O uso do VAR no amistoso entre Estados Unidos e Brasil, nesta quarta-feira (12/6), agitou as redes sociais. O árbitro hondurenho Said Martínez tomou uma decisão inusitada ao ser avisado pelo mexicano Oscar Romo, responsável pelo vídeo no Camping World Stadium, em Orlando, na Flórida.
O lance aos cinco minutos do segundo tempo envolveu o atacante Rodrygo. Autor do gol brasileiro no empate por 1 a 1, o jogador do Real Madrid caiu perto da meia-lua ao tentar acelerar com a bola para entrar na grande área. Inicialmente, Said Martínez deu falta do zagueiro Chris Richards e lhe mostrou o cartão amarelo.
O VAR, então, fez o alerta a Martínez sobre uma irregularidade. Ao assistir ao replay na beira de campo, o juiz chegou à conclusão de que, na verdade, o choque não foi faltoso – Richards deu leve toque na bola antes de atingir Rodrygo. Assim, ele anulou tanto o tiro livre favorável ao Brasil quanto o amarelo a Richards.
Os jogadores brasileiros e o técnico Dorival Júnior ficaram na bronca. Afinal, tratava-se de uma cobrança frontal, a poucos passos da meia-lua, com chance de levar perigo à meta dos EUA. Eles argumentaram que o uso do VAR havia sido fora do protocolo.
Porém, o narrador da TV Globo, Luís Roberto, trouxe uma explicação diferente. Segundo ele, o árbitro tem a possibilidade de mudar a interpretação de qualquer lance ao se dirigir no VAR, desde que ele tenha sido chamado para revisar as jogadas permitidas pela regra.
“Ele pode ter sido chamado para revisar o cartão e entendeu que não houve falta. Isso é possível. O que ele não pode é ser chamado por causa da falta (…). Se (ao assistir ao vídeo) ele entender que não houve falta, pode anular”.
Análises de especialistas
A ex-árbitra e atual comentarista Renata Ruel defendeu a ação de Said Martínez. Ela traçou um paralelo com um lance ocorrido na vitória do Internacional sobre o Delfín, por 1 a 0, pela Copa Sul-Americana. Na ocasião, o árbitro da partida havia ido ao VAR para checar um possível pênalti, mas acabou anulando a jogada após identificar impedimento.
“O VAR chama, no jogo do Brasil, por entender que seria cartão vermelho/oportunidade clara gol, se fosse falta. O árbitro pode ir ao monitor e manter a decisão de falta e seguir com amarelo ou, mudar para vermelho, ou mudar e tirar a falta e o cartão. O protocolo é parecido com o do (jogo) Inter”.
“O VAR entende que não foi falta, mas, se fosse, seria para vermelho. Chama o árbitro para que o mesmo faz a análise, tome a decisão e explique aos demais”, completou Renata.
O ex-árbitro Paulo César de Oliveira, comentarista do SporTV, avaliou de forma parecida à de Renata Ruel ao citar o pênalti anulado em Internacional x Delfín.
“Um pênalti em cima do Bruno Henrique, mas ele estava em posição de impedimento na hora do lançamento. Essa, para mim, é a possibilidade mais plausível. Ele mostra: ‘olha, chequei, era uma situação clara de gol’. Mas houve um toque na bola”.
Paulo César de Oliveira
PC apenas fez a ressalva de que a arbitragem deveria ter sido mais clara na explicação de que a jogada em Estados Unidos x Brasil passava por revisão.
“Faltou ao árbitro fazer o gesto para avisar que jogada estava sendo revisada. Depois de algum tempo, ele vai ao monitor. O VAR mostra primeiramente a jogada aberta. Depois, fechada. Ele dá um toque na bola, muito sutil, e depois encosta no Rodrygo”
Debate nas redes sociais
Geralmente, o VAR é acionado em quatro ocasiões: situações de impedimento, pênalti, cartão vermelho direto e confusão de identidade (aplicar advertência ao jogador errado do time infrator).
Foi com base nessa regra que usuários das redes sociais contestaram a marcação final de Said Martínez em EUA x Brasil. Muitas opiniões defendem que a falta em Rodrygo deveria ter sido mantida.