Há muitos assuntos que nós, homens, acabamos não sabendo colocar da melhor maneira. Até mesmo quando temos uma visão correta, muitas vezes não transmitimos com a sensibilidade certa. Um deles é, sem dúvida, quando tentamos abordar, sob nossa ótica, o crescimento das mulheres em ambientes (esportivos ou não), cargos e posições de carreira que eram comumente tratadas como “coisa de homem”.
O melhor exemplo disso é o futebol feminino que, mesmo tendo números expressivos e com uma Copa do Mundo (ainda em curso) que quebrou recordes de audiência, ainda sofre com o estigma. Mas não sou eu quem deve dizer. Ou melhor, não tenho propriedade para dizer sozinho.
Por isso, abri aqui este espaço para a opinião de uma mulher que sabe falar sobre o assunto: a professora e Executive Trainer, Danieli Wegermann, que é referência no empoderamento profissional feminino e em temas como gestão de pessoas e o futuro do trabalho. Com vocês, o que ela pensa sobre a relação entre mulheres, esportes e mundo empresarial:
“Assim como acontece no futebol, os espaços corporativos, em sua maioria, trazem para as mulheres um ambiente de muitas críticas, comparações arbitrárias e poucos incentivos.
Igualmente ocorre às nossas jogadoras em campo, a mulher que opta por quebrar paradigmas e que decide se lançar numa jornada de liderança num ambiente majoritariamente masculino precisa desenvolver algumas habilidades essenciais, como resiliência extrema, o confronto com a ideia de desagradar pessoas e a capacidade de se pautar muito mais em motivadores internos do que externos e no poder do seu propósito/legado pessoal, ao invés de focar em encorajamentos e validações.
No futebol, por exemplo, a participação feminina vai, ainda que em passos lentos, ganhando mais expressividade, já que nunca tivemos uma Copa tão noticiada. Já no mundo corporativo, a participação feminina em cargos de presidência nas empresas brasileiras, por exemplo, cresceu, de 2019 a 2022, de 13% para 17% dos CEOs do país (Panorama Mulheres 2023 – Insper).
Claro que ainda é ‘pouco’ se comparado com a representatividade feminina no país e com a população feminina brasileira com ensino superior completo, mas é muito mais do que já conquistamos em qualquer momento da nossa história! E isso deve ser frisado e comemorado.
A tão sonhada taça do mundo de 2023 já não vai ser nossa, infelizmente, mas certamente a vitória final e a certeza de que a luta está sendo bravamente travada (seja no campo ou nos boards corporativos) já é!”
Obrigado, Dani, pelas sábias palavras. A voz e a vez delas devem sempre estar garantidas, com holofote e alto faltante, e esta coluna se orgulha de privilegiar isso. Seguimos daqui apoiando o futebol feminino, iniciativa cada vez mais forte em Minas e no América.
Prova disso é que as coelhinhas conquistaram a classificação inédita para a Série A do Campeonato Brasileiro Feminino neste ano. Todo respeito a elas.
Que as mulheres possam estar em qualquer esporte, cargo e carreira. Parabéns às jogadoras que enfrentam tantas dificuldades, mas não desistem nunca.