
O Cruzeiro planeja e deseja mandar as partidas do mata-mata da Série A1 do Campeonato Brasileiro Feminino no Mineirão, em Belo Horizonte. Em entrevista exclusiva ao No Ataque, Bárbara Fonseca, diretora de futebol feminino do clube, revelou que a gestão já trabalha com a ideia de sediar os confrontos no Gigante da Pampulha ou no Independência – caso a primeira opção não se concretize.
Atualmente, as Cabulosas atuam no Castor Cifuentes, em Nova Lima, ou na Arena Gregorão, em Contagem – o local escolhido depende de fatores como horário e transmissão. A meio-campista Gaby Soares e a atacante Byanca Brasil, algumas das líderes da equipe, manifestaram o desejo de atuar no Mineirão, assim como a gestão celeste.
Preferência pelo Mineirão
Ao estudar a ideia, o Cruzeiro esbarrou em um problema de calendário, explicou Bárbara Fonseca. Nas datas-bases estipuladas pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), o Mineirão sediará outros eventos não relacionados ao futebol, o que inviabiliza a realização de partidas.
Por outro lado, existe a possibilidade de as detentoras dos direitos de transmissão solicitarem alteração nas datas dos confrontos. Assim, pode ser que o Gigante da Pampulha receba duelos das Cabulosas. Novas mudanças, no entanto, requerem outras avaliações, o que impossibilita a dirigente de cravar que haverá jogo no principal estádio de Minas Gerais.
“Internamente, é possível. A gente esbarra em uma questão de datas, já foi feita uma análise. Três pontos contra o 3B, contra o Sport ou contra o Corinthians nos garante em primeiro lugar. Isso nos traz uma ideia de que todo jogo de volta vai ser aqui. A gente ainda fica refém da televisão. Pode chegar o SporTV e dizer ‘esse jogo de volta nós não queremos no domingo, e sim na sexta-feira’. O que a gente pode falar é: é possível, tanto que já fizemos um estudo de datas. Pelo calendário-base, infelizmente em todas as datas o Mineirão já tem atividades que não são do futebol. Já temos essa dificuldade. Vai vir a TV, tirar o jogo de domingo e colocar na sexta e vai ser possível fazer no Mineirão, aí vamos sentar e estudar”
Bárbara Fonseca, diretora de futebol feminino do Cruzeiro
Independência forte na briga
Caso o Mineirão realmente não esteja disponível, o Cruzeiro tem como opção o Independência, também na capital mineira. O estádio, localizado no Bairro do Horto, é bem visto por Bárbara Fonseca, que contempla a proximidade das arquibancadas com o gramado.
“O que é mais possível de acontecer é fazer os jogos no Independência, o que também gosto muito. Aprecio muito a estrutura ali, parece que a torcida está dentro do campo. A possibilidade de vê-lo cheio nos leva para um lugar de muita emoção e vai ser um sonho realizado”, continuou a dirigente.
Evidentemente, também podem haver conflitos de datas com o Independência, o que obrigará a Raposa a buscar outros locais. Entretanto, este não é o “objetivo” do clube, diz Bárbara Fonseca, garantindo que Pedro Lourenço, sócio majoritário da Sociedade Anônima de Futebol (SAF) do Cruzeiro, está empenhado em encontrar um estádio que abrace time e torcida.
“Se for no Mineirão, ótimo, tem essa coisa por trás de valorizar mais o produto, de ser a casa do Cruzeiro. O Cruzeiro masculino fez quantas histórias ali dentro? Quem não quer o feminino ali dentro fazendo a sua história? Mas o que posso dizer é que, se depender do Pedrinho, ele com certeza vai colocar o futebol feminino no melhor e no maior palco possível. Se não for no Mineirão, certamente será no Independência”, prosseguiu.
Projeção de mandos para o Campeonato Mineiro
Além do Campeonato Brasileiro, o Cruzeiro terá pela frente nesta temporada o Campeonato Mineiro e a Copa do Brasil. A tendência é que os jogos permaneçam no Castor Cifuentes e na Arena Gregorão. A principal motivação é o retorno financeiro de cada torneio.
“Vamos avaliar por competição. O Campeonato Brasileiro te dá um subsídio financeiro a cada fase. É possível você pegar essa grana e investir num grande estádio. No Campeonato Mineiro, você só tem despesa, não tem sequer premiação. A conta já não fecha. Pensa no departamento. Você, hoje, gasta o dinheiro do clube, não se sustenta, aí você vem para o Campeonato Mineiro, que precisa crescer muito, não tem nenhum tipo de subsídio, premiação, e você assumir a despesa de jogar no Mineirão, no Independência. Cara, isso não se conecta com o que eu penso de gestão e equilíbrio financeiro”, argumentou Bárbara Fonseca.
Por fim, a dirigente chamou a responsabilidade e justificou que deseja dar à torcida o melhor produto: “Se o Pedrinho amanhã chegar e dizer ‘Eu quero fazer o jogo do Mineiro no Mineirão’, eu vou falar ‘Pedrinho, nada a ver fazer no Mineirão, e vou te mostrar por que’. Isso tem a ver exatamente com a baixa valorização que tem essa competição e o alto custo que tem jogar no Mineirão e no Independência. A torcida que ouvir isso pode bater em mim, porque é uma decisão minha enquanto gestora de departamento. Não faz sentido gastar essa grana. A gente quer sempre entregar o melhor lugar, o melhor dia, o melhor evento para nosso torcedor. A gente tem isso como meta. A gente precisa equilibrar, dar um passo de cada vez”.
Cruzeiro no Brasileiro Feminino
Já garantido no mata-mata, o Cruzeiro precisa somar três pontos nas próximas três partidas para avançar no topo da tabela. As Cabulosas, lideradas por Jonas Urias, aparecem em primeiro lugar na classificação, com 32 pontos, 10 vitórias e dois empates. Voltam a campo neste sábado (7/6), contra o 3B da Amazônia, às 15h, no Gregorão, pela 13ª rodada.
Caso avance em primeiro lugar, o Cruzeiro enfrenta o oitavo colocado, que é, em teoria, uma equipe menos potente. Hoje, a posição é ocupada pelo Bragantino, dono de 16 pontos. No embate entre as equipes na temporada, pela sétima rodada do torneio nacional, a Raposa venceu por 2 a 1.
A liderança também dá a possibilidade de mandar a partida de volta das quartas de final. Nas fases posteriores, atua em casa nos segundos confrontos a equipe que tiver a melhor campanha.