Passaram-se dois meses, mas a final do Campeonato Brasileiro Feminino ainda ecoa na mente de Isa Haas, zagueira do Cruzeiro. A confiança existia, mas a reação demorou, e o Corinthians ergueu a taça ao fazer 1 a 0 no jogo de volta. “Por que a gente não teve essa imposição desde o minuto zero?”, refletiu a defensora. Em entrevista exclusiva ao No Ataque, a atleta garantiu que algumas perguntas permanecem e abriu o coração.
Temporada de ineditismos do Cruzeiro
O Cruzeiro avançou à final do torneio nacional como a grande sensação da temporada. O motivo? A sequência de quebra de escritas. O time que nunca havia encerrado a participação na primeira fase como líder avançou no topo da tabela; a equipe que não conhecia o gosto de jogar a semifinal chegou lá e despachou ninguém menos que o Palmeiras; o clube que sonhava com uma vaga na Copa Libertadores finalmente a conquistou.
Sem contar os aspectos extra campo. O time desenvolveu uma relação sólida com a torcida e, por duas vezes, bateu o recorde de público do futebol feminino de clubes no estado de Minas Gerais. Na volta da semifinal, o Cruzeiro levou ao Independência, em Belo Horizonte, para a derrota por 2 a 1 para o Palmeiras, 13.533 torcedores. Depois, no primeiro jogo da decisão, 19.175 fãs foram ao Horto e assistiram in loco ao empate por 2 a 2 com o Corinthians.
Os desempenhos de Cruzeiro e Corinthians no primeiro encontro (empate por 1 a 1) deixaram claro que tudo poderia acontecer. Pela primeira vez, a torcida da equipe paulista temia ser superada em uma decisão nacional. Cenário, portanto, não tão hostil às Cabulosas, que pretendiam surpreender na Neo Química Arena. Aliados, os elementos mencionados deram confiança ao elenco, garantiu Isa Haas, que elegeu a ‘sensação de que dava’ como a principal dor do grupo.
‘O que mais doeu…’
“O que mais doeu foi a sensação de que dava. No contexto todo que a gente vinha, pela temporada que fez, muitas vitórias dentro do campeonato, o que é muito difícil, ter conseguido manter uma consistência, ter mudado muito o time em alguns momentos por lesão, cartão e continuar com desempenho. Isso veio dando confiança”, iniciou Isa Haas.
Naquele 14 de setembro, o Cruzeiro brigou, mas não suportou a pressão exercida pelo Timão e, por pouco, não fincou a haste da bandeira azul e branca no topo do Brasileiro. Aos 4 minutos, depois de um bate rebate, a zagueira Thais Ferreira marcou o único gol do duelo.
“A gente sabia que ia ser muito difícil na Neo Química. Queria fazer o resultado aqui, mas não foi possível. Isso tudo foi nos deixando com uma confiança muito grande. Chegar lá e perder com um gol tão curto como foi, isso que nos deixou mais abaladas. Óbvio que a gente sente muito orgulho da construção que fez e de tudo que apresentou, mas principalmente porque sabia que dava”
Isa Haas, zagueira do Cruzeiro, ao No Ataque