
De um lado, um time precisando decorar o caminho do gol, calibrar a pontaria. Esse é o Atlético de Cuca, que ao lado de Botafogo e Grêmio tem o segundo pior ataque do Campeonato Brasileiro (4 gols), atrás apenas do lanterninha Sport (3). Do outro, uma equipe precisando solidificar a defesa, fechar as portas para os atacantes rivais. É o caso do Mirassol, que vem de sequência de 12 partidas sofrendo gols.
Os dois estarão frente a frente neste sábado, no interior paulista, pela sexta rodada do Nacional. Será a receita perfeita para a redenção de um deles – ou a senha para um empate.
Mais do que nunca, o Galo precisa que a força da sua linha de frente passe da teoria para a prática. Afinal, o ataque, um dos setores mais reforçados nesta temporada (em termos de nomes e investimentos), ainda não deslanchou no Brasileiro.
O setor ofensivo atleticano recebeu, por exemplo, o jogador mais caro da história recente do clube, por quem o alvinegro desembolsou quase R$ 50 milhões: Júnior Santos.
Também chegaram, no início deste ano, Rony, outro nome de peso – custou na casa dos R$ 38 milhões –, e o argentino Cuello, que ano passado se destacou com a camisa do Athletico-PR e foi contratado por R$ 36 milhões. Apenas com esses trio, o clube ultrapassou a bagatela de R$ 120 milhões em gastos.
Da lista ainda faz parte João Marcelo, de 19 anos, porém, ele entra na seara das promessas, especialmente se comparado ao patamar dos outros reforços. Os quatro se juntaram à grande referência atleticana dos últimos anos: Hulk, capitão e artilheiro, autoridade quando o assunto é a área adversária.
Todas as cifras envolvendo esses jogadores, contudo, têm tido impacto de centavos. Nos jogos pela competição nacional, a equipe vem sendo mais lembrada pelas chances desperdiçadas do que pelas bolas que efetivamente pararam no fundo das redes adversárias. Desempenho muito abaixo da expectativa criada.
Em cinco partidas, são apenas quatro gols marcados. Na estreia, derrota por 2 a 1 para o Grêmio, no Sul, Rony deixou o dele. No jogo seguinte, os atacantes do Galo passaram em branco: 0 a 0 com o São Paulo. Em novo empate, 2 a 2 com o Vitória pela terceira rodada, coube a dois meio-campistas balançarem a rede: Fausto Vera e Igor Gomes.
Depois, mais uma partida com aproveitamento ruim dos homens de frente: revés por 2 a 0 para o Santos. Até que o time, finalmente, festejou o primeiro triunfo no campeonato – um magro 1 a 0, gol de Cuello.
Hulk e o Atlético
Principal nome do ataque atleticano, Hulk ainda busca deixar a marca dele nesta edição do Brasileiro, e isso é sintomático.
Não foram raras as vezes em que comentaristas diagnosticaram no Galo uma “Hulkdependência” nas temporadas passadas. Como se a falta do craque resultasse numa ressaca geral, uma abstinência implacável. Neste ano, com os nomes contratados, espera-se que essa lacuna seja de alguma forma preenchida, ou pelo menos atenuada, ainda que os reforços não estejam no mesmo patamar do camisa 7.
Neste sábado, no Estádio Municipal José Maria de Campos Maia, Atlético e Mirassol vão desafiar suas próprias escritas. Do lado paulista, a situação não é muito melhor. A última vez que sua retaguarda saiu de campo sem a meta vazada foi em 1º de fevereiro, na vitória por 1 a 0 sobre o Velo Clube, pelo Campeonato Paulista. Desde então, o Leão disputou sete jogos pelo estadual e cinco no Brasileiro – em todos sofreu pelo menos um gol.
Por isso, podemos estar diante de uma conjunção perfeita para qualquer um deles. O Atlético, necessitado de gols, pode encontrar solo fértil para fazer seu ataque florir. Ou, na contramão de uma otimista perspectiva alvinegra, ser mais do mesmo e acabar reabilitando a defesa do Mirassol, que voltaria a brilhar.