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Análise: América deixa escapar pontos e tenta remar contra a corrente em BH

Na luta pela permanência na primeira divisão, Coelho enfrentará Bragantino, Vasco e Cruzeiro em Belo Horizonte. Time segue afundado no Z4
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Se o recorte do América no Campeonato Brasileiro fosse feito nas últimas três semanas, o torcedor teria muitos motivos para comemorar. Afinal, são três jogos de invencibilidade – duas vitórias, sobre São Paulo (2 a 1) e Santos (2 a 0), e um empate, com o Cuiabá (2 a 2). Só que o contexto geral mostra o time ainda no meio da correnteza e com dificuldades de remar contra o rebaixamento. A distância para o Goiás, primeiro clube fora do Z4, é de oito pontos.

É por causa desse cenário que o resultado do América contra o Cuiabá, nessa sexta-feira (15/9), na Arena Pantanal, teve sabor amargo. O Coelho começou a partida praticando bom futebol, com trocas de passes objetivas e eficácia nas finalizações. Rodriguinho, aos 10 minutos, e Felipe Azevedo, aos 31, colocaram o time mineiro em vantagem diante de um adversário atordoado e até então sem repertório.

O América, contudo, falhou nas tomadas de decisões. E o vilão da noite acabou sendo Emmanuel Martínez, que não apresentou a boa qualidade técnica de outras ocasiões e vacilou nos gols do Dourado. No primeiro, ajeitou a bola no peito para sair jogando, sem perceber a chegada de Deyverson na disputa. Resultado: acertou-lhe um chute na perna, e a arbitragem assinalou pênalti, convertido pelo próprio Deyverson.

Martínez não teve tanta culpa no primeiro gol, pois o choque em Deyverson, apesar de faltoso, foi totalmente involuntário. No 2 a 2, porém, um apagão do argentino por uma fração de segundos possibilitou a recuperação de Wellington Silva na grande área e o chute cruzado no canto direito de Matheus Cavichioli. A partir dali, o Cuiabá cresceu no duelo e só não virou porque o camisa 1 americano fez grandes defesas na etapa final.

É bem verdade que o “se” não existe no futebol – e em nenhum outro aspecto da vida -, mas o América controlava bem as ações quando fez 2 a 0 e tinha tudo para sair com os três pontos da Arena Pantanal. Um eventual triunfo colocaria o clube em 18º, com 19 pontos – seis a menos que o Goiás e com um confronto atrasado da 15ª rodada, contra o Vasco. No entanto, o Coelho chegou a 17, ainda em uma situação bastante complicada para fugir do Z4.

Sequência em Belo Horizonte

O América terá três partidas em sequência em Belo Horizonte para sair do fundo do poço do Brasileiro. Na terça-feira (19), às 21h30, pegará o Bragantino, no Independência, pela 24ª rodada. Na segunda-feira (25), será a vez de encarar o Vasco, também no Horto, no compromisso atrasado da 15ª rodada. Por fim, em 1º de outubro (domingo), às 16h, haverá clássico com o Cruzeiro, no Mineirão, na 25ª rodada.

Ainda que o América não deixe efetivamente a zona da degola, ganhar os confrontos será parte do caminho de uma difícil reabilitação na Série A. O time precisa de desempenho digno de G4 no returno, a exemplo de 2021, quando saiu do pelotão de baixo na 19ª rodada, com 19 pontos, e contabilizou quase 60% de aproveitamento na segunda metade – nove vitórias, sete empates e três derrotas.

A campanha de 53 pontos no Brasileiro de 2021 garantiu a oitava posição ao América, que se classificou para a Copa Libertadores do ano seguinte. O protagonista da equipe foi o atacante Ademir, hoje no Bahia, que marcou 13 gols – 11 deles no returno. Em 2023, a esperança está na dupla formada por Felipe Azevedo e Mastriani, ambos com quatro gols na Série A, e nos avanços do volante Juninho, que balançou a rede oito vezes e deu nove assistências em 2023. O técnico Fabián Bustos ainda tem jovens talentosos em busca de evolução, casos de Breno, Rodriguinho e Rodrigo Varanda.

Peso da permanência na elite

Permanecer na alta prateleira do futebol brasileiro é essencial para o projeto em longo prazo do América de se tornar sustentável e focado na formação de jogadores. O clube já colheu frutos de estar na vitrine ao vender Arthur diretamente ao Bayer Leverkusen, da Alemanha, por R$ 38 milhões, além de faturar quase R$ 40 milhões na transferência de Vitor Roque do Athletico-PR para o Barcelona.

Estar entre os melhores também representa mais dinheiro com direitos de transmissão, patrocinadores e premiação. Assim, o Coelho precisa ser eficiente no returno da Série A, sobretudo nos jogos contra adversários que aspiram objetivos parecidos, casos de Vasco, Coritiba, Bahia, Goiás e Corinthians. Não há mais espaço para tropeçar nos chamados “jogos de seis pontos”.

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