ATLÉTICO

Torcedor do Atlético, Djonga explica crítica à SAF: ‘Muito dinheiro e menos futebol’

Djonga criticou SAFs em música com Milton Nascimento e vê modelo de gestão como prejudicial à essência do futebol

“Original e único igual CPF. Já dei muito sangue por quem não merece. Morro pelo meu time, mas não vendo a SAF”, diz o mineiro Djonga na música “Demoro a dormir”, em parceria com o conterrâneo Milton Nascimento. Em entrevista ao No Ataque e ao Estado de Minas, nessa quarta-feira (21/5), o rapper explicou a crítica ao modelo de gestão adotado pelo Atlético, clube do qual é torcedor.

“Naturalmente, tudo que se transforma em negócio tende a perder um pouco de carinho, cuidado, e autenticidade. Tudo que vira empresa, que sai da mão do povo e vai para uma pessoa só ou um grupo restrito, tende a perder um pouco da empatia, do sentimento de coletividade. Não é uma particularidade do futebol. Na nossa carreira (de cantor), no começo as coisas são de um jeito, quando vai chegando mais dinheiro, se tornando empresa, (elas mudam). Uma coisa é quando você faz show de R$ 200, não precisa nem declarar imposto, de repente você tem que declarar, contratar contador. É difícil em meio a isso tudo você manter essa originalidade e carinho pela parada. Se para nós que somos artistas é difícil fazer isso, imagina para uma parada que lucra tanto, que necessita tanto do dinheiro”, iniciou.

Com o rosto estampado em um dos muros que cercam a Arena MRV, estádio do Galo em Belo Horizonte, Djonga nunca escondeu a paixão pelo alvinegro e se tornou uma das figuras públicas que mais carregam o nome do clube. Ele é um dos artistas presente na música “Contra o Vento”, lançada oficialmente pelo time mineiro em 2019, como parte da comemoração do aniversário de 111 anos do Galo. Em 30 de novembro de 2024, foi ele quem representou a torcida Atlético, vestido com uma camisa da Galoucura, no show de abertura da final da Copa Libertadores – na qual os mineiros foram derrotados por 3 a 1 pelo Botafogo.

A SAF do Atlético

O Atlético adotou o modelo de Sociedade Anônima do Futebol (SAF) em novembro de 2023. Após algumas alterações, a estrutura societária se encontra da seguinte forma: 25% pertence à associação, enquanto os outros 75% é da Galo Holding.

Por meio da 2R Holding S.A., os empresários Rubens e Rafael Menina têm 55,74 da Galo Holding, sendo os principais investidores da SAF alvinegra. O resto está dividido entre o empresário Ricardo Guimarães (8,43%), o FIP Galo Forte (26,88%) – comandado pelo banqueiro Daniel Vorcaro –, e o Fundo de Investimentos do Galo (8,96%).

“O futebol caminha para um lugar que não sei se acho muito interessante (…) É uma bola de neve que não faz bem. Parece que a parada está muito distante da essência, o esporte fica em segundo plano, a paixão vai ficando em segundo plano. As pessoas vão desanimando porque não parece real. Eu ainda não desanimei, ainda sou fanático. Mas quando converso com as pessoas que desanimaram, é muito disso que ouço: ‘É muito dinheiro e menos futebol’.

Djonga, rapper e torcedor do Atlético

Os outros dois principais clubes de Minas Gerais, Cruzeiro e América, também são SAF. A Raposa pertence ao empresário Pedro Lourenço, que adquiriu as ações que pertenciam ao ex-jogador Ronaldo Nazário. O Coelho segue em busca de um investidor.

Demoro a Dormir – Djonga e Milton Nascimento

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