A quarta passagem de Paulo Autuori pelo Cruzeiro terá um peso enorme. O diretor técnico, que aceitou ocupar o cargo deixado por Zé Ricardo, demitido no último domingo (12/11), tem a missão de evitar nova queda da Raposa à Série B. Para isso, o treinador interino pode ter como inspiração trabalhos emblemáticos de outros profissionais que salvaram clubes do rebaixamento.
A reportagem de No Ataque listou cinco casos marcantes de técnicos que tiveram sucesso no objetivo de escapar do descenso à Segunda Divisão nos últimos anos. Relembre a trajetória desses treinadores abaixo.
Missão de Paulo Autuori no Cruzeiro
O Cruzeiro abre a zona da degola (17ª posição), com 37 pontos – um a menos que o Bahia (16º colocado). O Cruzeiro terá confrontos diretos com Vasco (15º, com 40 pontos) e Goiás (18º, com 35), além de enfrentar Fortaleza, Athletico Paranaense, Botafogo e Palmeiras.
Segundo os cálculos do Departamento de Matemática da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o ‘número mágico’ para que um time garanta a permanência é de 47 pontos. Essa pontuação tem apenas 0,6% de chance de queda. Contudo, algumas equipes podem se salvar com menos pontos em um cenário que os adversários tenham aproveitamento menor do que o esperado.
O clube que chegar ao 46º ponto, por exemplo, tem 4,2% de risco de rebaixamento, enquanto um time com 45 tem 15,5%. Sendo assim, o Cruzeiro precisaria somar mais nove pontos em 18 possíveis (50% de aproveitamento) – totalizando 46 – para correr pouco risco.
Treinadores que salvaram clubes da queda à Série B
Emerson Leão no Corinthians (2006)
Contratado para fazer um verdadeiro milagre, Emerson Leão tirou o Corinthians da lanterna do Brasileirão de 2006. Ele assumiu o clube com 13 pontos ganhos em 16 rodadas e terminou o torneio nacional em nono, com 53.
Ao todo, Leão comandou o Timão em 22 partidas e teve aproveitamento de 60,60%. Foram 11 vitórias, sete empates e quatro derrotas durante a campanha salvadora.
Cuca no Fluminense (2009)
Outro caso bem similar ocorreu em 2009, quando o Fluminense apostou suas fichas em Cuca. O técnico foi contratado para assumir a vaga deixada por Renato Gaúcho na reta final da temporada e correspondeu às expectativas da diretoria carioca.
Na oportunidade, o Tricolor das Laranjeiras estava em último no Brasileirão, com 16 pontos em 22 rodadas – com oito de distância para o Santo André, primeiro time fora do Z4. Nos 16 jogos finais, o time de Cuca obteve oito vitórias, seis empates e apenas duas derrotas, escapando da queda em 16º lugar, com 46 pontos.
Dorival Júnior no Atlético (2010)
Dorival Júnior também evitou o pior no Atlético em 2010. Demitido do Santos após desentendimento com a diretoria no caso de indisciplina de Neymar, o técnico não ficou nem dois dias desempregado. Ele aceitou o desafio de substituir Vanderlei Luxemburgo no Galo.
Dorival pegou o Atlético no 18º lugar, com 21 pontos em 24 rodadas. A equipe mineira estava na zona de rebaixamento desde a nona rodada, mas conseguiu terminar o torneio na 13ª colocação, com 45 pontos. Ao todo, foram sete vitórias, três empates e quatro reveses sob o comando do profissional.
Mano Menezes no Cruzeiro (2016)
Autuori poderá olhar para dentro do próprio Cruzeiro para tirar um exemplo parecido. Em 2016, Mano Menezes conseguiu evitar o que poderia ser o primeiro rebaixamento do clube à Série B. Ele assumiu o comando na 17ª rodada, após a saída do português Paulo Bento, e pegou a Raposa na vice-lanterna, com 15 pontos.
Com Mano, o Cruzeiro teve uma campanha de recuperação incrível. Os celestes saltaram da 19ª posição para a 12ª, com 51 pontos, conseguindo vaga na Copa Sul-Americana de 2017. Foram dez vitórias, seis empates e seis derrotas durante a campanha daquele ano.
Lisca no Ceará (2018)
Lisca assumiu o Ceará na última posição do Brasileiro de 2018, com apenas três pontos, na nona rodada, e levou a equipe ao 15º lugar, com 44, no encerramento do campeonato. Em 29 partidas, obteve 10 vitórias, 11 empates e oito derrotas.
O feito fez a torcida do Ceará ir à loucura com o desempenho de ‘Lisca Doido’. Os alvinegros cantaram a famosa música feita para o treinador: “Saiu do hospício, tem que respeitar, Lisca Doido é Ceará”.
Técnicos que não conseguiram escapar do rebaixamento
Por outro lado, há também aqueles que não conseguiram evitar o pior. Os mais lembrados são Lori Sandri, no Atlético (2005); Nelsinho Baptista, no Corinthians (2007); Lisca, no Internacional (2016); Adilson Batista, no Cruzeiro (2019); Vanderlei Luxemburgo, no Vasco (2020); e Vagner Mancini, no Grêmio (2021).
Lori Sandri: obteve quatro vitórias, dois empates e duas derrotas nos últimos jogos do Atlético no Brasileiro de 2005, que contava com 22 clubes. O time saiu da lanterna, com 33 pontos, e terminou em 20º, com 47. A Ponte Preta, 18ª colocada – primeira fora do Z4 -, somou 51 pontos.
Nelsinho Baptista: conquistou apenas duas vitórias em 11 jogos pelo Corinthians no Brasileiro de 2007, além de cinco empates e quatro derrotas. Com os maus resultados, o time permaneceu em 17º e caiu para a Série B com 44 pontos.
Lisca: assumiu o Internacional nas três últimas rodadas do Brasileiro de 2016. Somou quatro pontos em nove possíveis, e o Colorado desceu de divisão em 17º, com 43, dois a menos que o Vitória, 16º colocado.
Adilson Batista: perdeu os três jogos finais pelo Cruzeiro no Brasileiro de 2019 – Vasco (1 a 0), Grêmio (2 a 0) e Palmeiras (2 a 0). O time acabou rebaixado em 17º lugar, com 36 pontos, três a menos que o 16º, Ceará.
Vanderlei Luxemburgo: contabilizou 13 pontos em 36 possíveis pelo Vasco na reta final do Brasileiro de 2020, com três vitórias, quatro empates e cinco derrotas. O clube carioca somou os mesmos 41 pontos do Fortaleza, mas caiu em razão da desvantagem no saldo de gols: -19 a -10.
Vagner Mancini: teve 14 partidas para evitar a queda do Grêmio, que estava em penúltimo lugar na Série A de 2021, com 23 pontos. Obteve seis vitórias, dois empates e seis derrotas (47,6% de aproveitamento). O Tricolor continuou em 17º, com 43, e foi despromovido à Segunda Divisão.