
Miami – Sei que a TV detentora dos direitos vai mostrar outra imagem da primeira Copa do Mundo de Clubes, disputada nos Estados Unidos, exaltando a competição como se fosse sucesso de público, renda e interesse. A realidade, porém, de quem vive aqui é bem diferente. Desinteresse total dos americanos, ao ponto de um bar de esportes, exibir 10 televisores, mas, nenhum deles, passar um jogo sequer da competição. Basquete, NFL (reprise da temporada passada), hóquei sobre o gelo, beisebol e por aí vai.
Dificuldade para chegarmos aos estádios, pois as autoridades cercam tudo e fecham o entorno, nos fazendo caminhar até 4 quilômetros. Na tribuna de imprensa dos estádios, um conforto ímpar, mas a Fifa não foi capaz de liberar, pelo menos, água para os jornalistas. Tudo é pago e uma garrafa de água custa cerca de 3 dólares (R$ 18). Lanches e almoços também são pagos e não tem nada barato. Um descaso com os jornalistas, que, normalmente, têm tudo de graça nos estádios dos jogos e nas tribunas de imprensa.
Com um calor insuportável, de quase 40 graus, não ter água de graça é um absurdo. Acho engraçado que na Copa do Mundo no Brasil, a Fifa comandou tudo, ditou regras. Aqui nos Estados Unidos, ficou caladinha e são os americanos quem determinam como a banda toca.
Temos visto alguns estádios com capacidade de 45%. Isso porque a Fifa reduziu em 85% o preço dos ingressos, pois não havia interesse do público, exceto de torcedores que vieram de outros países para acompanhar a competição, mas, em número bem reduzido, pois é uma competição fora de hora, imposta pela Fifa, goela abaixo.
O presidente da Federação Espanhola de Futebol, Javier Tebas, declarou que vai lutar, incessantemente, “para que essa competição não seja mais realizada”. Os clubes da Espanha, Real Madri e Atlético de Madri não têm o menor interesse em disputa-la daqui a 4 anos, e a maioria dos clubes europeus, também não. Estou vendo devaneios e eufóricos torcedores e jornalistas, dizendo que o nível do futebol brasileiro está bem perto do europeu.
Realmente a estreia dos clubes brasileiros foi muito boa, mas pela fragilidade e desinteresse dos clubes do Velho Mundo, desgastados pelo fim da temporada-, nesse período os jogadores estariam em férias, curtindo as baladas nos balneários como Ibiza, Saint-Tropez, Mikonos-, mas foram obrigados a se manter nos clubes para disputar esse Mundial.
Claro que para o torcedor brasileiro, que “se dane” o fato de os europeus terem terminado a temporada. Para eles importa que o futebol brasileiro está voando, no meio da temporada, e pronto até para surpreender e chegar à final. De todos que estrearam, gostei do Fluminense, de Renato Gaúcho. Um time bem treinado, que jogou pra frente e merecia ter vencido o Borussia Dortmund, que nem de longe, lembra o vice-campeão europeu de 2023.
O Chelsea, que empatou com o Palmeiras, é outro time bem fraquinho nesse Mundial. Bayern de Munique, Real Madri e PSG deverão ser os bichos-papões do torneio. Quero muito ver um clube brasileiro na finalíssima, pois isso nos tiraria do ostracismo em que vivemos, mas, que é um torneio fora de propósito, não tenho a menor dúvida.