FÓRMULA 1

Morre Eddie Jordan, que abriu as portas da F1 para Schumacher

Eddie Jordan, o 'descobridor' de Schumacher, anunciou, em dezembro de 2024, ter sido diagnosticado com câncer de próstata e bexiga

Eddie Jordan, ex-proprietário da equipe de Fórmula 1 que deu ao alemão Michael Schumacher sua primeira oportunidade na principal categoria do automobilismo, morreu aos 76 anos, vítima de câncer de próstata, anunciou sua família nesta quinta-feira (20/3).

“Com profundo pesar, anunciamos o falecimento de Eddie Jordan, ex-proprietário de uma equipe de F1, consultor de televisão e empresário”, escreveu a família em um comunicado.

O irlandês, que passava por um tratamento na África do Sul, “faleceu com a família ao seu lado na Cidade do Cabo, na madrugada de 20 de março de 2025”, acrescentou a nota.

Em dezembro de 2024, ele anunciou que havia sido diagnosticado com uma forma agressiva de câncer de próstata e bexiga. Nascido em Dublin em 30 de março de 1948, ele deixa sua esposa, Marie, uma ex-jogadora de basquete irlandesa, e quatro filhos.

O CEO da Fórmula 1, o italiano Stefano Domenicali, reagiu à notícia da morte e, em nome da empresa que administra a principal categoria do automobilismo, disse que estava “profundamente triste”.

“Com sua energia inesgotável, sempre soube fazer as pessoas sorrirem, permanecendo autêntico e brilhante em todos os momentos”, destacou Domenicali. “Representa toda uma era da F1 e sentiremos muita falta”, acrescentou.

Schumacher e a Jordan

Eddie Jordan fundou a equipe Jordan F1 em 1991 e teve o estreante Michael Schumacher entre seus primeiros pilotos no Grande Prêmio da Bélgica de 1991. A equipe disputou 250 Grandes Prêmios até sua venda no final de 2005.

O ex-bancário se apaixonou pelo automobilismo em uma folga de verão em Jersey. Retornando a Dublin, ele prontamente venceu o campeonato irlandês de kart em 1971 – passando a competir como piloto nos campeonatos de F3 e F2.

No final dos anos 1970, pendurou o macacão para lançar sua equipe. Os primeiros pilotos incluíram Martin Brundle, agora um respeitado comentarista de F1, que terminou em segundo lugar, atrás do falecido Ayrton Senna, na F3. Sua equipe ganhou o título de F3 de 1987 com outro britânico, Johnny Herbert.

A Jordan Grand Prix, liderada por um homem que já pensou em se tornar padre, entrou na pista rápida da F1 em 1991. Foi na 11ª rodada daquela temporada na Bélgica que Jordan, um mestre em identificar e nutrir jovens talentos, colocou Schumacher na estrada que daria aos alemães sete títulos mundiais de pilotos.

A grande chance de Schumacher só surgiu quando Jordan estava em busca de um substituto de última hora para Bertrand Gachot, que não estava disponível para correr após ser preso por agressão.

O “grande dia” da equipe Jordan veio em 1998, quando Damon Hill e o irmão mais novo de Schumacher, Ralf, deram à escuderia uma dobradinha no Grande Prêmio da Bélgica em Spa-Francorchamps.

Heinz-Harald Frentzen terminou em terceiro na corrida pelo título de pilotos na temporada seguinte, pela equipe reconhecida por superar expectativas. Depois disso, começou o declínio da Jordan, desencadeado por uma troca de motores e perda de patrocínio, mas não antes do auge da F1 — com Giancarlo Fisichella vencendo o GP do Brasil em 2003.

O brasileiro Rubens Barrichello também correu pela Jordan, entre 1993 e 1996.

Ele fez uma homenagem a Eddie Jordan nas redes sociais. “Lá se vai um cara gente boa. Aquele que me deu a primeira chance na F1, aquele que parava para todos e que todos adoravam. Na nossa primeira pole, aquele abraço… e no nosso primeiro pódio então. Vou guardar muitos momentos, meu caro amigo… Obrigado por tudo que fez pela F1, por ter ido no paddock da F3 e F3000 me procurar. Enfim, obrigado, amigo Eddie. Vou sentir muita falta de você”, escreveu.

Jordan vende tudo e faz fortuna

Confidente próximo do antigo mestre de cerimônias da F1 Bernie Ecclestone, Eddie Jordan vendeu tudo em 2005, dizendo que a equipe havia conquistado cinco vitórias – quatro na pista e a quinta, a sobrevivência com um orçamento apertado.

Após uma série de “disfarces” diferentes, a equipe ainda é representada no grid hoje como Aston Martin, operando na antiga casa de Jordan na F1 em Silverstone.

Uma personalidade envolvente, eloquente e franca com uma inteligência rápida e viva, Jordan continuou sendo presença regular no grid, como comentarista e especialista. Seus interesses se estendiam muito além da F1: era acionista da gigante escocesa Celtic, possuía cavalos de corrida e se destacava como ávido jogador de golfe, ciclista e velejador.

Acumulou fortuna estimada em 2023 em US$ 600 milhões, com investimentos em petróleo e propriedades, jogos e fundos de hedge.

Recebeu a medalha honorária da Ordem do Império Britânico em 2012 pelo extenso trabalho de caridade.

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