INJÚRIA RACIAL

Miguelito, do América, vira réu em acusação de injúria racial

Meio-campista boliviano passou noite preso após denúncia de ter ofendido racialmente o atacante Allano, do Operário-PR, em jogo da Série B

O meio-campista boliviano Miguelito, emprestado pelo Santos ao América, tornou-se réu acusado de cometer injúria racial contra o atacante Allano, do Operário-PR, em jogo da Série B do Campeonato Brasileiro.

Nesta quarta-feira (7/5), a 1ª Vara Criminal de Ponta Grossa aceitou a denúncia oferecida pela 8ª Promotoria de Justiça da cidade, do Ministério Público do Paraná (MPPR).

Segundo a acusação, Miguelito ofendeu Allano nesse domingo (4/5) ao chamá-lo de “preto do c***” durante o primeiro tempo do jogo entre Operário-PR e América, no Estádio Germano Krüger, em Ponta Grossa, interior do Paraná, pela sexta rodada da Série B.

Miguelito nega que tenha ofendido Allano. O América disponibilizou suporte jurídico ao meio-campista.

“Foram colhidos elementos indiciares muito fortes da prática de conduta racista por parte do atleta do clube América Mineiro. Por isso, oferecemos a denúncia contra ele, que dará início à ação penal”, explicou o promotor João Conrado Blum Junior.

O MPPR incluiu imagens que, segundo a denúncia, “demonstram o exato momento em que o denunciado vira o rosto e profere a injúria racial contra a vítima”.

Prisão em flagrante

Assim que Allano acusou Miguelito, o árbitro Alisson Sidnei Furtado paralisou o jogo com base no protocolo antirracista da Fifa.

Mais tarde, após a partida, o jogador do América foi preso em flagrante. Para isso, a Polícia Civil levou em conta os relatos de Allano e do volante Jacy, capitão do Operário-PR, que foi testemunha.

A prisão em flagrante foi feita com base na Lei nº 7.716/89, que criminaliza a “discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”. A pena prevista é de dois a cinco anos de reclusão.

América se posicionou

Nessa segunda-feira (5/5), dia em que Miguelito foi liberado pela Polícia e retornou a Belo Horizonte, o América se posicionou sobre o caso.

“(Miguelito) Prestou depoimento e os esclarecimentos necessários junto à autoridade policial, negando a prática do delito, e retornar ainda hoje para Belo Horizonte. O América confia na palavra de seu atleta e está oferecendo todo o suporte para auxiliá-lo neste caso”, disse o Coelho.

Por fim, o clube reiterou o compromisso na luta antirracista: “O Clube reafirma seu compromisso inabalável no combate ao racismo. Esses valores são inegociáveis, e o América Futebol Clube repudia veementemente qualquer ato de preconceito e discriminação.”

O que aconteceu?

Aos 30 minutos do primeiro tempo, uma confusão começou entre Miguelito e o atacante Allano. O jogador do Operário-PR denunciou ao árbitro uma ofensa racial e logo o juiz seguiu o protocolo antirracista.

partida foi paralisada depois da acusação. Contudo, o boliviano continuou em campo e só deixou o gramado por causa de substituição no intervalo. O árbitro Alisson Sidnei Furtado registrou, inclusive, a situação na súmula. “Relato que aos 30 minutos do primeiro tempo, o atleta número 29 da equipe mandante, Sr. Allano Brendon de Souza Lima, veio até minha direção, alegando ter sido chamado de ‘preto cagão’ pelo atleta Miguel Ángel Terceros Acuña, número 7 da equipe visitante”, redigiu.

Depois do jogo, Miguelito e Allano foram conduzidos até uma delegacia, onde o jogador do América foi detido em flagrante.

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