ATLÉTICO

Demitido pelo Atlético, Baiano questiona: ‘Foi incompetência? Idade? Faltou uma resposta’

Baiano trabalhou no Atlético por 40 anos, entre idas e vindas, e estava como observador técnico das categorias de base do clube

Aos 66 anos, Eugênio Salomão, mais conhecido como Baiano, não é mais funcionário da base do Atlético. O ex-jogador, que acumulou mais de 40 anos no Galo, recebeu com surpresa a notícia da demissão nessa terça-feira (1º/4). Ele atuava como observador técnico e foi desligado do clube ao lado de Everton Nogueira, ex-atacante que também vestiu a camisa alvinegra.

Baiano e Everton foram chamados para uma conversa com Luiz Carlos de Azevedo, novo gerente-geral das categorias de base e formação do Atlético, na qual receberam o comunicado do desligamento.

Em entrevista exclusiva ao No Ataque, nesta quarta (2/4), Baiano lamentou: “Confesso que hoje estou mais triste”.

Ao todo, o ex-jogador trabalhou 43 anos no Galo em seis passagens distintas, a última delas por 25 anos consecutivos. Baiano contribuiu para revelar centenas de atletas, muitos deles que acabaram vingando na carreira, como o goleiro Matheus Mendes; o lateral-direito Marcos Rocha; os zagueiros Cléber, Paulo Sérgio e Lima; os meio-campistas Zé Antônio, Renan Oliveira, Ramon e Benard; e os atacantes Rafael Moura, Kim e Quirino.

“Quando a direção me chamou pensei: ‘Será que fui mesmo demitido no Dia da mentira? Será que não é mentira e amanhã eles me ligam e eu retorno? Será que o coração deles não vai sensibilizar pelo serviço prestado por tantos jogadores revelados? Eu ensinei, eu eduquei, eu formei. Não só atletas, mas verdadeiros cidadãos, coisa que os treinadores de hoje não fazem. É por isso que os atletas respeitam a gente”, ressaltou Baiano.

O observador técnico disse não ter questionado Luiz Carlos sobre o motivo da demissão nessa terça. No mesmo dia, ele e Everton foram homenageados pelo clube diante dos demais profissionais da base. Receberam uma placa pelos anos de serviços prestados. O Atlético publicou, inclusive, nas redes sociais um vídeo registrando o momento.

Na manhã desta quarta, no entanto, minutos depois de realizar o exame médico demissional, Baiano conta que voltou a refletir sobre o assunto e que, agora, espera por respostas do clube.

“Eu não perguntei por que, e na hora também não quis saber. Mas ele [Luiz Carlos] também não ia falar de onde partiu [a decisão da demissão]. Mas eu gostaria de saber. Foi incompetência? A idade? Faltou uma resposta, hoje eu gostaria de saber”, destacou.

“O Atlético nos demitiu, nos prestou homenagem e muita gente está pensando que aposentamos. Mas nós não pedimos para sair”, complementou.

Trabalho voluntário continua

Apesar do desligamento da base do Atlético, Baiano continuará auxiliando o clube por meio de projetos sociais. Ele é, inclusive, o presidente da Associação dos ex-atletas do Clube Atlético Mineiro (AEXCAM).

Além disso, trabalha de forma voluntária para o Instituto Galo e contribui com o processo de construção do Museu do Galo.

“Sou voluntário em todos eles e vou continuar. Cheguei ao Atlético em 1968, lá em Lourdes, eu tinha apenas 10 anos. Fiquei no infantil e no juvenil como atleta, depois fui para o América, virei profissional, parei e segui a carreira. O pessoal do Atlético me chamou, pois gostam muito de mim. Todo mundo me ligou ontem [terça], desde o porteiro. Não sei o patamar superior, mas, até um certo setor, o pessoal mais antigo, todos eles me prestaram uma homenagem que emociona, estou com 66 anos”, finalizou.

Procurado pela reportagem de No Ataque, o Atlético, por meio da assessoria de imprensa, explicou que a saída de Baiano e Everton foi o “fim de um ciclo”, adicionando que “o clube sempre homenageia quem valorizou e fez parte da história”.

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