FINANÇAS DO ATLÉTICO

Atlético quase dobra lucro e despesas com mudança para Arena MRV

Galo observa salto expressivo de números na Arena MRV em comparação com jogos pelo Brasileiro no Mineirão; veja
Foto do autor
Foto do autor
Compartilhe

O momento é oportuno para uma comparação mais precisa. Pela Série A do Campeonato Brasileiro de 2023, o Atlético atuou sete vezes no Mineirão e sete vezes na Arena MRV, seu novo estádio em Belo Horizonte. E os números mostram que o Galo quase dobrou o lucro com bilheteria, mas também registra praticamente o dobro de despesas para operar o mais novo palco do futebol na capital mineira em dias de jogos.

O levantamento realizado por No Ataque considera apenas números descritos nos borderôs divulgados pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Receitas com as quais o Atlético não contava anteriormente, como vendas de alimentos e bebidas na Arena MRV, além de vagas de estacionamento no estádio, não foram levadas em conta para o estudo.

Na soma das sete partidas disputadas no novo estádio, o Galo teve lucro de R$ 6.835.373,84 com a venda de ingressos*. Uma média de R$ 976.481,97 por jogo.

Números significativamente superiores aos dos sete compromissos do Atlético no Mineirão, pelo Campeonato Brasileiro. No Gigante da Pampulha, o lucro total do clube foi de R$ 3.968.513,97, enquanto a média ficou em R$ 566.930,56.

*Nos borderôs da Arena MRV, o Galo considera as cadeiras cativas e camarotes como parte do público pagante (R$ 20 por pessoa), mas deduz o exato valor “arrecadado” nas despesas.

Despesas também aumentam

Se, por um lado, o Galo tem garantido mais recursos para os cofres mandando jogos na casa própria, por outro, o aumento das despesas também chama atenção. A diferença no comparativo entre Mineirão e Arena MRV tem sido tema de debate entre torcedores nas redes sociais, especialmente nas seguintes categorias: locação de equipamentos, segurança privada, serviços terceirizados e sinalização de trânsito.

Nos sete jogos pelo Brasileirão no Gigante da Pampulha, as despesas somadas ficaram em R$ 4.765.315,53. A média foi de R$ 680.759,36 por partida.

Já na Arena MRV, o total de custos nos sete compromissos disputados foi de R$ 8.117.300,72. A média foi de R$ 1.159.614,38 por jogo.

Torcida do Atlético no Mineirão, no duelo contra o Bahia - (foto: Daniela Veiga/Atlético)
Torcida do Atlético no Mineirão, no duelo contra o Bahia(foto: Daniela Veiga/Atlético)

Um dos grandes desafios do Galo no novo estádio será aprimorar a operação, de modo a maximizar os lucros – especialmente a partir da redução de custos. A expectativa é de que isso seja mais trabalhado a partir da próxima temporada.

A reportagem de No Ataque procurou o Atlético sobre o tema. O clube se posicionou oficialmente sobre o aumento das despesas na Arena MRV.

Atlético se posiciona sobre aumento de custos na Arena MRV

Com relação às despesas operacionais, todas elas contidas no borderô, a diretoria atleticana entende que é uma tendência natural a diminuição com o passar dos jogos e a maturação da operação da Arena mais tecnológica, moderna, inclusiva e acessível do Brasil.

Por se tratar de um equipamento novo, alguns custos ainda estão em análise, como a necessidade do VAR presencial, que consome em torno de 25 mil reais por partida; aluguel de mobiliário, cerca de 22 mil reais; logística de trânsito, 30 mil reais; entre outras.

Importante ressaltar que na Arena MRV todas as despesas das partidas constam no borderô, prática não adotada na maioria dos estádios.

Estamos com uma curva de aprendizado referente à operação do estádio e com o tempo poderemos, por exemplo, diminuir o efetivo de segurança, ampliando os orientadores de público.

A discussão sobre custo é válida, mas não a principal. Vamos falar de receita: A média de receita com bilheteria por partida na Arena MRV é acima dos 2 milhões de reais. Desse total, em média, 50% entram diretamente nos cofres do clube. Esse valor é muito superior à média da renda que ficava para o Atlético em partidas realizadas no Independência e/ou no Mineirão.

A média da receita bruta no estádio da Pampulha ficou em cerca de R$1.1 milhão em 2022 e R$1.2 milhão, este ano. A média do lucro líquido, ou seja, aquilo que efetivamente ficava com o Atlético girava em torno de 20%, em 2022; e 23%, este ano. Ou seja, aproximadamente 80% da renda da partida era consumida com despesas, acertadas no acordo fechado com a administração do Mineirão. O clube arcava com cerca de 15% da renda bruta com o aluguel do estádio. Esse valor ficou em R$9.344.222,00 nas 44 partidas disputadas entre 2022 e 2023, uma média de R$212 mil por jogo. Valores que não apareciam no borderô das partidas.

Ainda sobre receitas, o clube lucrou, por jogo, cerca de R$240 mil, em média, com alimentos, bebidas e estacionamos nas partidas disputadas na Arena MRV. Nos outros estádios mineiros, essa rubrica de receita não ficava com o Galo.

Custo extra no Mineirão

Nesta quinta-feira, o Atlético publicou a diferença entre as rendas brutas nos dois estádios. O clube afirma que lucrou R$ 8,3 milhões na Arena MRV e R$ 1,9 milhão no Mineirão. Essa diferença no cálculo se deve pelo acréscimo do repasse de 15% da renda bruta à Minas Arena, gestora do Gigante da Pampulha.

No entanto, mesmo retirando esse valor, se chega a R$ 2.782.003,22. O Atlético não detalhou quais são os outros custos no Mineirão.

Compartilhe