AYRTON SENNA

Médico que socorreu Senna revela causa da morte do piloto

Médico anestesista que socorreu Senna após a grave batida no circuito do GP de San Marino revelou a verdadeira causa da morte do piloto
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O médico anestesista Alessandro Misley, que socorreu Ayrton Senna logo após a grave batida no circuito do Grande Prêmio de San Marino, no dia 1º de maio de 1994, em Ímola, na Itália, revelou a verdadeira causa da morte do piloto. Durante trinta anos, o motivo mais difundido que teria ocasionado a morte de Senna era o impacto da barra de suspensão no momento da colisão.

No aniversário da morte do piloto, completos 30 anos nesta quarta-feira (1/5), o médico socorrista deu entrevista ao Uol e relembrou o trágico dia para toda uma nação de brasileiros. Por uma fração de segundos, o tricampeão Ayrton Senna se chocou numa curva e parou o Brasil.

Após a batida, os médicos invadiram a pista para socorrê-lo. Segundo Misley, a situação do brasileiro já não era boa quando foi atendido ainda dentro do carro da Williams.

“Infelizmente, a situação logo se transformou em dramática, porque Ayrton teve lesões na cabeça, na cervical e na base do crânio. Instantaneamente, ele ficou inconsciente. Os sinais vitais estavam alterados. As condições não indicavam nada de bom. Tinha saído sangue da boca e do nariz, e, infelizmente, havia matéria cerebral [espalhada]. Ainda assim, fizemos várias tentativas de aspiração, ventilação e oxigenação”, contou.

Desde a morte do piloto, muitos apontaram que o agravante do acidente foi o impacto da barra de suspensão. Após a colisão, a barra se soltou e atingiu a viseira do capacete de Senna e, depois, sua testa. Contudo, Misley desmentiu a teoria e revelou o verdadeiro motivo que ocasionou na morte do ídolo nacional.

“De fato, um pedaço da suspensão entrou pelo no capacete e provocou uma lesão a nível frontal de poucos centímetros, o que, claro, não é inócuo. Mas, com certeza, não foi esse o problema que provocou a morte de Senna. A morte de Senna foi provocada pela fratura da base do crânio, devido ao forte impacto causado pela desaceleração. A lesão da barra de suspensão é secundária e não letal. [Se fosse só ela], Senna estaria vivo”

Alessandro Misley, médico anestesista

Em razão da brusca batida – Senna estava a 300km/h – por causa do corpo em alta velocidade, o cérebro, que flutua dentro do crânio, permanece em movimento mesmo após o término do impacto. Com isso, o cérebro se move dentro do crânio e pode se chicotear contra as paredes internas, incluindo a base craniana.

Segurança para os pilotos

Atualmente, os pilotos têm maior proteção dentro do carro de corrida. Naquela época, Senna e os demais corriam sem qualquer proteção secundária para a cabeça – apenas o capacete. A criação do sistema HANS (Head and Neck Support ou “Proteção de cabeça e pescoço”), nos anos 90, foi fundamental para que os pilotos estivessem mais seguros nas pistas.

De acordo com Misley, a utilização do sistema, que atualmente é obrigatório, poderia ter reduzido os danos no acidente de Senna.

“Não digo que [com o HANS] não teria acontecido nada [com Senna], mas certamente o impacto e os danos seriam menores”, afirmou.

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