De volta à Série A1 do Campeonato Brasileiro Feminino em 2026, o Atlético já tem o elenco fechado e os objetivos traçados para a próxima temporada. A conquista do acesso deu à técnica Fabiana Guedes confiança não só das jogadoras, mas também da diretoria, que renovou o contrato da comandante. Em entrevista ao No Ataque, a treinadora falou de investimento, melhorias no departamento feminino e traçou a principal meta da equipe.
Ex-jogadora, Fabi Guedes teve a primeira chance como treinadora profissional no Atlético. E ela chegou ao clube com um grande desafio em mãos: o acesso à Série A1. Em 2024, as Vingadoras foram lanternas do Brasileiro, depois de uma campanha decepcionante motivada pelos cortes de investimentos no feminino. A mentalidade mudou no planejamento deste ano.
“Foi um um desafio muito grande, é um grande clube em construção, porque caiu e começou a reconstruir o projeto que era muito sólido, mas estremeceu por alguns anos. Ano passado foi muito difícil, num contexto geral de estrutura. E aí a diretoria, com a chegada do Ricardo (Guedes, gestor do futebol feminino), entendeu que a estrutura era a base para tudo. Se as meninas não tivessem estrutura para desempenhar e desenvolver, não conseguiriam alcançar os objetivos”, explicou.
Mesmo com o apoio, a missão não foi fácil. Fabi esbarrou em outra lacuna a ser recuperada dentro do clube: a confiança das jogadoras. A treinadora exaltou o trabalho da psicóloga do grupo e contou como foi driblar os obstáculos até o fim do campeonato. O Galo chegou à semifinal, mas foi eliminado pelo Santos e ficou fora da briga pelo título.
“A construção vem junto com o resultado. Não tem como construir um projeto sólido se o resultado não vier, tem que ficar reconstruindo, voltando toda hora, até achar um time certo para evoluirmos juntas. Quando chego, as meninas estavam com a confiança muito baixa, trabalhamos muito esse quesito delas acreditarem. O maior desafio maior foi erguer esse nível de confiança das jogadoras.”
Fabiana Guedes, treinadora do Atlético
Aumento de investimentos
Em abril de 2024, o Galo afirmou em nota que o feminino não teria foco no desempenho esportivo. O ano sem investimentos resultou na dificuldade de ascensão no cenário do futebol de mulheres no Brasil e nas campanhas ruins no Brasileiro e Campeonato Mineiro – em que o time ficou fora das finais. Em janeiro deste ano foi preciso recalcular a rota. Sob os olhares de Ricardo Guedes, gestor da categoria, o cuidado com a modalidade mudou.
“O Ricardo tem um um olhar diferente de gestão. E eles (diretoria) entenderam que precisa ter investimento e organização para dar uma estrutura boa para as atletas. É claro que os diretores hoje não entendem que vamos levantar o orçamento lá em cima, mas entenderam que é preciso melhorar para transformar o projeto em um projeto sólido”, falou Fabi Guedes.
A evolução, contudo, é gradual. A treinadora disse que o time feminino tem atenção dos mandatários do clube e citou ações deste ano como medidas de melhoria e valorização.
“Isso não dá de um dia para o outro, de um ano para o outro. Temos todo o respaldo da diretoria. Treinamos na Arena MRV, isso é uma coisa que já mostra o interesse que eles têm, o compromisso que eles têm com a modalidade. Abriram a Arena para jogo. Se tivesse uma final, tenho certeza que iríamos jogar na Arena também, porque eles têm um outro olhar para o feminino”, disse.
Nesta temporada, as Vingadoras receberam o Vitória, pelas quartas de final do Brasileiro, e o Santos, pela semifinal do Brasileiro, na Arena MRV. Além disso, elas treinaram no estádio antes da partida contra o time baiano. A expectativa da treinadora é que na próxima temporada a situação do clube seja ainda melhor.
“E pro próximo ano estamos construindo um projeto sólido. É o que queremos: um projeto de médio a longo prazo. Então eles melhoraram em questão de investimento. Não vou dizer que subimos o investimento lá no alto, porque nós não entendemos que esse é o caminho. O caminho é de degrau em degrau. Precisa se estabelecer para dar passos mais largos”, comentou Fabi.
Metas para 2026
Fabi detalhou a meta para o ano de 2026. No Campeonato Brasileiro, o objetivo é alçar voos maiores. A comandante reconheceu a dificuldade do torneio, mas deixou claro que a ideia é trilhar o caminho ao longo da competição, na medida em que o grupo desempenhar bem em campo.
“Um clube desse tamanho não pode pensar em só se manter dentro da competição, mas também tem um contraponto: estamos construindo um projeto. As metas vão de degrau em degrau. O melhor dos cenários é classificar entre os oito, isso vai ajudar muito para crescer e evoluir. Sempre vai ter uma meta que vai ser quebrada em cima da meta. Então, se pensarmos em estar em oitavo, vamos querer brigar entre os quatro. Se chegarmos entre os quatro, vamos querer ser campeãs”.
“Só participar nem entra no nosso vocabulário. Então, vai de passo em passo, mas claro que o melhor cenário é classificar entre os oito. Vamos trabalhar muito para que isso aconteça”, finalizou a técnica.