Revelado nas categorias de base do Cruzeiro em meio ao período mais sombrio do clube, que ficou três anos na Série B do Campeonato Brasileiro, Thiago hoje brilha no futebol europeu. O centroavante de 22 anos, que defende o Club Brugge, da Bélgica, concedeu entrevista exclusiva ao No Ataque e contou tudo sobre como lidou com as críticas e a pressão de parte da torcida celeste nesse tempo.
Ele disputou 64 partidas pela Raposa entre 2020 e 2021, marcou dez gols e deu três assistências. Contudo, Thiago não conseguiu cair nas graças de parte da torcida cruzeirense e era constantemente cobrado nas redes sociais.
“A torcida tem uma influência muito grande sobre os clubes. Então, a partir do momento em que um atleta sobe para o profissional e o torcedor não entende que é um processo, querendo ou não, aquilo mexe com a cabeça dele. O jogador não está acostumado. Foi isso que aconteceu comigo e com vários outros”, disse em relação à pressão.
Thiago chegou ao Cruzeiro em 2019, após passagem pelo Verê FC, do Paraná, e logo se destacou na base. Com o rebaixamento do clube à Segunda Divisão, a diretoria celeste apostou nos jovens como sendo a principal salvação em meio à grave crise esportiva e econômica. E o centroavante foi um desses jogadores.
O atacante entende que não houve uma ‘queima de etapas’ ao ser lançado no profissional em meio ao momento conturbado vivido pelo Cruzeiro. Segundo ele, foi graças àquela situação que ele despontou para o futebol no cenário internacional.
“Não posso dizer que houve queima de etapas, mas no momento do clube não tinha o que fazer. Era subir os meninos da base ou não teria jogador. Sou muito grato ao Cruzeiro, porque foi o primeiro clube que me abriu as portas para jogar no profissional. Acho que tinha que acontecer dessa forma, porque se o Cruzeiro não tivesse caído, talvez, eu não teria a oportunidade de jogar no profissional”, disse.
Primeira venda da SAF celeste
Thiago também ficou marcado por ser a primeira venda da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do Cruzeiro. Ele deixou o Cruzeiro rumo ao Ludogorets, em 26 de fevereiro do ano passado. O clube búlgaro desembolsou 700 mil dólares (R$ 3,6 milhões na cotação da época) por 75% dos direitos econômicos do jogador.
A negociação por esse valor não foi tão bem vista por parte da nação azul, que mesmo com desconfiança, considerava que o atleta poderia ter maior valorização no mercado. A opinião também foi semelhante à do gestor da SAF, Ronaldo Nazário. O Fenômeno chegou a revelar que a venda só foi realizada para sanar problemas de fluxo de caixa imediatos.
Em 2021, o Cruzeiro, representado pelo presidente Sérgio Santos Rodrigues, que atualmente responde pela associação civil, já havia recusado uma proposta por Thiago. O Ludogorets tinha oferecido R$ 7 milhões pelo centroavante. O montante seria dividido entre o clube mineiro (75%) e o Verê (25%).
Saída de Thiago foi no momento certo
Thiago afirmou ao No Ataque que aquele foi o momento certo para o Cruzeiro vendê-lo. O jovem não era bem quisto pelos torcedores e sofria com problemas psicológicos causados pela pressão extrema em relação ao momento do clube na Segunda Divisão.
“Aquele foi o momento certo para me vender, eu digo no contexto geral. O torcedor já não tinha mais paciência comigo e também fez bem para mim psicologicamente, porque eu não estava bem”, iniciou.
O centroavante também revelou que não guardou mágoas em relação ao tratamento no Cruzeiro naquele período, pelo contrário. Ele ficou extremamente grato por Ronaldo entender os motivos pelos quais Thiago preferiu sair.
“Agradeço muito o Ronaldo por ter entendido isso, que eu não estava bem. Também foi bom para eu me desenvolver na carreira, porque eu mesmo duvidava se era aquilo que as pessoas estavam falando que eu era. Hoje, eu entendo que para representar o Cruzeiro tem que saber o peso da camisa, onde você está entrando”, finalizou.
Depois de deixar o Ludogorets, neste ano, Thiago acertou sua transferência para o Club Brugge. O atacante tem um início impressionante na equipe belga, com 14 jogos e seis gols.
