DA ARQUIBANCADA

Futebol e saúde mental não só combinam como andam lado a lado há tempos

Quando vejo situações do América dentro de jogos difíceis fica muito claro: para suportar a pressão, a mente forte conta mais que o corpo

Tanto no clássico contra o Atlético, quando buscamos um improvável empate após perder por 2 a 0, quanto no jogo de ontem contra o Colo-Colo do Chile, com um gol nosso no final que pode mudar a classificação, ficou muito claro: em situações que parecem sem saída, o equilíbrio do grupo, o fator emocional e psicológico são as armas capazes de mudar o jogo, literalmente.

Estar sob pressão intensa, como é no esporte de alto nível, e suportá-la até onde o corpo não aguenta mais é a chave para ser grande. E como fazer isso?

Certamente, estando com a saúde mental em dia, tema que sempre foi tabu no futebol, esporte considerado outrora essencialmente masculino. Mas as mudanças estão em curso, e que bom!

Para confirmar este argumento, ouvimos a psicanalista esportiva Amanda Ciaramicoli, que se autodenomina “treinadora mental de atletas”. Ela tem se dedicado trabalhar as modalidades esportivas com o olhar na neuro nutrição, que lhe possibilita auxiliar atletas a enfrentarem seus comportamentos e suas emoções em campo.

Amanda está desde 2014 na área e já atendeu mais de 1.000 atletas. Ela cita o futebol feminino, que vai viver sua principal Copa do Mundo em 2023, como exemplo de ambiente que já se utiliza este tipo de profissional para manter a sanidade e o rendimento mental das atletas em dia.

“Atualmente, o futebol feminino já ganhou muito espaço e eu entendo que o trabalho mental pode ajudar bastante as atletas a performarem melhor, assim como acredito que o futebol masculino precisa se abrir cada vez mais a este tipo de profissional da saúde”, explica Amanda.

América é bipolar?

No América, o setor de preparação física é de altíssimo nível, mas acredito que ainda são necessários investimentos mais robustos na parte mental e psicológica. Vemos frequentemente decisões descabidas por parte de alguns jogadores, notavelmente nervosos e desconcentrados.

Percebemos também discussões entre a própria equipe e uma falta de alinhamento da comunicação e energia durante o jogo. Sem dúvidas, isso reverte muitas vezes em comportamentos que ajudam o adversário a vencer e trazem prejuízos ao time.

Uma característica muito presente na equipe também é, após tomar um gol, desconcentrar e perder o equilíbrio no jogo, sofrendo um apagão desproporcional ao golpe, o que gera grandes danos no resultado.

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