FINANÇAS

Atlético-MG tem dívida mil vezes maior que a do Cuiabá

Dívida do Atlético-MG é de R$ 2 bilhões, se considerado o empréstimo para financiar a conclusão das obras da Arena MRV
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Cuiabá e Atlético-MG fazem o duelo de opostos na gestão financeira. Enquanto o time mineiro acumula dívida de R$ 2 bilhões, a equipe de Mato Grosso reduziu suas pendências a cerca de R$ 2 milhões – mil vezes de diferença. Os clubes se enfrentam nesta quarta-feira (10/5), às 20h (de Brasília), na Arena Pantanal, pela quinta rodada do Campeonato Brasileiro.

No balanço de 2022, o Atlético informou um endividamento líquido de R$ 1,571 bilhão, porém sem considerar os R$ 440 milhões de um empréstimo para a conclusão da Arena MRV. A diretoria vê na criação da Sociedade Anônima do Futebol a solução para os problemas financeiros. Há negociações com o empresário americano Peter Grieve. A operação estaria na casa de R$ 1,8 bilhão.

O Cuiabá já funciona no modelo de SAF. A família Dresch, atuante no setor industrial de borracha, detém o controle do clube, que subiu à Primeira Divisão ao terminar a Série B de 2020 em quarto, com 61 pontos. Ainda que a duras penas – 15º, em 2021 (47), e 16º, em 2022 (41) -, o Dourado deu um salto financeiro e teve superávit de R$ 25,2 milhões em 2022, conforme demonstrativo divulgado em abril.

Dívida do Atlético-MG

O Atlético-MG aumentou sua dívida em R$ 259 milhões em comparação a 2021 – em torno de 19%. Foram R$ 104 milhões em juros, R$ 112 milhões em atletas adquiridos, R$ 29 milhões em provisões de contingência e R$ 14 milhões não detalhados.

O Galo deve R$ 270 milhões a Rubens Menin, que ainda avalizou mais de R$ 600 milhões em operações de crédito. O sócio da MRV Engenharia e do Banco Inter é o principal mecenas do clube.

Perfil da dívida*

  • Programas de refinanciamento e dívidas fiscais: R$ 300 milhões (18%);
  • Empréstimos dos apoiadores, investimento em atletas, fornecedores e outros: R$ 596 milhões (35%);
  • Operações de crédito: R$ 796 milhões (47%);

*Não estão inclusos os R$ 440 milhões referentes à Arena MRV

Sérgio Coelho, presidente do Atlético, na Arena MRV. Estádio de mais de R$ 1 bilhão comportará 46 mil torcedores (Pedro Souza/Atlético)

Dívida do Cuiabá

Na contramão do Atlético-MG, o Cuiabá reduziu sua dívida de R$ 14,7 milhões, em 2021, para R$ 2 milhões, em 2022. O clube não precisou recorrer a grandes bancos para conseguir crédito, pois os próprios donos injetaram dinheiro. Em 2021, a empresa Drebor tinha R$ 6 milhões a receber. Já o empresário Manoel Dresch recuperou R$ 2 milhões (ele faleceu em fevereiro de 2023, aos 66 anos).

Receitas

As receitas brutas do Atlético-MG em 2022, de R$ 429 milhões, corresponderam a 3,2 vezes o faturamento do Cuiabá, de R$ 133 milhões. Deduzidos os impostos, o Galo embolsou R$ 375 milhões, e o Dourado R$ 123,7 milhões. Transmissão e premiação compuseram a maior parte da arrecadação dos clubes.

Receitas do Atlético-MG em 2022: R$ 429 milhões

  • Transmissão e premiação: R$ 155 milhões (36%);
  • Comerciais: R$ 98 milhões (23%);
  • Cessão/vendas de atletas: R$ 88 milhões (21%);
  • Bilheteria e sócios: R$ 68 milhões (16%);
  • Sociais: R$ 13 milhões (3%);
  • Outras receitas: R$ 7 milhões (2%)

Receitas do Cuiabá em 2022: R$ 133 milhões

  • Cotas de TV: R$ 87,5 milhões (66%)
  • Patrocínio: R$ 17,1 milhões (13%)
  • Bilheteria: R$ 16,1 milhões (12%)
  • Placas de publicidade: R$ 5,1 milhões (4%)
  • Sócio-torcedor: R$ 3 milhões (2%)
  • Outras receitas: R$ 2,7 milhões (2%)
  • Vendas de jogadores: R$ 1,2 milhão (1%)

Em 2022, o Atlético-MG sofreu uma baixa de 14,3% em seus ganhos porque não repetiu o bom desempenho esportivo de 2021, quando venceu o Campeonato Mineiro, a Copa do Brasil e o Campeonato Brasileiro. Por outro lado, o Cuiabá adicionou registrou um crescimento de 90% em comparação ao ano retrasado.

  • Atlético-MG: R$ 501 milhões, em 2021, para R$ 429 milhões, em 2022
  • Cuiabá: R$ 70,1 milhões, em 2021, para R$ 133 milhões, em 2022

Despesas

O Atlético-MG desembolsou R$ 395 milhões em custos e despesas em 2022, sendo R$ 326 milhões com futebol. Desse montante, R$ 250 milhões são de remunerações de atletas e comissão técnica – uma folha estimada em R$ 19 milhões, incluindo 13º.

O Cuiabá gastou R$ 98 milhões no ano passado – R$ 83,4 milhões com futebol profissional e R$ 14,7 milhões em outras despesas. O custo pessoal da atividade esportiva foi de R$ 68,2 milhões, o que representa uma folha acima de R$ 5 milhões.

Objetivos

A forma como é aplicado o dinheiro deixa claro o objetivo de cada clube. O Atlético-MG quer seguir na condição de favorito nas competições ao lado de Palmeiras e Flamengo, ainda que corra risco de insolvência com o constante aumento da dívida. Já o Cuiabá mantém os pés no chão e tenta não dar prejuízo ao dono, mesmo que o elenco seja para, no máximo, brigar contra o rebaixamento.

Campanhas na Série A

Cuiabá – 1 vitória, 1 empate, 2 derrotas (13º, 4 pontos)

  • 1×2 Palmeiras (fora)
  • 1×1 Bragantino (casa)
  • 1×2 Grêmio (casa)
  • 2×1 América (fora)

Atlético-MG – 1 vitória, 1 empate, 2 derrotas (16º, 4 pontos)

  • 1×2 Vasco (casa)
  • 0x0 Santos (fora)
  • 2×1 Athletico-PR (casa)
  • 0x2 Botafogo (casa)

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