FINANÇAS DO ATLÉTICO

Atlético: quais custos são maiores na Arena MRV em comparação com Mineirão?

Galo viu receitas aumentarem significativamente na Arena MRV, mas também analisa crescimento dos custos no novo estádio
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A Arena MRV é um sonho realizado para o Atlético, que já colhe frutos em termos esportivos e financeiros com a inauguração do novo estádio. De toda forma, o aumento de despesas em um comparativo com o Mineirão chama atenção e é motivo de debate entre torcedores nas redes sociais. A reportagem de No Ataque procurou o Galo, que se posicionou sobre o tema.

No Campeonato Brasileiro, o Atlético disputou exatas sete partidas no Mineirão e sete na Arena MRV. O momento se faz oportuno para uma comparação mais precisa dos números.

No recorte em questão, a média de despesas do Atlético em jogos no Gigante da Pampulha, de acordo com os borderôs divulgados pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), foi de R$ 680.759,36. Por outro lado, na Arena MRV, a média de custos do Galo por compromisso foi de R$ 1.159.614,38.

Alguns quesitos ajudam, em termos gerais, a evidenciar essa diferença. Limpeza e conservação, locação de equipamentos, segurança privada, serviços terceirizados e sinalização de trânsito estão entre eles.

É importante destacar que parte desse aumento nos custos gerais também pode ser explicado pela retenção de impostos. As taxas incidem sobre as rendas brutas dos jogos, que têm sido consideravelmente maiores para o Atlético na Arena MRV.

Além disso, nos borderôs de jogos em seu novo estádio, o Galo considera as cadeiras cativas e camarotes como parte do público pagante (R$ 20 por pessoa), mas deduz o exato valor “arrecadado” nas despesas – o que também contribui para o aumento dos números finais.

Torcedores do Atlético na Arena MRV em jogo contra o Coritiba - (foto: Pedro Click/Atlético)
Atlético teve aumento no lucro médio com bilheteria na Arena MRV(foto: Pedro Click/Atlético)

Comparativo entre jogos

O No Ataque realizou levantamento comparativo entre alguns dos custos relatados nos borderôs de partidas do Atlético com públicos semelhantes nos dois estádios. Veja a seguir:

Atlético x Bahia (Mineirão) x Atlético x Santos (Arena MRV)

  • Público: 29.847 x 29.782
  • Limpeza e conservação: R$ 38.626,53 x R$ 105.337,00
  • Locação de equipamentos: R$ 7.650,00 x R$ 45.088,40
  • Segurança privada: R$ 191.804,89 x R$ 192.891,68
  • Serviços terceirizados: R$ 13.476,23 x R$ 42.103,00
  • Sinalização de trânsito: R$ 3.340,00 x R$ 54.478,04
  • Custo total: R$ 623.078,56 x R$ 996.367,15

Atlético x Inter (Mineirão) x Atlético x Cuiabá (Arena MRV)

  • Público: 36.080 x 36.014
  • Limpeza e conservação: R$ 37.316,94 x R$ 7.834,40
  • Locação de equipamentos: R$ 29.529,24 x R$ 65.248,14
  • Segurança privada: R$ 182.531,41 x R$ 230.835,20
  • Serviços terceirizados: R$ 14.003,88 x R$ 159.701,96
  • Sinalização de trânsito: R$ 3.340,00 x R$ 30.000,00
  • Custo total: R$ 655.353,43 x R$ 1.107.469,35

Atlético x Corinthians (Mineirão) x Atlético x Fluminense (Arena MRV)

  • Público: 21.086 x 23.003
  • Limpeza e conservação: R$ 40.949,10 x R$ 40.045,90
  • Locação de equipamentos: R$ 34.304,34 x R$ 54.104,60
  • Segurança privada: R$ 209.676,40 x R$ 217.444,70
  • Serviços terceirizados: R$ 10.093,98 x R$ 167.779,98
  • Sinalização de trânsito: R$ 3.340,00 x R$ 49.178,14
  • Custo total: R$ 675.971,21 x R$ 921.448,05

A reportagem questionou o Atlético sobre esses custos específicos na Arena MRV. O que explica a diferença nos valores? Por que os gastos com serviços terceirizados, por exemplo, subiram tanto? Quais são os equipamentos locados no novo estádio? Diferem do Mineirão? Veja a resposta do clube a seguir.

Posicionamento do Atlético sobre aumento de custos na Arena MRV

Com relação às despesas operacionais, todas elas contidas no borderô, a diretoria atleticana entende que é uma tendência natural a diminuição com o passar dos jogos e a maturação da operação da Arena mais tecnológica, moderna, inclusiva e acessível do Brasil.

Por se tratar de um equipamento novo, alguns custos ainda estão em análise, como a necessidade do VAR presencial, que consome em torno de 25 mil reais por partida; aluguel de mobiliário, cerca de 22 mil reais; logística de trânsito, 30 mil reais; entre outras.

Importante ressaltar que na Arena MRV todas as despesas das partidas constam no borderô, prática não adotada na maioria dos estádios.

Estamos com uma curva de aprendizado referente à operação do estádio e com o tempo poderemos, por exemplo, diminuir o efetivo de segurança, ampliando os orientadores de público.

A discussão sobre custo é válida, mas não a principal. Vamos falar de receita: A média de receita com bilheteria por partida na Arena MRV é acima dos 2 milhões de reais. Desse total, em média, 50% entram diretamente nos cofres do clube. Esse valor é muito superior à média da renda que ficava para o Atlético em partidas realizadas no Independência e/ou no Mineirão.

A média da receita bruta no estádio da Pampulha ficou em cerca de R$1.1 milhão em 2022 e R$1.2 milhão, este ano. A média do lucro líquido, ou seja, aquilo que efetivamente ficava com o Atlético girava em torno de 20%, em 2022; e 23%, este ano. Ou seja, aproximadamente 80% da renda da partida era consumida com despesas, acertadas no acordo fechado com a administração do Mineirão. O clube arcava com cerca de 15% da renda bruta com o aluguel do estádio. Esse valor ficou em R$9.344.222,00 nas 44 partidas disputadas entre 2022 e 2023, uma média de R$212 mil por jogo. Valores que não apareciam no borderô das partidas.

Ainda sobre receitas, o clube lucrou, por jogo, cerca de R$240 mil, em média, com alimentos, bebidas e estacionamos nas partidas disputadas na Arena MRV. Nos outros estádios mineiros, essa rubrica de receita não ficava com o Galo.

Apesar do aumento nos custos no novo estádio, o Atlético também observou, como citado pelo próprio clube, um crescimento das receitas na Arena MRV. No comparativo com o Mineirão, o lucro médio por partida saiu de R$ 566.930,56 para R$ 976.481,97, considerando somente a renda dos ingressos comercializados.

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