Em meados de 2020, o Atlético atravessava a fase mais “agressiva” de sua centenária história no mercado da bola. Com o auxílio de investidores, o clube mineiro gastava milhões para contratar peças de alto nível que se encaixassem no modelo de jogo do técnico argentino Jorge Sampaoli. Um deles foi o zagueiro paraguaio Junior Alonso, que viria a se transformar em ídolo da instituição pouco tempo depois. Em entrevista concedida nesta segunda-feira (7/7), o defensor relembrou o convite do treinador para atuar pelo Galo.
Naquela altura, Alonso estava vinculado ao Lille, da França, e vivia incerteza após período de empréstimo ao Boca Juniors, da Argentina. Tudo mudou com a ligação direta de Jorge Sampaoli.
“Naquele momento, eu estava no Boca Juniors. Foi antes da pandemia. Nós ganhamos a Liga Argentina na última rodada. Saímos campeões, aí começou a pandemia. O Boca tinha uma opção de compra. Não me lembro se eram 4 milhões, que eles tinham que colocar, com o Lille, da França. Eles estavam na dúvida, estava na pandemia… Estava um pouco complicado”, iniciou à GaloTV.
“O Sampaoli sabia que a negociação com o Boca estava parada, praticamente. E ele me ligou. Me ligou falando que estava interessado. Nós falamos acho que 20 minutos. Ele falou para mim: ‘Nós, daqui a dois anos, vamos ganhar tudo. Esse aqui é o projeto, você vai jogar desse jeito’. Ele passou para mim as imagens dos treinos, do estilo de jogo dele”, prosseguiu.
“Falou: ‘Eu quero que você venha para o meu time’. E quando ele falou isso, em 20 minutos, eu falei: ‘Beleza, eu vou’. E a gente não falou de grana, de salário, de tempo de contrato, nada. Só falamos do jogo em si, dos treinos, de como a gente ia jogar e competir. Falei: ‘Beleza, eu vou’. E aí que entrou a negociação com o Atlético. Meu empresário começou a falar com o time da França, e a gente fechou”, relembrou Alonso.
“Fator Bielsa” favoreceu Alonso no Atlético
Alonso trabalhou junto ao lendário treinador argentino Marcelo Bielsa por curto período de tempo no Lille, durante a temporada 2017/2018 na Europa. O fator foi decisivo para a ligação de Jorge Sampaoli, que entendia que o paraguaio poderia ser uma “solução rápida” para o estilo de jogo que desejava implementar no Atlético.
“O que ele me falou é que o estilo de jogo dele era muito parecido com o do Bielsa, e que ele aqui no Atlético, naquele momento, não tinha muito tempo para trazer jogadores para se adaptarem ao jogo dele. Ele falou: ‘Eu preciso de jogadores que já conheçam esse estilo de jogo. Você jogou com o Bielsa, eu jogo praticamente igual. Tem algumas diferenças, mas a gente joga com muita intensidade, pressionando o tempo todo, com muito espaço nas costas'”, contou.
“‘Você já sabe. Tem que correr muito, nós jogamos no mano o tempo todo – seja contra time A ou time B. Do mesmo jeito. Por isso eu estou te ligando, porque sei que você já jogou desse jeito e consegue se adaptar o mais rápido possível. A cidade é boa, o clube está se reestruturando, nós vamos fazer um time competitivo. Daqui a dois, três anos, você vai voltar para a Europa’. Foram essas as palavras dele. Foi o que aconteceu, né? Joguei um ano e meio, a gente ganhou quase tudo aqui em 2021, e aí fui transferido de novo”, encerrou Alonso.
Junior Alonso no Atlético
No fim das contas, o Atlético topou pagar 3 milhões de euros (cerca de R$ 18 milhões na cotação da época) para tirar Junior Alonso do Lille. O zagueiro foi multicampeão com o Galo em 2021 e se transformou em ídolo da torcida, estando neste momento na terceira passagem com o clube mineiro.
Ao todo, o paraguaio soma três gols e sete assistências em 190 jogos pelo Atlético. Com a camisa preta e branca, conquistou quatro Campeonatos Mineiros (2020, 2021, 2022 e 2025), um Campeonato Brasileiro (2021) e uma Copa do Brasil (2021).
