NO ATAQUE COM THIAGO RIBEIRO

Thiago Ribeiro revela doença que o atrapalhou no Atlético: ‘Estava mal’

Atacante, hoje com 37 anos, foi contratado pelo Galo em abril de 2015 e deixou o clube em março de 2016; ao todo, fez 43 jogos com a camisa alvinegra e marcou 10 gols
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Em entrevista ao No Ataque, o atacante Thiago Ribeiro disse que sua passagem foi discreta pelo Atlético por causa da depressão. Ele foi diagnosticado com a doença em 2014 e suportou o convívio com as crises por cerca de cinco anos.

O jogador, hoje com 37 anos, foi contratado pelo Galo em abril de 2015 e deixou o clube em março de 2016. Ao todo, fez 43 jogos com a camisa alvinegra e marcou 10 gols.

“Se for analisar que eu joguei longe da minha condição física ideal, estava mal, passando por todo esse problema [de depressão], eu ainda fiz dez gols. Com tudo que eu enfrentei nesse época, posso dizer que a minha passagem pelo Atlético foi boa”, afirmou.

“Se eu estivesse bem psicologicamente no Atlético, poderia, tranquilamente, fazer 20 gols neste tempo em que fiquei por lá, poderia ter sido uma passagem muito melhor”, acrescentou.

Pelo Galo, Thiago Ribeiro foi campeão mineiro de 2015 e vice do Brasileiro naquele ano.

“A gente foi campeão e fiz meu primeiro gol na final do contra a Caldense. Fomos vice-campeões do Brasileiro e em alguns momentos chegamos a ficar na liderança, e eu fui vice-artilheiro do time no Brasileiro, com nove gols, atrás do Lucas Pratto, que batia os pênaltis”, destacou.

Silêncio

Thiago Ribeiro disse que preferiu não voltar a falar sobre a depressão quando chegou ao Atlético. Ele já tinha revelado o caso quando estava no Santos, em 2014.

“No Atlético, havia psicólogo, mas eu nem procurava comentar o assunto, não por ter receio. Eu decidi que ia fazer o tratamento fora do clube e ia exercer a minha fé. Nunca procurei justificar nem falar isso em entrevista. Eu sei que se tivesse bem, teria um desempenho bem melhor no Atlético”.

Sintomas da depressão

Pior adversário da carreira de Thiago Ribeiro, a depressão minou a saúde e prejudicou a carreira dele, que nunca mais foi a mesma. Depois que descobriu a doença, o atacante ficou longe do sucesso no Atlético e no Bahia.

Na sequência, ele vestiu as camisas de clubes de menor porte, como Londrina, Guarani, Bragantino, Grêmio Novorizontino, Chapecoense, Londrina e Democrata-SL.

O atacante, que hoje está sem clube, descreveu os sintomas. “Eu perdi peso, eu não conseguia me alimentar corretamente. Nos quatro, cinco anos com a doença, tinha problema de vômito, ficava muito ansioso e vomitava constantemente, passava mal quando comia por causa da ansiedade. Foi uma coisa que afetou muito meu preparo físico, afetou muito meu psicológico, eu não conseguia mais render o que poderia”.

Além da ajuda profissional de psicólogos e psiquiatras, Thiago Ribeiro buscou auxílio na fé. Ele se converteu ao protestantismo e se reergueu aos poucos.

“O que eu mais trabalhei foi a minha fé, colocando fé em Deus, sabendo que era um momento difícil e que ia passar, que não ia durar para sempre, confiante para superar esse momento difícil, e sempre tive o apoio da minha esposa e dos meus pais”, disse.

“Eu falava comigo mesmo: isso não está normal, isso não faz parte de mim, eu nunca fui assim, não aceito essa situação e buscava forçava, orava, lia a bíblia, me converti e aceitei Jesus, isso foi me fortalecendo. Fazia meus jejuns com um propósito e comecei a exercitar a minha fé. Não passou do dia para noite, tem que ter bastante paciência e superei”, acrescentou.

Clubes e o suporte para saúde mental

Thiago Ribeiro disse que recebeu suporte, mas acredita que os clubes deveriam investir mais na psicologia esportiva. “O Santos me deu todo suporte, me indicou outros profissionais. Mas o que eu percebo, de forma geral, é que há uma preocupação, mas acho que está longe do ideal. Os clubes têm que se interessar mais por isso”, disse.

“Acho que os psicólogos deveriam conversar mais com os jogadores, não apenas sobre futebol, mas de temas de fora do esporte, saber se a vida dele está bem fora de campo, porque às vezes têm jogadores que não estão bem e ficam com receio de falar alguma coisa. Imagina você falar que precisa ficar fora de um jogo porque a sua cabeça não está boa. Como isso vai ser repercutido na imprensa? Como vai ser repercutido na torcida? Muitas vezes o cara não fala nada e vai para o jogo, não joga bem e ninguém sabe o que está acontecendo”, finalizou.

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