Se há alguns anos o futebol feminino tinha dificuldade em construir identificação, criar referências e defender ideais, atualmente não é mais assim. Um dos nomes importantes que ganharam a cena da modalidade é o da atacante Byanca Brasil, do Cruzeiro. Técnico da Raposa, Jonas Urias defendeu o papel fundamental das mulheres nas lutas ativistas dentro do esporte.
A jogadora já foi líder de movimentos LGBT em jogos do Cruzeiro. Na final do Campeonato Mineiro de 2024, ela coloriu as traças do cabelo com as cores em alusão à bandeira LGBTQIAPN+ e comemorou o gol levantando a bandeira de escanteio.
Além disso, a camisa 10 do time estrelado trançou o número ‘180’ no cabelo para passar o recado de como mulheres deveriam denunciar casos de violência sexual e doméstica. Para Jonas Urias, as atitudes da atacante criam referência para gerações futuras.
“A Byanca é um símbolo nesse sentido, porque ela faz isso de uma forma orgânica, natural, muito verdadeiro, é dela. Ela vê e se manifesta, e é maravilhoso. Porque todo mundo vê e cria referência. Quebra muitas vezes narrarias. É fundamental para que tenha uma cultura futura, que seja melhor em algum aspecto, precisa ter referências que quebram paradigmas”, disse o técnico em participação no Cruzeiro Cast nesta quinta-feira (3/4).
Bandeiras do futebol feminino
O treinador também falou da importância que as mulheres ocupam quando escolhem jogar futebol. Na visão de Jonas, as bandeiras sociais não são um fator que anda descolado do futebol feminino, mas sim que convergem com a modalidade. O mesmo não acontece com o futebol masculino, que ainda enfrenta muitas barreiras machistas, misóginas e homofóbicas.
“Todas as mulheres que escolhem jogar futebol, elas atacam em várias direções, são protagonistas e são percussoras de diferente questões sociais que são fundamentais. O futebol feminino precisa ter bandeiras e acho que vai naturalmente continuar tendo.”
Jonas Urias, técnico do Cruzeiro
Por fim, ele defendeu o papel que o Cruzeiro desempenha ao lado das atletas. O clube costuma se posicionar nas redes sociais sobre as causas defendidas pelas atletas em campo, além de dar espaço para que as jogadoras sejam o rosto das manifestações.
“É fundamental que entrando dentro de um clube que carregue outras questões culturais, que seja sim respeitado e valorizado e que se construa o novo formato do clube. Acho que o Cruzeiro é fantástico nisso”, prosseguiu.
“O futebol expressa quem é a sociedade, nas coisa boas e ruins. Nas coisas que para a cultura aquilo é incômodo, para outro é a razão. O produto final tem que ser a progressão as coisa, para uma sociedade melhor para ambos os lados”, finalizou.