A vitória do Brasil sobre o Chile já era esperada. Porém, os testes feitos pela técnica Pia Sundhage, a goleada imposta pela Seleção Brasileira, a presença de Marta em campo e a empolgação da torcida em Brasília deram contornos especiais à despedida da equipe canarinha antes da ida à Austrália para disputar a Copa do Mundo Feminina.
A Seleção venceu o Chile em amistoso internacional por 4 a 0 na manhã deste domingo (2/7), no Mané Garrincha, em Brasília, e se despediu do torcedor brasileiro. Nesta segunda-feira (3/7), o elenco do Brasil viaja rumo ao Mundial.
Goleada brasileira
Um jogo tranquilo no Distrito Federal. Dentro de campo, o time que disputará a Copa do Mundo se impôs contra o rival que perdeu a chance de estar no Mundial de 2023 ao ser derrotado pelo Haiti na repescagem. O Brasil dominou, goleou e fez a sua parte.
Dentro de campo, Pia Sundhage conseguiu fazer testes importantes. Poupando algumas peças, como Debinha e Marta, a treinadora sueca deu oportunidades para outras joagdoras, como Nycole e Gabi Nunes, que aproveitaram com boas atuações. No segundo tempo, com mudanças, a técnica também mudou a formação tática e visualizou possibilidades.
Pia conseguiu fazer isso graças à goleada confirmada rapidamente pela Seleção Brasileira. Logo no início, Nycole cruzou, e Gabi Nunes abriu o placar de cabeça. Em lance semelhante, Duda Sampaio, ex-Cruzeiro e América-MG, ampliou o marcador. Luana, em um belo chute de fora da área, fez o terceiro. E para fechar a goleada, Geyse, também por meio de um cabeceio, definiu: 4 a 0.
O placar ilustra a disparidade técnica entre as equipes. O Brasil é muito superior e deixou isso claro. Os gols de cabeça e os testes evidenciam algumas características que serão vistas no Mundial a partir de 24 de julho, quando a Seleção estreia contra o Panamá.
Presença de Marta
Desde antes do início da partida, a torcida queria algo em específico: a presença de Marta. Foram gritos especiais para a Rainha no lado de fora do Mané Garrincha, saudações no aquecimento e na chegada dela no banco de reservas e até mesmo bandeiras com o rosto da camisa 10. E ela entrou em campo.
Mesmo sem as condições físicas ideais, a Rainha atuou por 16 minutos. Não teve uma grande exibição, é verdade, até porque o jogo já estava decidido e o calor no forte sol do Distrito Federal já estava complicando o desempenho de todas as atletas. Porém, o desempenho marcante de Marta foi além das quatro linhas.
A atleta saudou os torcedores presentes no Mané Garrincha desde o aquecimento até o fim do jogo. Marta fez questão de agradecer a presença dos brasileiros nesse último contato antes da viagem para a Copa do Mundo, retribuiu todo o carinho recebido e entendeu a sua idolatria no futebol brasileiro.
Mesmo com todo o reconhecimento, a Rainha, que é a única mulher a ser seis vezes a melhor jogadora do mundo, demonstrou a sua humildade após o jogo ao ser perguntada sobre a sua importância em meio ao grupo da Seleção Brasileira.
“Eu tenho duas pernas, dois braços. Sou um ser humano. Eu acho que sempre pensei desta maneira e é por isso que a gente continua agradando a maioria das pessoas. É lógico que nem todo mundo vai gostar do nosso trabalho, vai ter alguém que sempre vai criticar, mas 99% gosta e é isso. Eu sou uma atleta como qualquer outra e estou aqui para ajudar. Eu sempre me disponho a dar o meu melhor e a ajudar as meninas mais novas”
Empolgação da torcida
O público do Mané Garrincha não foi dos melhores – 15.892 pessoas – e vários setores do estádio nem sequer foram abertos. A procura poderia ter sido a ideal caso as entradas tivessem preços acessíveis, porém os ingressos custaram de R$ 75 até R$ 300 e afastaram potenciais interessados.
Mesmo assim, foi vista uma bonita empolgação nas arquibancadas do estádio em Brasília. Os torcedores que estiveram no estádio mostraram muita animação com as jogadoras do Brasil: vibraram em cada lance marcante, como os dribles de Tamires, comemoraram muito as quatro bolas na rede e aplaudiram cada movimento em campo.
Durante o primeiro tempo, a torcida se animou até mesmo com o aquecimento das atletas. Ao notar que Debinha e, principalmente, Marta estavam na preparação para entrar em campo, os torcedores ovacionaram como se fosse mais um gol da Seleção.
Uma questão interessante em relação ao público que esteve presente no Mané Garrincha foi observar a grande quantidade de crianças, mulheres e famílias. Definitivamente, o futebol é para todos, e os torcedores entenderam que o grupo da Seleção Brasileira Feminina merecia ser apoiado antes do Mundial – e em qualquer outro momento.