O presidente do Atlético-GO, Adson Batista, deu forte declaração sobre o cenário econômico do futebol brasileiro. Segundo ele, os salários inflacionados, principalmente na Série A do Campeonato Brasileiro, fazem com que os clubes corram o risco de entrar em insolvência.
Adson iniciou o desabafo contra atletas considerados “meia-boca” pedindo remunerações de R$ 150 mil a R$ 200 mil sob influência de empresários. O gestor ressaltou que esse é um dos motivos que dificultam agremiações com receita menor de montar equipes competitivas na Primeira Divisão Nacional.
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“Se o futebol brasileiro não tiver mudança radical de pensamento, se não houver algo diferente, vai falir (…). Não tem jogador! E um monte de jogador meia-boca pedindo salário de R$ 150 mil, R$ 200 mil, o que é um absurdo”.
Adson Batista, presidente do Atlético-GO
“Os empresários – não todos – estão ganhando muito dinheiro, pois vivem da especulação de tirar jogadores daqui e colocá-los lá fora. Estou falando isso há muito tempo”, continuou.
Críticas à formação no Brasil
Para Adson, o aumento do número de jogadores estrangeiros no Brasil se deve à falta de opções no mercado interno e à adequação financeira dos clubes, que optam por pagar menos por quem vem de Argentina, Equador, Colômbia e outras nações da América do Sul.
O dirigente do Atlético-GO aproveitou para criticar a formação de jovens no país, que, no entendimento dele, está “cheia de vícios”. Adson citou como exemplo o Pré-Olímpico, em que o Brasil foi eliminado ao terminar o quadrangular final em terceiro lugar, abaixo de Paraguai e Argentina, garantidos nos Jogos de Paris em 2024.
“Você viu o quanto a nossa base está cheia de vícios, sem conteúdo, com times mal treinados. É um absurdo. Você viu no Pré-Olímpico. Os caras numa máscara, jogando na ponta do pé, achando que eram Deus. Não são nada. Nunca foram Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho, Zico e Romário”.
Por fim, Batista rebateu os questionamentos à movimentação do Atlético-GO na busca por reforços. “A dificuldade de contratar e a falta de opções são grandes. Os torcedores xingam o dirigente, ninguém presta, mas onde está o jogador? Não há qualidade e nem opção”.
Atlético-GO
O Atlético-GO retornou à Série A do Campeonato Brasileiro ao terminar a Segunda Divisão de 2023 em quarto lugar, com 64 pontos. A campanha do Dragão foi de 17 vitórias, 13 empates e oito derrotas em 38 rodadas.
Destaque do Atlético-GO na Série B, com 14 gols, o atacante Gustavo Coutinho não permaneceu no clube. O Fortaleza, que era dono de seus direitos econômicos, o negociou com o Sport, recebendo a quantia de R$ 7 milhões.
Em 2024, o Dragão é o terceiro colocado no Campeonato Goiano, com 19 pontos em nove rodadas. O líder Goiás soma 21, segundo pelo Vila Nova, em segundo, com 20. Restam duas partidas para o fim da primeira fase.
O regulamento do estadual prevê o avanço dos oito mais bem colocados às quartas de final, que terá duelos de ida e volta. O mesmo formato ocorrerá na semifinal e na final.
Entre os vários reforços do Atlético-GO, destaque para centroavante Vagner Love, de 39 anos, que defendeu o Sport em 2023. O veterano ex-Palmeiras, Corinthians, Flamengo e Seleção Brasileira marcou 23 gols e deu dez assistências em 59 jogos na temporada passada.
Com relação aos estrangeiros, o Dragão buscou o lateral-esquerdo colombiano Yeferson Rodallega e os meias Alejo Cruz (uruguaio) e Mateo Zuleta (colombiano). A direção segue monitorando opções no continente sul-americano.
Orçamento para 2024
Embora o Atlético-GO não tenha divulgado o orçamento para 2024, um clube com perfil semelhante pode servir de referência. Trata-se do Cuiabá, 12º colocado do Brasileirão de 2023, com 51 pontos.
Em entrevista à Placar em dezembro do ano passado, Cristiano Dresch, presidente do time de Mato Grosso, comentou o desafio de seguir na elite do futebol tendo um dos menores faturamentos do campeonato.
“O Cuiabá trabalha com orçamento de 100 a 130 milhões de reais, os clubes grandes trabalham com valores bilionários. Flamengo acima de um bilhão, Palmeiras e Corinthians próximo disso”, observou.
“A gente não tem condição, por isso tem que se reinventar, usar a criatividade. Usar os nossos fatores positivos para tentar trazer esses jogadores, ganhando menos do que eles ganhavam nos outros clubes”, complementou.
O próprio Atlético-GO deu exemplo de boa administração do dinheiro quando disputou a Série A. Em 2021 e 2022, o clube obteve superávits de R$ 30,7 milhões e R$ 13,7 milhões, respectivamente. A receita girou entre R$ 100 milhões e R$ 113 milhões, enquanto a dívida geral foi reduzida a R$ 8 milhões.
Últimas temporadas do Atlético-GO no Brasileirão
- 2023 – 4º na Série B, com 64 pontos
- 2022 – 18º na Série A, com 36 pontos
- 2021 – 9º na Série A, com 53 pontos
- 2020 – 13º na Série A, com 50 pontos
- 2019 – 4º na Série B, com 62 pontos