua série invicta diante do Pouso Alegre.
É a pior campanha do Atlético em décadas. Neste século, só outras duas vezes o time alvinegro viveu fase semelhante. Em 2007 e 2014 também somou apenas quatro pontos nas quatro partidas iniciais do Mineiro. Nessas ocasiões, contudo, pelo menos ganhou uma partida.
Você pode achar que não faz muita diferença empatar quatro jogos ou ganhar um, empatar outro e perder dois. “São os mesmos quatro pontos”, dirão. Mas não é bem assim. A vitória não só tem peso emocional como é critério de desempate. Na atual situação, qualquer perspectiva a favor vale muito.
Para os supersticiosos como Cuca, segue um alento. Em 2007 e 2014, o Atlético reagiu no Estadual e não só foi à semifinal como disputou o título.
Pode parecer impensável o Galo não chegar à semifinal do Mineiro de 2025. Inclusive há tempo e pontos em disputa para uma mudança de cenário. Mas vislumbrar uma fase de mata-mata sem a presença atleticana não é nenhum absurdo. Não adianta acreditar que por ter mais dinheiro e jogadores mais caros as vitórias cairão do céu.