COLUNA TIRO LIVRE

De todas as interrogações, a maior coube ao Cruzeiro de Jardim

A vaga na final da Copa do Brasil não está decidida, mas o Cruzeiro vai ter de voltar a jogar no mais alto nível para avançar

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Gol de mão? De braço? De cabeça? Sem querer (querendo)? Legal ou ilegal? Imagem real ou virtual, inteligência (ou não) artificial? Certezas e incertezas lado a lado. No fim das contas, uma constatação geral: o Cruzeiro do jogo de ida da semifinal da Copa do Brasil, contra o Corinthians, no Mineirão, foi mais uma dessas interrogações. Esteve longe do que esperavam torcida, crônica esportiva e, arrisco a dizer, até os adversários. Para essa conclusão, não é necessário VAR.

Como os olhares de quem analisou o lance que definiu o placar da partida, as imagens do Árbitro de Vídeo não foram infalíveis. Nunca são. Afinal, dependem da interpretação humana diante de um fato – ou do que é mostrado em câmeras espalhadas pelo campo. Quando elas não demonstram a suposta infração de forma clara e evidente, não dá para falar em arbitragem mal-intencionada ou parcial.

Foram muitas as opiniões desde que começou a circular pela internet um ângulo diferente do lance ao que havia sido mostrado durante a transmissão da partida. E não houve unanimidade – nem entre os próprios torcedores do Cruzeiro, nem entre os analistas de arbitragem.

A bola bateu na mão, disseram alguns. Outros, cravaram que Memphis ajeitou no braço. Há quem diga que primeiro tocou na cabeça e depois no ombro. E também um grupo a afirmar que, depois de tocar na cabeça do holandês, a bola resvalou no braço. E por aí vai.

A diversidade de versões concede à arbitragem o benefício da dúvida, já que não há consenso nem entre quem não está avaliando sob pressão e ainda tem a vantagem de voltar a imagem, congelar e avançar frame a frame em busca da opinião final.

Entre os especialistas no assunto também houve divergência. Paulo César Oliveira, que trabalha no Grupo Globo, disse não ter visto uma imagem conclusiva do lance, nem na transmissão da TV, nem nas imagens oficiais divulgadas pelo VAR, nem na filmagem feita pelo videomaker Cristian Sevieri, atrás da meta de Cássio e que sugere irregularidade na jogada.

“Nos lances de mão, o VAR só pode intervir se tiver 100% de certeza. Ou seja, precisa encontrar uma imagem absolutamente conclusiva. (…) Eu não tenho absolutamente certeza do toque de mão do Depay, portanto, se eu estivesse atuando no VAR, também confirmaria a decisão de campo”, disse PC Oliveira.

Já Renata Ruel, da equipe da ESPN, se manifestou depois de ver o vídeo feito pelo influencer, que é corintiano: “Por essa imagem, a bola toca no braço do Memphis, no gol do Corinthians contra o Cruzeiro. Se a bola tocar no braço, mesmo que tenha tocado na cabeça antes, mesmo que tenha sido de forma acidental, o gol tem que ser anulado pela regra. O VAR precisa agir nesse tipo de lance”.

Dos jogadores do Cruzeiro que participaram do lance, só o lateral William foi em direção ao árbitro Anderson Daronco reclamar que o gol de Memphis teria sido irregular. A dupla de zaga e o goleiro Cássio não reagiram nem durante o jogo, nem depois. Assim como o técnico Leonardo Jardim, que não citou a possibilidade de irregularidade na entrevista coletiva depois da partida. Todos só foram se dar conta de que poderia haver algum tipo de ilegalidade ao viralizar a imagem do videomaker nas redes sociais.

A CBF chegou a cogitar a possibilidade, inclusive, de ser fruto de Inteligência Artificial (IA) – o que foi refutado por Sevieri. Ele se pronunciou sobre a imagem captada e ainda alfinetou a CBF por não ter uma câmera no mesmo local onde ele estava.

De toda a polêmica, o que de fato é conclusivo é que o placar foi justo ao que as equipes produziram no primeiro duelo. A vaga na final da Copa do Brasil não está decidida, mas o Cruzeiro vai ter de voltar a jogar no mais alto nível que já mostrou neste ano para avançar. E tem condição de fazer isso domingo, no Itaquerão.

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