Terceiro país com mais títulos do Mundial de Pilotos na história da Fórmula 1, o Brasil, dono de oito campeonatos (três de Ayrton Senna, três de Nelson Piquet e dois de Emerson Fittipaldi), volta a ter um representante no grid da categoria mais prestigiada do automobilismo na madrugada deste domingo (16/3).
Em Melbourne, no GP da Austrália, o jovem Gabriel Bortoleto disputará a primeira corrida na F1 depois de conquistar, de forma consecutiva, títulos nas classes de acesso: Fórmula 3, em 2023; e Fórmula 2, em 2024. Dessa maneira, aos 21 anos, ele reacende em muitos brasileiros a paixão pela velocidade. Afinal, o ano de 2017 foi o último com um piloto do Brasil como titular na F1, quando Felipe Massa correu uma temporada completa pela Williams.
A expectativa dos fãs é alta depois de um hiato de sete anos sem automobilistas do país no grid. Nesse período, Pietro Fittipaldi – neto do bicampeão Emerson – chegou a disputar duas provas da categoria, em 2020. Entretanto, ele era o piloto reserva da equipe Haas e substituiu o franco-suiço Roman Grosjean, que sofreu um gravíssimo acidente no GP do Bahrein.
Apesar de Bortoleto ser uma grande promessa do esporte, a primeira temporada na F1 não deve ser nada fácil. Ele vai correr pela Sauber, que ficou em último lugar no Mundial de Construtores do ano passado com apenas quatro pontos conquistados pelo chinês Guanyu Zhou na penúltima prova.

Este ano, inclusive, é o último da equipe com este nome. O time suiço foi comprado pela alemã Audi e terá nova vida na F1 a partir de 2026. As contratações de Bortoleto e Nico Hulkenberg para 2025 já ocorreram como parte do processo de transição, depois da demissão de Zhou e Valtteri Bottas.
Diante da expectativa para a primeira corrida de Bortoleto, o No Ataque relembra agora como foram as estreias de grandes campeões da Fórmula 1 como Senna, Michael Schumacher, Lewis Hamilton, Sebastian Vettel e Max Verstappen.
Ayrton Senna

Ayrton Senna chegou à Fórmula 1 em 1984 pela modesta Toleman, após ver portas se fecharem em equipes mais competitivas como McLaren, Lotus e Brabham. Apesar do enorme talento demonstrado nos testes, questões políticas e comerciais impediram a contratação do brasileiro por times de ponta. Coube a Senna iniciar a trajetória na categoria com um carro limitado, enfrentando um desafio ainda maior do que outros estreantes daquela geração.
Logo na primeira corrida, justamente no Grande Prêmio do Brasil, em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, Senna abandonou cedo devido a problemas no motor. Mas a primeira demonstração de habilidade veio já na segunda prova, na África do Sul, onde conquistou o primeiro ponto ao terminar em sexto, mesmo sofrendo com fortes cãibras no pescoço e nos ombros.
O lendário piloto repetiu o resultado na Bélgica e, pouco depois, no caótico GP de Mônaco, onde marcou seu nome na história. Debaixo de chuva intensa, saiu da 13ª posição e ultrapassou lendas como Niki Lauda, alcançando o segundo lugar e reduzindo drasticamente a diferença para Alain Prost antes da prova ser interrompida por questões de segurança.
O desempenho assombroso na pista molhada de Monte Carlo foi um prenúncio do que viria pela frente. Ayrton Senna ainda conquistou dois pódios na temporada, na Inglaterra e em Portugal, terminando o campeonato em nono lugar, com 13 pontos. Mas a relação com a Toleman se desgastou antes mesmo do fim do ano. Em meio a negociações com a Lotus para 1985, Senna foi suspenso pela equipe e não disputou o GP da Itália. Nada que impedisse o avanço meteórico no automobilismo mundial, que resultou em três títulos (1988, 1990 e 1991).
Michael Schumacher

A estreia de Michael Schumacher na Fórmula 1 ocorreu no GP da Bélgica, pela Jordan, em 1991. O piloto alemão foi chamado para a primeira corrida graças a uma situação inusitada. Ele substituiu o piloto Bertrand Gachot, que foi preso de forma inesperada por causa de uma briga de trânsito com um taxista, em Londres, meses antes.
Sem nunca ter competido em Spa-Francorchamps, o alemão surpreendeu a todos ao aprender o circuito pedalando por ele em uma bicicleta dobrável. No classificatório, colocou o Jordan 191 em uma inesperada sétima posição, superando seu companheiro de equipe, Andrea de Cesaris, e atraindo a atenção de jornalistas e equipes.
Apesar da excelente performance na qualificação, Schumacher teve um abandono precoce na corrida devido a um problema na embreagem. No entanto, sua estreia impressionante foi suficiente para marcar o início de sua ascensão na F1. O jovem piloto logo se tornou um dos mais comentados, com jornalistas destacando-o como o maior talento da Alemanha desde Stefan Bellof.
Após sua performance em Spa, Schumacher foi contratado pela Benetton para a corrida seguinte, em Monza, antes mesmo de um contrato definitivo ser assinado com a Jordan. A equipe irlandesa tentou barrar a transferência, mas sem sucesso. Schumacher passou a competir ao lado de Nelson Piquet, e rapidamente mostrou sua habilidade, superando o veterano em várias classificações.
Na sua primeira temporada, Schumacher somou quatro pontos em seis corridas, destacando-se principalmente com um quinto lugar no GP da Itália, onde superou Piquet. Ele também se mostrou mais rápido do que o brasileiro em quatro das cinco classificações em que competiram, ficando a apenas meio ponto de Piquet no campeonato. Esse desempenho consolidou Schumacher como um dos maiores talentos da F1, e sua trajetória de sucesso, com sete títulos mundiais, estava apenas começando.
Lewis Hamilton

Antes de chegar à Ferrari e também de fazer história na Mercedes, o heptacampeão mundial Lewis Hamilton estreou na Fórmula 1 pela McLaren, em 2007. Após uma temporada vitoriosa na GP2, o britânico foi confirmado como segundo piloto da equipe para acompanhar o bicampeão espanhol Fernando Alonso.
Na primeira corrida no GP da Austrália, Hamilton fez história ao se tornar o primeiro piloto negro a competir na F1, terminando a prova em terceiro lugar.
Ao longo daquele ano, Hamilton quebrou vários recordes, como o de mais pódios consecutivos no início de uma carreira (9), mais vitórias (4, empatado com Jacques Villeneuve) e mais pontos (109) em uma temporada de estreia.
Embora tenha liderado o campeonato pela primeira vez já no quarto GP do ano, a busca pelo título de Hamilton foi prejudicada por erros estratégicos da McLaren e problemas técnicos com o carro. Dessa forma, ele perdeu o troféu de campeão do Mundial de Pilotos por apenas um ponto para Kimi Raikkonen.
Sebastian Vettel
Em 2007, Sebastian Vettel foi confirmado como piloto de testes da BMW, e a oportunidade de estrear como titular surgiu após o acidente de Robert Kubica no GP do Canadá. No GP dos Estados Unidos daquele ano, ele foi convocado para substituir Kubica e, com apenas uma corrida no currículo, mostrou seu potencial ao largar em sétimo e terminar em oitavo.
A ascensão foi meteórica, e em 2008, ele foi contratado pela Toro Rosso, onde conquistou sua primeira vitória no GP da Itália, em Monza. Esse feito, além de marcar sua estreia no topo do pódio, também fez de Vettel o piloto mais jovem a vencer uma corrida de Fórmula 1 na época, reforçando seu status como uma das maiores revelações da categoria. Esse primeiro triunfo foi o ponto de partida para a trajetória de sucesso que levaria Vettel a conquistar quatro campeonatos mundiais consecutivos, transformando-o em um dos maiores nomes da história da F1.
Max Verstappen

Filho de Jos Verstappen, piloto da Fórmula 1 na década de 1990 e início dos anos 2000, Max Verstappen teve uma entrada impressionante na Fórmula 1 com uma estreia no GP do Japão em 2014, quando substituiu Jean-Éric Vergne em um treino livre. Aos 17 anos e três dias, o neerlandês fez história como o piloto mais jovem da F1 a participar de um fim de semana de corrida.
Em agosto do mesmo ano, Verstappen assinou com o Red Bull Junior Team, depois de testar um carro da Fórmula Renault 3.5. A essa altura, ele já estava sendo cortejado pela Mercedes para ingressar no programa de desenvolvimento de pilotos, mas a Red Bull se destacou ao garantir o jovem talento.
A estreia oficial de Verstappen em uma corrida do Campeonato Mundial veio no GP da Austrália de 2015, quando ele, com 17 anos e 166 dias, quebrou o recorde de Jaime Alguersuari ao se tornar o piloto mais jovem da história a participar de uma corrida.
Mesmo enfrentando uma falha no motor que o forçou a abandonar a corrida, Verstappen deu uma boa impressão. No GP seguinte, na Malásia, ele conquistou os primeiros pontos ao terminar em sétimo lugar, mais uma vez quebrando o recorde de piloto mais jovem a pontuar na F1.
Ainda naquela temporada, no GP de Mônaco, Verstappen teve o primeiro grande incidente, envolvendo-se em uma colisão de alta velocidade com Romain Grosjean, após um erro de cálculo na frenagem.
O acidente resultou em uma punição de cinco posições no grid e uma crítica do brasileiro Felipe Massa, que chamou o jovem de “perigoso”. Apesar desse problema, Verstappen continuou a demonstrar talento, terminando o ano com vários pontos e uma incrível ultrapassagem sobre Felipe Nasr no GP da Bélgica, que lhe rendeu os prêmios de “Rookie do Ano”, “Personalidade do Ano” e “Ação do Ano” na cerimônia de premiação da FIA.
Hoje, Verstappen é tetracampeão mundial (2021, 2022, 2023 e 2024).