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Técnico do Cruzeiro sai em defesa de goleira: ‘Não merece receber esse peso’

Titular na meta do Cruzeiro, Camila Rodrigues oscilou nos últimos jogos do Brasileiro Feminino e recebeu apoio de Jonas Urias

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Goleira titular do Cruzeiro, Camila Rodrigues oscilou e recebeu críticas nos dois últimos jogos das Cabulosas no Campeonato Brasileiro Feminino: contra o Palmeiras, pela volta da semifinal, e diante do Corinthians, pela ida da final. Após o empate por 2 a 2 entre Raposa e Timão, nesse domingo (7/9), no Independência, em Belo Horizonte, o técnico Jonas Urias saiu em defesa da arqueira.

Diante do Palmeiras, Camila chegou a agarrar cabeceio de Poliana, mas soltou a bola em cima da linha, e Carla, que estava à espreita, apenas encostou com o bico da chuteira para abrir o placar para o Verdão. O confronto terminou com triunfo da equipe paulista por 2 a 1, mas o Cruzeiro avançou de fase por ter vencido a primeira partida por 3 a 1.

Contra o Corinthians, lance não tão claro. A arqueira não conseguiu segurar chute prensado de Gi Fernandes e viu a bola entrar na meta lentamente – o primeiro gol do confronto decisivo. Na sequência, Camila fez intervenções importantes e pelo menos duas defesas difíceis.

Jonas Urias bateu na tecla da pressão. Segundo ele, em condições adversas ou nunca antes experimentadas, a inconstância aparece como fator normal.

“Temos que ter muita frieza. A jogadora quando entra em campo em um grande palco, num jogo decisivo, está carregando muita coisa. A oscilação, jogar bem, jogar mal pode acontecer com qualquer um… Entro muito em defesa dessa oscilação. E o que diminui a oscilação? Experiência competitiva, lastro. Quem do futebol feminino tem lastro competitivo em grandes finais, em grandes palcos? A gente vai colocar 2% das jogadoras”, iniciou o treinador.

‘Não merece receber esse peso’

Na visão do comandante, um gol sofrido nunca tem relação com apenas uma atleta. Para Urias, falha cometida por uma goleira ganha outra proporção devido à posição que ocupa em campo.

“Claro que com a goleira o peso fica maior, fica parecendo que a culpa é dela. Mas, assim, sempre falo para elas: um gol não sai por causa do erro de um, é sempre uma sequência de pequenos erros que vão virando problemas… Quero desmistificar e tirar esse peso sobre ela, porque ela não merece receber esse peso. E a gente que está dentro do contexto, após o jogo ou durante o jogo, a gente já tinha tranquilidade que errar duas vezes e sofrer gols nos erros não representa a Camila”

Jonas Urias, técnico do Cruzeiro

O comandante ainda ressaltou a entrega da atleta no dia a dia e a importância que momentos como o vivido diante do Corinthians têm para fazê-la crescer.

“Dois dias depois (do jogo com o Palmeiras), ela estava super bem, pronta pra trabalhar. Ela ter vivido isso fez ela estar mais forte para hoje (domingo). E aí hoje, enfim, mais uma vez uma nova experiência. Eu acho que ela faz um grande. E aí é uma baita de uma mensagem para a gente não se apavorar quando a coisa dá errado, porque a gente tem que confiar no que essa mulher faz todo dia”, prosseguiu o treinador.

Por fim, Jonas Urias ressaltou que apontar o dedo e rejeitar a situação está longe de ser uma solução: “E aí eu viro as costas para ela porque ela se jogou, fez o melhor que pôde, mas errou? Viro as costas e ignoro o que ela faz todo dia? A gente aqui vai trabalhar sempre com muito respeito à luta. E ela merecia esse respeito e esse respaldo nosso”.

Evolução psicológica é trunfo celeste

Jonas Urias já havia frisado que passar por determinadas experiências cria casca nas jogadoras. Além de ter mencionado a oscilação, que vê como normal, em outro momento da coletiva de imprensa o comandante celeste destacou a estabilidade psicológica do time.

O elenco não se abalou com os gols do Corinthians, que esteve à frente por duas vezes, e buscou o empate. Em comparação com o último jogo, a derrota por 2 a 1 para o Palmeiras, pela semifinal, houve evolução, de acordo com o treinador.

“A gente não tinha se portado psicologicamente bem diante do Palmeiras… Diante do desafio, ficamos inseguros se éramos capazes de pará-lo e jogar o desafio da forma mais plena possível. Aquela experiência nos fez melhor. (Contra o Corinthians) a equipe estava mais leve, mais confiante. A atmosfera do vestiário estava diferente daquele jogo, que havia tensão”

Jonas Urias, técnico do Cruzeiro

Agora, a meta da comissão celeste é fazer com que a experiência inédita diante do Timão agregue para a partida de volta: “A equipe estava muito bem, fria, entendendo que o jogo ia ser jogado. Claro que elas iam ter chances, mas a gente também, se jogasse nosso jogo, ia ter. A gente se portou muito bem psicologicamente. Precisa, agora, pegar esse experiência para se afirmar. E entrar em um novo desafio preparada”.

Corinthians x Cruzeiro: quando é a volta?

Cruzeiro e Corinthians jogam a segunda partida da final em 14 de setembro (domingo), na Neo Química Arena, em São Paulo, também às 10h30.

A matemática para definir o vencedor do Brasileiro é simples. Não há gol qualificado, portanto, a equipe que triunfar na volta, por qualquer placar, garante a taça. Nova igualdade leva a decisão para os pênaltis.

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