Com o ano de 2025 praticamente fechando as portas, é hora de olhar para trás e ver as lições que ficam. Aquele balanço salutar a todos, dentro e fora das quatro linhas: compreender o que passou, mudar o que for possível e projetar o que fazer de diferente daqui para frente. Esse exercício passa por colocar na mesa o que era expectativa e o que virou realidade, na vida e no futebol.
Para Atlético e Cruzeiro, esse contraste ficou bem nítido na temporada que termina. Eles seguiram caminhos distintos e chegam a dezembro em um cenário bem distante ao imaginado por muita gente no apito inicial de 2025. Para o bem e para o mal.
O Atlético largou em janeiro acreditando que o raio cairia pela terceira vez no mesmo lugar. Recorreu a Cuca, na esperança de que roteiros vitoriosos de 2013 e 2021 fossem reeditados, apostando numa espinha dorsal de respeito, capitaneada pelo artilheiro Hulk. Na opinião de cronistas esportivos ouvidos pelo site No Ataque, era um dos candidatos ao G-4 do Campeonato Brasileiro.
Foi assim até a página dois – no caso, o Campeonato Mineiro. Tão logo os desafios se tornaram maiores, o Galo de Cuca não mostrou a força que se esperava dele. Pelo contrário: perdeu totalmente o rumo. Tornou-se um time previsível e dependente de lampejos individuais. O projeto resistiu oito meses, quando a diretoria ouviu a voz da torcida e trouxe o argentino Jorge Sampaoli de volta.
O argentino fez o trabalho que era esperado: de imediato, tirou o Galo da UTI. Deu cara ao time. Nem todo mundo gostou dos métodos dele – aliás, a conversa que corre nos bastidores é que muitos jogadores, insatisfeitos, não pretendem continuar. E o problema não seria só com Sampaoli, segundo uma fonte ligada ao clube: haveria resistência também com o nome de Paulo Bracks, responsável pelo futebol.
Fato é que foi com o argentino barrando estrelas que o Atlético viveu seu melhor momento em 2025, teve suas melhores atuações no Brasileiro, entrando na briga por uma vaga na Copa Libertadores do ano que vem, e chegou à final da Copa Sul-Americana.
Mas o futebol cobra seu preço, e no caso do alvinegro, a conta veio na reta final, quando tudo desandou novamente: o time perdeu a final do torneio continental para o Lanús, da Argentina, e voltou a ver, de uma distância curta o suficiente para reviver certos traumas, a ameaça de rebaixamento.
O saldo entre expectativa e realidade foi negativo. O melhor que fica, de 2025, é o recado direto de Sampaoli aos dirigentes, em sua última entrevista, lembrando o quão frustrantes foram os dois últimos anos para os torcedores e o que é necessário para escrever uma história diferente em 2026.
Os benefícios de Leonardo Jardim para o Cruzeiro
Pelos lados da Toca da Raposa, 2025 mal começou e o técnico Fernando Diniz já estava sendo espezinhado. Antes mesmo que o primeiro mês do ano tivesse fim, a diretoria optou pela mudança de rota, demitindo Diniz. No início de fevereiro, trouxe Leonardo Jardim, numa cartada certeira.
Os benefícios com o português no comando foram além do futebol – até o próprio dono do Cruzeiro, Pedro Lourenço, admitiu isso. Jardim deu pitaco em outras áreas e, com o olhar de gestor tanto quanto o de treinador, atuou informalmente em outras frentes dentro do clube.
O treinador foi decisivo, por exemplo, para a chegada de Joaquim Pinto, contratado como chefe de scout e hoje alçado à função de diretor executivo – inclusive, no novo cargo ele teve participação direta na negociação para a chegada de Tite, comandante celeste para 2026.
Ao contrário do Atlético, o Cruzeiro fez uma curva ascendente na temporada. De poucas expectativas no início, entregou muita realidade no fim. Brigou nas cabeças pelo título brasileiro baseado em um futebol coletivo. Chegou ao limite.
Se Jardim tivesse continuado, seria o cenário perfeito para 2026. Querendo ou não, há uma mudança de trabalho, uma transição que acaba por gerar alguma incerteza. Jardim era a zona de conforto do cruzeirense, a convicção de dias melhores – por mais que o futebol não ofereça garantias. Com Tite, a Raposa volta ao patamar da esperança.