FUTEBOL NACIONAL

Atlético, Palmeiras, São Paulo, Athletico… veja quantas vezes Cuca pediu para sair

Nos últimos anos, carreira de Cuca foi marcada pelo fim de trabalhos em grandes clubes a pedido do próprio treinador; veja lista
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Já entrou até no folclore da carreira de Cuca. O treinador não constrói trajetórias longevas nos clubes, saindo do cargo muitas vezes não por demissão, mas por vontade própria. A bola da vez é o Atlético-PR, que anunciou nesta segunda-feira (24/6) ter atendido ao pedido de demissão de Cuca, apresentado após o empate com o Corinthians, em Curitiba.

Especulado no Cruzeiro pela amizade com o CEO celeste, Alexandre Mattos, Cuca nega que sua saída do Furacão tenha a ver com uma possível volta à Toca da Raposa. “Cuidado com o que falam”, comentou, ao ser perguntado sobre a possibilidade.

Nesta quarta-feira, às 19h, o Cruzeiro recebe justamente o Athletico-PR, no Mineirão, pela 12ª rodada do Campeonato Brasileiro.

O trabalho no Athletico-PR foi mais um interrompido por Cuca, que tem marcado sua trajetória como treinador, nos últimos anos, por decisões semelhantes. Em muitos deles, o técnico colocou ponto final em trabalhos vitoriosos, frustrando torcedores.

Clubes nos quais Cuca pediu para sair

Cuca chamou atenção no cenário nacional em 2003. Ele estava à frente do Paraná, então oitavo colocado do Brasileiro, quando pediu demissão para assumir o Goiás. O esmeraldino era o lanterna. Na época, justificou dizendo que a proposta fora irrecusável: “Apareceu uma boa proposta profissionalmente e passei para a diretoria. Eles não gostaram, mas entenderam a posição do Cuca pai de família e profissional”, disse o treinador. A escolha se mostrou acertada, pois ele comandou o Goiás numa arrancada impressionante, levando o clube ao nono lugar e à vaga na Copa Sul-Americana.

Em 2007, uma saída controversa – e meteórica – do Botafogo. Contratado no ano anterior, Cuca fez um trabalho que o consolidou na prateleira dos treinadores de destaque do futebol brasileiro. Mas, após fase de declínio e derrota para o River Plate na Copa Sul-Americana de 2007 – que resultou na eliminação -, Cuca deu entrevista dizendo que estava de saída do clube. Assumiu Mário Sérgio, que ficou nove dias no posto apenas, e Cuca retornou.

Ele falou sobre esse vaivém em entrevista, anos depois.

Fui para o meu quarto depois da derrota, (Carlos Augusto) Montenegro me chamou, achou melhor que eu saísse e falasse que eu estava saindo. Fui lá e falei para os repórteres que estava pedindo para sair, facilitei a vida dele. Era para deixar um caminho para o outro. Mário Sérgio assumiu, depois de nove dias ele saiu, e o Montenegro me ligou de volta e falou: “Facilita a minha vida, volta”. Falei: “Tá bom!”. Domingo me ligou, terça já estava em Itu com o grupo

Cuca, treinador.

Em maio de 2008, após queda na Copa do Brasil para o Corinthians, Cuca anunciou que havia entregado o cargo para a diretoria carioca, dando fim àquele ciclo de forma definitiva.

Em 2013, foi a vez de o Atlético ser comunicado da saída de Cuca subitamente. Foi após uma temporada de ouro, com a conquista da Copa Libertadores capitaneada por nomes como Ronaldinho Gaúcho, Bernard, Diego Tardelli e Jô, que levou o Galo ao Mundial de Clubes.

Antes mesmo de o time encerrar sua participação em solo marroquino, porém, a diretoria alvinegra já havia sido comunicada que aquela seria a última viagem do treinador com a equipe – ele aceitara proposta do Shandong Luneng, da China.

O roteiro se repetiu na segunda passagem de Cuca pela Cidade do Galo, em 2021. De novo, uma jornada vitoriosa, com as taças de Campeonato Mineiro, Brasileiro e da Copa do Brasil. Um time que encantou o Brasil tendo o atacante Hulk como principal liderança. Em 28 de dezembro, quando a torcida ainda festejava a temporada de grandes feitos e sonhava com um 2022 igualmente bem-sucedido, veio a notícia: alegando questões pessoais, Cuca anunciava que estava de saída.

Saídas de Palmeiras, Santos e São Paulo

Entre uma e outra passagem pelo Atlético, Cuca repetiu o enredo, encerrando trabalhos de forma precoce em outros clubes.

Do Palmeiras, saiu logo depois de conquistar o Brasileiro de 2016. Segundo ele, o motivo era que queria se dedicar mais à família e considerava a missão cumprida. Em sua justificativa, citou o atual CEO do Cruzeiro, Alexandre Mattos.

“É uma escolha difícil, mas que eu tive que fazer. Na verdade, como sempre disse, não era nem para eu ter vindo neste ano. Eu ia me dedicar apenas à minha família em 2016, mas fui convencido pelo Alexandre Mattos, pelo presidente, pelo projeto que foi apresentado a mim e, claro, pelo meu amor ao Palmeiras. Torço desde criança, nunca escondi isso de ninguém, e domingo acabei sendo campeão duas vezes: como treinador e como torcedor. Saio do Palmeiras muito feliz e com a missão cumprida. Tenho certeza de que voltarei um dia para continuar a minha história no clube”

Cuca, treinador

Em 2018, ele foi forçado a interromper o contrato. À frente do Santos, chegou com a missão de livrar o time do rebaixamento no Brasileiro, mas se sentiu mal – curiosamente, em partida contra o Cruzeiro, em 26 de setembro -, por causa de um problema cardíaco. Precisou se afastar para cuidar da saúde. Fez cirurgia e, depois de recuperado, assumiu o São Paulo.

No Morumbi, foi vice-campeão paulista de 2019. Mas, depois de 26 partidas (da quais o time venceu nove), optou por encerrar o contrato. “Infelizmente, o meu estilo não casou com o estilo do São Paulo. Não combinou”, alegou.

Em 2023, Cuca viveu uma curta passagem pelo Corinthians. Foi contratado sob protesto de muitos torcedores, especialmente mulheres, por causa da condenação por estupro de uma menor de idade na Suíça, nos anos 1980. Inclusive, uma das manifestações mais veementes partiu da equipe feminina de futebol do clube. Dirigiu o time por duas partidas e deu adeus.

Em janeiro deste ano, conseguiu a anulação do processo na Corte Suíça sem que houvesse novo julgamento. O Tribunal Regional do distrito de Berna-Mittelland acatou a argumentação da defesa, de que Cuca foi condenado à época sem representação legal. Definiu-se, então, pela anulação da sentença anterior e extinção do processo, sem entrar no mérito de culpa ou inocência do treinador.

Em março, foi anunciado pelo Athletico-PR, de onde se despediu nesta segunda-feira.

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