Um dos principais nomes da Sociedade Anônima de Futebol (SAF) do Atlético, o empresário Rubens Menin foi o convidado do EM Minas desse sábado (9/3), na TV Alterosa. Em entrevista ao jornalista Benny Cohen, o investidor atleticano analisou o trabalho conduzido pela diretoria do Galo e abordou diversas questões relacionadas ao futebol brasileiro.
Menin acredita que o Brasil tem potencial para voltar a “vender” o futebol nacional em escala global, por meio da profissionalização dos clubes e do estabelecimento de uma nova liga. Ainda na avaliação do empresário, o formato que vem sendo negociado por blocos comerciais será preponderante para reduzir as desigualdades no repasse de recursos aos times pelos direitos de transmissão.
Ao EM Minas, Rubens definiu o atleticano como o torcedor mais fanático do país e também abordou parte das críticas sofridas pelos investidores que comandam o clube. Além disso, analisou o momento do time na temporada e comentou a postura do Galo no mercado de transferências.
Leia, a seguir, a entrevista de Rubens Menin ao EM Minas, em parceria com o jornal Estado de Minas e o Portal Uai. A íntegra, que também conta com respostas sobre temas relacionados à política, economia e filantropia, está disponível no canal do YouTube do Portal Uai.
EM Minas com Rubens Menin
Benny Cohen: Rubens, vamos falar um pouco de Atlético. Você já não tinha problemas demais na vida não? (Risos). Ainda foi assumir um clube com uma dívida bilionária na época. Conta para a gente como é que foi essa coisa na sua cabeça.
Rubens Menin: Óbvio que tem paixão nisso. Tem! Não tem jeito de não ter.
Se não, você não entraria (risos). Se fosse cartesiano, eu acho que você não iria. Iria?
Eu vejo o seguinte: o futebol brasileiro está em baixa. Já não está naquela baixa, mas ainda está em baixa. Você vê que o desempenho nosso nas competições está muito ruim. A gente não ganha uma Copa desde 2002, fomos desclassificados para as Olimpíadas. Os maiores jogos hoje são feitos na Europa. Mas isso é o lado positivo da coisa: nós somos, por exemplo, o país que mais produz jogador, mas não aproveitamos esses jogadores aqui. E o futebol está sendo organizado. Já existe uma série de clubes que já estão se organizando. A Lei da SAF foi muito importante para o futebol brasileiro. Senão o futebol ia acabar, literalmente. Então, o Brasil tem 10, 12 times grandes. Não tem nenhum outro país do mundo que tenha isso. Então, nós podemos ter 12 times jogando clássico por ano. Se esses times tiverem boa qualidade, nós vamos vender isso para o mundo todo. Vamos voltar a vender para o mundo todo. Hoje, o futebol brasileiro está em um espaço pequeno no mundo e, consequentemente, com menos dinheiro. Na hora que isso melhorar… Eu acho que o futebol é uma indústria. É 1,5% do PIB na Inglaterra. No Brasil, é 0,4%.
Na Espanha deve ser alto!
Eu não sei o número, mas deve ser alto. Mas é algo mas a gente tem que se envolver. Tem, inclusive, um efeito econômico e social disso aí. A meninada adora. Pega o menino lá e leva para o lado bom da vida. Então, parte do lazer para a sociedade. É o esporte número um do mundo do Brasil.
E foi isso que te fez pensar: ‘Ah, vou assumir a SAF do Atlético’?
Também. Primeiro, o seguinte: o Atlético está com sérios problemas, que são públicos. A dívida do Atlético estava uma loucura, completamente descompensada. A gente entendia que tinha problemas de gestão muito sérios, porque o futebol não é só o futebol. É o futebol também. Então, por trás do futebol, estava muito desencontrado. E, por sorte, tinha uma turma de atleticanos que queriam ajudar… Eu não faço sozinho. Nós temos uma série de amigos. Ricardo Guimarães, Renato Salvador, Rafael (Menin), meu filho, Sérgio Coelho, que é o presidente, o Bruno Muzzi (CEO). Tem muita gente. O próprio José Murilo (ex-vice-presidente), que saiu. Então, essa turma se uniu e a gente está remando todo mundo junto. Fica muito mais fácil. O Conselho do Atlético é muito bacana, apoiou tudo que a gente fez. A gente teve a sorte de construir a Arena MRV, que é um case. Mudou a vida do Atlético, vai mudar mais ainda. Ganhamos um título que a gente não ganhava há bastante tempo, depois de 50 anos, o Campeonato Brasileiro. É um time que hoje é respeitado no Brasil. Hoje, quando você fala nos três grandes do Brasil, tem outro, mas os mais falados são Flamengo, Palmeiras e Atlético. Tem um respeito. Então, a gente vai jogar em qualquer lugar, a gente vai com a delegação. O pessoal respeita o Atlético. O Atlético chega, Hulk chega e cheio de menino vendo o Hulk. Temos ídolos. Então, acho que é isso aí.
Você fala sempre em transformar o Atlético em uma potência mundial. Como é que é o caminho para chegar nesse objetivo?
A gente acha que o Brasil tem que ter igual tem o Real Madrid, tem o Manchester City. Tem o PSG… O Brasil tem que ter time de potência mundial. Para isso, você tem que organizar o futebol brasileiro, não pode ser só Atlético. Então, a gente tem que organizar o futebol brasileiro. Eu acho que é fundamental a liga, que vai acontecer. Isso não tem dúvida que vai acontecer. Vai vir muito mais dinheiro e, a partir daí, os clubes têm que se ajustar. Em uma SAF, por exemplo, se você quebrar, quebra as pessoas. Antes o futebol quebrava, não acontecia nada, era uma bagunça. Não tinha CPF envolvido. Hoje nós temos 12 SAFs no Brasil, e elas são gerenciadas com esmero, igual uma empresa privada. Evidentemente que você sabe que é futebol, você tem a torcida cobrando. Então é complexo, mas eu acho que nós estamos no caminho certo. O Atlético e o futebol brasileiro.
Qual foi o jogo que mais te emocionou na Arena MRV até agora?
Deixa eu te falar a verdade. Eu acho que foi o primeiro jogo. Para mim, a hora que eu vi aquilo funcionando bacana, achei sensacional. Na Arena, o primeiro jogo foi muito marcante. Agora, do Atlético… Tem tanto jogo bacana, mas eu vou lembrar o último agora que foi muito marcante, que a gente tava na Bahia. O Bahia fez 2 a 0 no Atlético. Foi: ‘Nossa, vai adiar esse título’. Mas a gente tinha confiança de que o título vinha. Aí o Atlético fez ‘tuf’! Três de uma vez (risos). Na hora eu não acreditei nisso, não! É bom demais! Depois de a gente ter tanto azar, nosso amigo lá de cima, com muito respeito, nos iluminou.
Aqui, mas por outro lado, duas derrotas para o Cruzeiro na Arena…
Isso foi ruim.
Isso doeu demais?
Bom, primeiro o seguinte: é bom. Bom assim, a gente estava de salto alto. ‘Ah, Cruzeiro e tal…’. Clássico é clássico. Com América, com Cruzeiro, com Atlético… Clássico. O time do Cruzeiro entrou lá mordendo! Mordendo!
Provavelmente, tinha uma motivação a mais…
Tinha uma motivação a mais que a gente. O segundo jogo foi um jogo mais ‘truncadão’ e tal… O Cruzeiro fez 2 a 0. Esse troço está engasgado aí, na Arena. Ficou ruim para nós, mas a gente vai reverter isso.
E a história da Arena vai ter muitos outros jogos, não é?
Vai ter.
Como é que você define o atleticano?
Olha, isso aí todo mundo fala. Não sou eu que defino não: é a torcida mais fanática do Brasil, e isso é indiscutível. Quer dizer, os jogadores que vêm jogar aqui sabem que é verdade. Os jogadores de fora… Você vê declarações de jogador. Quando é aqui, o negócio é mais difícil. No Atlético, a torcida é maluca. O atleticano é maluco. Em um bom sentido. E é fanático mesmo. E agora está sendo um momento bacana. A gente tem uma pesquisa de seis a 16 anos. A quantidade de menino… Das torcidas que mais crescem no Brasil, o Atlético é uma delas – de seis a 16. Então, essa meninada toda que está aí é toda atleticana, e eles gostam muito de futebol. Nós vamos ver aquele fluxo de torcedor, aquela massa atleticana cada vez mais concentrada. E a torcida vira mesmo. Na Libertadores, aquele ‘eu acredito’. Isso é fundamental.
Pegou totalmente. Agora, a torcida tem reclamado da questão do ingresso, dos preços na Arena… Como é que vocês vão conseguir achar esse equilíbrio? Como é que vai ser isso? Ou isso veio para ficar e o torcedor tem que entender que é uma nova realidade?
O preço médio do Atlético é igual ao do Cruzeiro, tá? Cruzeiro no Mineirão, nós na Arena, é o mesmo preço. Mas eu acho o seguinte: que a Arena tem como todo estádio no mundo hoje faz. Você tem que ter um ingresso mais popular, que é necessário que seja. O futebol é do povo. Mas também, aquele que quer muito, tem que ser mais caro. Tem que ter assim, vamos dizer assim, um certo… Aquele cara que quer um camarote, uma cadeira muito bem localizada, um estacionamento, tem que pagar mais. E aquele torcedor que é menos provido, tem que ter um lugar para ele lá. Eu acho que o ingresso médio está bom! Talvez, a gente tenha que ‘abrir um pouco mais a perna’ assim, entre o barato e o caro.
Entendi. E isso vocês estão fazendo estudos para adotar em breve, como é?
Todos os clubes de futebol no mundo usam. A gente visitou vários clubes. O futebol não pode ser elitizado. O futebol bonito é aquele que vai desde o mais pobre ao mais rico. E todo mundo se congressa. Isso é bacana no futebol. Quem tem mais pode pagar mais. Quer um estacionamento bacana? Paga mais… Quer uma cadeira boa? Paga mais… Quer um bar melhor? Paga mais. E aquele que se contenta, talvez, com uma arquibancada menos nobre, vai pagar menos. Nós temos que saber equilibrar isso.
Queria que você comentasse o desempenho do time em 2024. Você está feliz, você está triste, como está?
Não, não estou feliz, nem eu nem ninguém. Mas eu acredito muito no time, porque o time tem uma estrutura maravilhosa – não só de treinamento, como jogadores. São muito bons, o elenco é muito bom. Então, eu espero que a gente tenha um em 2024, daqui para frente, muito bom.
Vem novidades, contratações, como é que o Atlético está nisso?
Olha, a gente vai contratar mais esse ano, com certeza. Temos que ainda melhorar uma coisinha ali, mas não tem nada definido.
*A partir deste momento, o programa se encerra na TV Alterosa. O último bloco está disponível no YouTube do Portal UAI, e a transcrição completa segue abaixo.
Uma das premissas da SAF é a questão da responsabilidade financeira. Eu sei que você tem uma preocupação enorme com isso, até pela sua origem empresarial. A SAF existe para isso. Mas ao mesmo tempo o torcedor fica esperando que o clube contrate grandes jogadores. Na cabeça de muita gente é assim: ‘SAF, agora tem dinheiro e vai comprar muito jogador’. É assim ou não é assim? Como é que você lida com a responsabilidade financeira, mas com a demanda da torcida por contratações?
Esse aqui é o segredo. Porque no futebol a gente vive de resultado. Um time que não tem resultado, a empresa não tem resultado, acaba. Então, a gente sabe que o Atlético tem que ter resultado. De um lado, a gente garantiu, é uma das premissas da SAF, que tenha um orçamento no futebol. Que tenha um time competitivo como a gente tem hoje. A gente fez um trabalho para a SAF muito demorado. Pegamos a EY (Ernst & Young) como consultor, que é um dos maiores consultores de futebol do mundo. Ficaram três anos dentro do Atlético. Esse negócio não foi de uma hora pra outra. E a gente via que a gente tinha dívida para assumir, que era uma dívida muito grande. Então, o que eu falo? Cada dinheiro que você coloca no Atlético não pode ter desperdício. Porque o desperdício, a gente não nota, acaba com tudo. O que a gente procura fazer na SAF é otimizar os recursos. Ter os recursos do futebol, aumentar a receita, que é possível. A própria Arena MRV está dando uma receita que não dava antes. Os patrocínios no futebol estão em alta. Ao mesmo tempo, não jogar dinheiro fora. Não pode. Nenhuma empresa, inclusive futebol, aguenta dinheiro mal gasto.
E como que vocês explicam então para o torcedor essa questão de não vir jogador no volume que o torcedor espera? Como é que é isso? Acho que o torcedor do Atlético fica vendo assim: ‘Pô, o Flamengo está contratando um monte de gente’. O Bahia… A SAF do Bahia, todo mundo invejando a SAF. Manchester, essa coisa. E o Atlético mais cauteloso, digamos assim.
Eu até não concordo. O Flamengo tem mais dinheiro que o Atlético, evidentemente. É o time de maior orçamento no Brasil e pode gastar mais. Mas o Flamengo vendeu muito mais que o Atlético. O Atlético tem uma base que está aí.
O Flamengo vende bem.
Vende bem. Mas vendeu muito. Comprou muito, vendeu muito. Vendeu muito bem. O Atlético tem uma base que está aí há muito tempo e trouxemos novos. Trouxemos aí o Paulinho, que foi uma revelação do ano passado. Bernard está chegando. Então, tem muita coisa acontecendo.
Hulk ficou…
Hulk ficou. Gente, o Hulk… Com tudo respeito ao elenco, o Hulk foi uma grande contratação. O Hulk entregou muito para o Atlético. Muito, muito, muito. Sob todos os aspectos. Profissional! Ele é um bom profissional, que trabalha, dá bom exemplo. É uma pessoa rica, que trabalha… Carismático. Então, eu acho que o elenco do Atlético é muito compacto, com muitas opções. É um belo elenco.
E vem jogador? (…)
Eu acho que deve vir alguma coisa.
(…) Ou o atleticano precisa se preparar para…
O Atlético não pode contratar qualquer coisa. ‘Ah, tem que contratar’. Mas trocar seis por meia dúzia não dá. Tem que vir alguém que faça diferença. Isso não é assim, igual varinha de condão, ‘eu quero um’. Tem que procurar, com inteligência, etc. Igual foi feito com o Bernard agora que a gente conseguiu. Então, é um negócio que a gente quer trazer mais um ou dois, mas que faça a diferença.
Mais cedo aqui no programa, você raspou no assunto da liga. Mas eu queria voltar nesse assunto, porque o Atlético mudou da Liga Forte. Da Forte Futebol para a Libra. O que exatamente provocou essa mudança do Atlético? No meio do caminho, houve alguma decepção?
Primeiro o seguinte: eu acho que a liga é única. Não dá para ter dois grupos. Então, eu espero e trabalho para que essas ligas se juntem. Esse é o ideal, e eu acredito que vai acontecer isso.
E o bolo aumentaria para os clubes?
Lógico, gente. Uma liga bem organizada, com 12 clubes grandes, vai dar muito dinheiro – e todo mundo sabe disso.
Então, você está dizendo que se houver duas ligas, a fatia de cada clube será menor do que se houver uma fusão. É isso?
Não tem dúvida. Agora, quando a gente resolveu ir para a Libra, a gente tinha um contrato com um determina duração na Liga Forte Futebol. Achamos que o da Libra era mais organizado. Foi uma decisão difícil. A gente estava mais avançado com direito… A Libra já está bem avançada com TV. Então, hoje não pode deixar, porque ali tem Flamengo, Corinthians*, Palmeiras, São Paulo, Atlético, Bahia… Vasco**, Grêmio… Então, os times estão ali. Eu acho que nós estamos em boa companhia. Acho que 75% da audiência do Brasil está na Libra.
A desigualdade no repasse dos recursos ainda é muito grande, não é?
Melhorou muito. Isso é que é importante. O que foi feito nas duas ligas, para ser justo, foi que os critérios de divisão são muito mais justos do que eram. A gente mira na Premier League. Por isso que a Premier League deu certo, porque é fair. Tem o fair play. Então, a gente tem hoje uma parte que é igualitária para qualquer time, que é justa. Uma parte para o desempenho esportivo: o campeão ganha mais que o último colocado, que também é justa. Se o Atlético for campeão, ele ganha mais. Se for o último colocado, ele ganha menos. E uma terceira por audiência, que é onde é que tem a desigualdade, mas isso tem na Inglaterra também – menos que no Brasil. Na Premier League e na La Liga tem. Quer dizer, o Real Madrid e o Barcelona têm um pouco mais. Mas quanto menos melhor.
Eu ia até te perguntar sobre isso, porque a Espanha é um modelo de organização do campeonato. Os estádios vivem lotados, mas há anos a gente vê essa predominância de Barcelona e Real Madrid. No momento, o Real Madrid por cima, mas já foi o Barcelona. Mas nenhum outro time consegue quebrar essa barreira. Você vê esse risco para o Brasil, na hora que essa coisa se organizar?
Nós temos que lutar contra isso, porque a tendência natural é que Flamengo e Corinthians sejam os mais fortes. É uma tendência natural. Agora, você pega a Inglaterra, a Premier League, você não tem favorito. O Manchester City não tem a maior torcida da Inglaterra e está ganhando. Então, isso aí gente, a gente tem que fazer um campeonato para ser gostoso. Porque por maior que seja as torcidas de Flamengo e Corinthians, tem muito mais não torcedor deles. A torcida do Atlético tem 10 milhões de atleticanos. Então, isso tem que ser fair. Todos os clubes têm que ter uma condição de competitividade parecida. Essa é a nossa luta.
O modelo do Brasileirão te agrada, em pontos corridos? Você acha que é o mais justo, é mais legal ou você tem saudade do campeonato com disputa ali?
Nenhuma saudade. Eu acho de fato que, com esse modelo do Brasileirão, com alguns pequenos ajustes, evidentemente… A gente pode discutir quantos times caem, quantos não caem, etc. Mas eu acho que é o melhor modelo para o futebol. Eu gosto dele.
Esse seu envolvimento com a SAF do Atlético aumentou ainda mais, de forma talvez exponencial, a sua visibilidade perante a sociedade e tudo. Como é que você lida hoje com essa coisa de ser o homem do Atlético?
Eu não sou homem do Atlético (risos). Somos muitos homens do Atlético. Ali, a turma é grande, como você sabe. Mas o que eu vejo é o seguinte: a torcida do Atlético, por incrível que pareça, é muito bacana, sabe? Muito carinhosa. E eu nunca tive nenhum problema de alguma chateação pelo futebol. A gente sabe, a gente entende… Perde um jogo, fica lá e tal. Então, eu acho que nós temos uma harmonia muito grande no Atlético hoje. Eu estou muito tranquilo em relação a isso.
Eu ia até te perguntar assim: o que mais já te aborreceu nessa história, com essa visibilidade, e o que mais te envaidece? Como é essa coisa, lidar com a torcida e tudo?
Você sabe uma coisa que me incomoda um pouco? A torcida, às vezes, é um pouco imediatista. Você está fazendo um trabalho, a torcida: ‘Tira o técnico, tira o técnico, tira o técnico’. Eu vou lembrar o caso do Turco, que era um cara bacana. Ele tinha aproveitamento. A torcida foi, foi, foi, e o Turco saiu. Então, a torcida é um pouco impaciente e começa a cobrar muito. E às vezes tem que ter paciência. No futebol, tem que ter paciência. Flamengo, quando ganhou com Jorge Jesus, passou o início de campeonato horroroso. Perdeu aqui para o Atlético, de 2 a 1, o Atlético com 10 aqui no Independência. E depois ganhou tudo. Quer dizer, a gente tem que ter um pouco de paciência.
O próprio Felipão no início, foram nove jogos sem vencer, e depois…
Foi um caos no início. Depois, fomos a melhor campanha do segundo turno. Futebol, o que a torcida tem às vezes que entender é que a gente não pode sair trocando tudo a toda hora não, porque isso não existe. Eu acho que quanto maior você tiver uma espinha dorsal, melhor. Por isso que eu falo, o plantel do Atlético tem espinha dorsal, melhor. E aí vamos logo à Europa: tem técnico na Europa que fica oito anos, 10 anos. Comissão técnica. Nós temos que ter isso. E é por isso que a gente tem uma turma lá no Atlético. O próprio Éder Aleixo, que adora o Atlético. Agora os jogadores. O Léo, o Réver, o Vitor. E poxa, isso faz diferença. Esses caras estão lá, eles gostam do Atlético. O nosso Rei (Reinaldo) que está lá, o nosso embaixador. Acho que isso faz parte, sabe? Acho que a gente tem que ter estrutura de longo prazo.
Como é que vai ficar o Diamond Mall?
Já não é nosso mais. Vendemos.
Tudo, não é? Essa questão está zerada?
Vamos tentar entender. O Diamond Mall nunca foi da SAF. Sempre foi do Atlético, como a sede que tem hoje, como a Vila Olímpica é do Atlético, o Labareda é do Atlético. Não tem nada que é da SAF. Isso é do Atlético. Nós não temos nenhuma ingerência ali. Diamond Mall foi vendido. Tinha um acerto para fazer do Atlético ainda. Foi feito esses acertos. Então, o Diamond Mall é um belo shopping. Hoje, ele é da Multiplan e outros investidores. Está indo muito bem, mas não é nosso mais.
*O Corinthians não assinou o contrato de direitos de transmissão fechado pela Libra com a Globo, na última sexta-feira (8/3). O clube paulista ainda avalia a possibilidade de mudar de bloco comercial.
**O Vasco, na verdade, faz parte da Liga Forte União.