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Atlético: arquiteto da Arena MRV revela consultas de Flamengo e outros clubes

Autor do projeto do novo estádio do Galo revelou que recebeu consultas até de times mineiros; relembre entrevista dada por ele ao No Ataque sobre a Arena MRV
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Arquiteto que projetou a Arena MRV, novo estádio do Atlético, Bernardo Farkasvölgyi revelou que foi consultado por Flamengo e outros clubes brasileiros para fazer parte de novos projetos.

O profissional comentou que o clube rubro-negro procurou-o em dois momentos, e disse que clubes de Minas Gerais entraram em contato com ele.

“Fui consultado pelo Flamengo em duas oportunidades, entretanto o terreno escolhido não vingou por questões técnicas. Depois que projetei a Arena MRV, já fui procurado por diversos clubes de Minas e do Brasil. Sou extremamente grato ao Atlético, meu time do coração, por projetar meu nome para todo o país!”

Bernardo Farkasvölgyi, arquiteto da Arena MRV

O projeto da Arena MRV

Há 10 anos, nascia um sonho. O dia não sai da memória de Bernardo Farkasvölgyi: 13 de novembro de 2013. O arquiteto mineiro, que no escritório Farkasvölgyi Arquitetos & Associados concebeu mais de 1.000 projetos em 50 anos de história, foi chamado por Rubens e Rafael Menin, empresários e futuros sócios majoritários da SAF do Atlético, na sede da MRV Engenharia. Em entrevista ao No Ataque, o responsável pelo projeto relembrou os primeiros passos e esboços do novo estádio do Galo.

O assunto era desconhecido por Bernardo até o contato com a família Menin. “Vamos construir um estádio para o Galo e queremos que um mineiro, torcedor atleticano e profissional destacado seja o autor deste projeto”, disseram os empresários.

“Recebi o presente da minha vida. Realizei o sonho que tinha quando me formei. Mesmo sem saber quais eram as condições da proposta, aceitei o desafio.” Bernardo Farkasvölgyi, arquiteto da Arena MRV

A partir daquele momento, para traçar as primeiras linhas do projeto, Farkasvölgyi fazia visitas ao terreno de 128 mil metros quadrados, no bairro Califórnia, Região Noroeste de Belo Horizonte. Ali, começava a imaginar cada detalhe da construção até a obra pronta.

As linhas transversais que compõem a fachada externa, em branco e cinza escuro, remetem às faixas pretas e brancas que eram esticadas pela torcida atleticana da arquibancada superior até a geral na década de 1970. “É uma das únicas arenas do mundo que, quando você bate o olho nela, já sabe a qual time pertence”, pontuou Bernardo à reportagem.

Mas, para que o desenho que nasceu na cabeça do arquiteto fosse transferido para o papel e, depois para a plataforma BIM, tecnologia referência em concepção de projetos, os desafios foram inúmeros. A começar pelo briefing com premissas básicas passadas por Rubens e Rafael Menin: “Queremos um verdadeiro caldeirão, com a torcida mais próxima possível do campo de jogo”, exaltou o pai. 

O tamanho do terreno mereceu outro ponto de atenção. Há nascentes e curso d’água na área. O espaço disponível para construir, de acordo com a exigência da legislação, ficava menor do que o necessário para edificar o empreendimento com as características exigidas pelos idealizadores.

“Precisava planejar o maior estádio possível, dentro das limitações do terreno e da legislação. O projeto inicial, com capacidade para 60 mil pessoas e shopping, não pêde ser levado à frente. Para chegarmos em 46 mil lugares, o cálculo foi feito no limite, sem qualquer margem, dentro das normas e instruções técnicas exigidas”, relembrou o arquiteto.

“Mas a Arena MRV nasceu para esse terreno – tanto que a diagonal da edificação está para o norte, como preceitua a Fifa. Desta forma, o sol não bate nos olhos dos goleiros”, apontou Farkasvölgyi.

Diferenciais do estádio

A Arena MRV surgiu com a premissa de se transformar em um dos estádios mais inclusivos do mundo. Enquanto grande parte das arenas disponibilizam locais pré-determinados às pessoas com mobilidade reduzida, o estádio do Galo permite com que todos possam escolher o setor para assistir aos jogos.

“Colocar os portadores de necessidades especiais em um canto, isolados, é uma forma de discriminação. Na Arena MRV, somos todos iguais. Precisamos apenas educar o usuário para respeitar os espaços, não ficando em pé em áreas destinadas aos PcDs (Pessoa com Deficiência). Desta forma, não haverá obstáculos visuais para ver quase a totalidade do estádio em qualquer ponto”, enfatiza o arquiteto.

Nas vias de acesso, outro ponto positivo, na avaliação dos responsáveis pelo projeto. Via Expressa, Anel Rodoviário e BR-040 abraçam o terreno que fica na divisa entre Belo Horizonte e Contagem. A estação de metrô do Eldorado também está a 1,3 quilômetros da Arena MRV.

A logística também chama atenção: uma rua dentro do estádio, com sete metros de largura, dá acesso aos vestiários e às áreas de carga e descarga. A passagem envolve a estrutura, permitindo com que ônibus e caminhões cheguem a todos os pontos do empreendimento, percorrendo, inclusive, a faixa de 8,5 metros que margeia o campo.

Dessa forma, a montagem e a desmontagem de eventos podem ser realizadas com agilidade. Um show de grande proporção, segundo os responsáveis, vai levar, no máximo, 24 horas para ser finalizado.

Para Bernardo Farkasvölgyi, o melhor de cada uma das 12 arenas da Copa do Mundo realizada no Brasil, em 2014, está presente no estádio do Galo. Além de visitar por várias vezes os estádios nacionais, o arquiteto e sua equipe percorreram vinte e um dos principais palcos de futebol da Europa e outros na América Latina.

Distância da torcida ao gramado da Arena MRV*

  • 8,5 metros das laterais
  • 10 metros atrás do gol
  • 1,10 metro de altura em relação primeiro assento inferior

*menor distância estipulada pela FIFA e Conmebol

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