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Augusto Melo discursa em tom de despedida do Corinthians antes de votação do impeachment

Presidente do Corinthians, Augusto Melo disse que sai 'de cabeça erguida' antes de votação do impeachment, mas rechaçou renúncia

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“O jogo não acabou, mas saio de cabeça erguida por enquanto”. Foi nesse tom de despedida que o presidentedo Corinthians Augusto Melo discurso na noite desta segunda-feira (26/5), no Parque São Jorge, em São Paulo, pouco antes do início da votação do impeachment dele.

Esperava-se que o mandatário renunciasse do mandato. No entanto, embora o tom da fala indicasse uma saída imediata, ele deixou claro, ao fim do pronunciamento, que “vai lutar” até o fim e não renunciará.

“Missão cumprida. Não é renúncia, ao contrário. Não vou participar dessa palhaçada. Não estou renunciando, vou brigar para continuar aqui. Vai ter a votação, eles são a maioria, não tenho dúvida de que a votação vai passar, tem 60 dias para a assembleia geral e vamos brigar pelo Corinthians. Tudo o que fiz foi pelo Corinthians”, disse.

“Fiz meu melhor. Tivemos erros e acertos, isso é normal. Mas saiu com salários em dias há sete meses, com um superávit, um ano que tinha tudo para dar certo, contrato de estacionamento que daria 30 a 40% pronto para o Corinthians, com um contrato pronto para o CT, o alojamento da base, sem o Corinthians gastar um real. E saio muito feliz por mais um desafio. Contrato pronto da Adidas, uma negociação maravilhosa, dentro dos valores de Barcelona, Real Madrid”, afirmou Augusto Melo.

“Saio de cabeça erguida. Se estamos fazendo algo bom para o Corinthians, o que estamos fazendo de errado? O seu dever, torcedor, é também cobrar. Cobrem as aberturas das contas. Por que vocês acham que queriam me tirar daqui correndo? O torcedor agora tem a chance de cobrar as aberturas das contas. Façam isso pelo bem do Corinthians. Obrigado, até breve”

Augusto Melo

O Caso VaideBet

Um dos principais motivos pelos quais Augusto Melo, presidente do Corinthians desde 2024, deve sofrer o impeachment é o caso VaideBet. Na última quinta-feira (22/5), ele foi indiciado em inquérito da Polícia Civil que investiga irregularidades no contrato com a casa de apostas patrocinadora do clube desde o início do ano passado.

O inquérito policial investiga uma suposta atuação orquestrada por Augusto e ex-dirigentes do Timão. Marcelo Mariano, ex-diretor administrativo, Sérgio Moura, antigo superintendente de marketing, e Alex Cassundé, intermediário do patrocínio com a casa de aposta, são acusados de participar de um esquema para desviar valores da comissão para o crime organizado.

A defesa de Melo argumenta que inexiste qualquer “substrato probatório mínimo” que ampare o indiciamento formal. Por isso, protocolou nesta segunda pedido de habeas corpus com o objetivo de anular a votação do impeachment, que foi negado pela quinta Vara Dível do Tatupé.

A petição apontava que a autoridade policial não individualizou a conduta criminosa de Augusto, deixando lacunas sobre o papel efetivo dele nas tratativas, principalmente na identificação de quem articulou reuniões com o suposto intermediári Por fim, a medida liminar pedia a nulidade do inquérito da Polícia Civil, face ao “dano irreparável”, caso ele seja afastado pelo impeachment.

O contrato virou alvo de investigação policial após a descoberta de repasses de receitas oriundas de pagamentos do Corinthians para a Rede Social Media Design LTDA, empresa de Cassundé. Posteriormente, parte destes valores foram transferidos para uma empresa ‘laranja’ e chegaram a uma conta vinculada ao crime organizado, conforme comprovou o relatório assinado pelo delegado Tiago Fernando Correia, do Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC), responsável pelo caso.

O documento ainda confirmou que Cassundé fez uma transferência de R$ 580 mil para a Neoway Soluções Integradas, a tal empresa fantasma, no dia 25 de março de 2024, mesma data em que, de acordo com dados telemáticos (ERB’s) obtidos pela Polícia, Alex esteve presente no Parque São Jorge. A intermediação deu à Rede Social Media Design LTDA o direito a receber 7% do valor total do acordo entre o clube e a VaideBet, o que, à época da vigência da parceria, renderia, ao fim do período de três anos, R$ 25,2 milhões para a empresa. A quantia deveria ser repassada pelo clube em parcelas mensais de R$ 700 mil.

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